Identidades em performance: Para a memória de uma cinematografia queer da produtora portuguesa Cineground (1975-78)
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2015 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10071/10432 |
Resumo: | Fundada logo após a Revolução de 25 de Abril de 1974, por Óscar Alves e João Paulo Ferreira, a Cineground (1975-78) não respeitava os modelos clássicos de cinematografia e ainda menos os modelos normativos de sexualidade. As vivências dos intervenientes da produtora e os seus filmes retratam sexualidades classificadas na década de 1960/70 como desviantes, e a sua linguagem subliminar e paródica remete-nos para as décadas antecedentes de repressão ditatorial e seus resquícios no imaginário dos portugueses. Os filmes são o produto de um círculo restrito, expressões da cultura existente e possível de uma comunidade invisível, que não encontraria lugar nas concepções políticas prevalecentes na época, inclusive nos programas partidários de esquerda, o que se verificou com a difícil aceitação das primeiras tentativas conhecidas de associativismo pelos direitos LGBT em Portugal. Este é um trabalho de reflexão sobre o uso da imagem na antropologia e sobre o estudo do corpo como componente da cultura visual, cujo foco é a identidade em performance e os processos de identificação em torno da cultura gay e do corpo travesti plasmados no espólio cinematográfico da Cineground, tendo como rastilho teórico a teoria queer e de performatividade de género de Butler. A teoria queer aparece como um local de contestação das formas de pensamento e poder hegemónicos e dos seus modelos rígidos de existência, reconhecendo o envolvimento dos sujeitos nos processos de poder que os afetam, permitindo assim “voltar o poder contra ele próprio de modo a produzir formas alternativas de poder” (Butler, 1993:241). |
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Identidades em performance: Para a memória de uma cinematografia queer da produtora portuguesa Cineground (1975-78)GéneroSexualidade -- SexualityDireitos LGBTTeoria queer -- Queer theoryCinema -- Movie theaterAntropologia visual -- Visual anthropologyLGBT rightsFundada logo após a Revolução de 25 de Abril de 1974, por Óscar Alves e João Paulo Ferreira, a Cineground (1975-78) não respeitava os modelos clássicos de cinematografia e ainda menos os modelos normativos de sexualidade. As vivências dos intervenientes da produtora e os seus filmes retratam sexualidades classificadas na década de 1960/70 como desviantes, e a sua linguagem subliminar e paródica remete-nos para as décadas antecedentes de repressão ditatorial e seus resquícios no imaginário dos portugueses. Os filmes são o produto de um círculo restrito, expressões da cultura existente e possível de uma comunidade invisível, que não encontraria lugar nas concepções políticas prevalecentes na época, inclusive nos programas partidários de esquerda, o que se verificou com a difícil aceitação das primeiras tentativas conhecidas de associativismo pelos direitos LGBT em Portugal. Este é um trabalho de reflexão sobre o uso da imagem na antropologia e sobre o estudo do corpo como componente da cultura visual, cujo foco é a identidade em performance e os processos de identificação em torno da cultura gay e do corpo travesti plasmados no espólio cinematográfico da Cineground, tendo como rastilho teórico a teoria queer e de performatividade de género de Butler. A teoria queer aparece como um local de contestação das formas de pensamento e poder hegemónicos e dos seus modelos rígidos de existência, reconhecendo o envolvimento dos sujeitos nos processos de poder que os afetam, permitindo assim “voltar o poder contra ele próprio de modo a produzir formas alternativas de poder” (Butler, 1993:241).Cineground (1975-78) was a film production company founded right after the April 25th Revolution, by Óscar Alves and João Paulo Ferreira, which did not responded to the classical models of cinematography and even less to normative models of sexuality. The life experiences of the actors and the producers portray a sexuality classified in the 1960s/70s as deviant, and their subliminal and parodic language brings us to the preceding decades of dictatorial repression and its remnants in the minds of the Portuguese. The films are the product of a restricted circle, expressions of an estranged culture and invisible community, that would not find representation in the prevailing political views at the time, including in the left-wing party programs, what was proven with the difficult acceptance met by the first known attempts of mobilisation for LGBT rights in Portugal. This thesis reflects on the use of image in anthropology and the study of the body as an element of visual culture, on the identity in performance and the identification processes around gay culture and the transvestite body, embodied in Cineground’s film collection, having as theoretical scope Judith Butler’s gender performativity theory. Queer theory appears as a site for the contestation of hegemonic power and thinking and its rigid models of existence, recognizing the involvement of individuals in the same power processes that affect them and thus "turning the power against itself to produce alternative forms of power "(Butler 1993: 241).2015-12-17T12:33:15Z2015-01-01T00:00:00Z20152015-10info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfapplication/octet-streamhttp://hdl.handle.net/10071/10432TID:201087480porGonçalves, Mariana Santos Martinsinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-09T17:48:14Zoai:repositorio.iscte-iul.pt:10071/10432Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T22:23:30.600052Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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