Efeito do exossomas de Trypanosoma brucei na imunoactivação de Macrófagos Murinos

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: MARQUES, Joana Palma Machado
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10362/53497
Resumo: A tripanossomose africana é uma doença parasitária negligenciada de grande importância para a saúde pública e constitui um grave problema para a agricultura nas áreas endémicas. Esta doença parasitária afeta por ano cerca de 5000 humanos e milhões de animais na África subsaariana. Os tratamentos atuais são limitados, difíceis de administrar e muitas vezes tóxicos, causando lesões ou morte em muitos doentes. A transmissão do parasita aos hospedeiros mamíferos é efetuada através da picada da mosca Tsé-tsé. Após a picada, o parasita é introduzido no hospedeiro mamífero e gera uma série acontecimentos que conduzem à intervenção do sistema imunitário do hospedeiro. Os macrófagos desempenham um papel fundamental na defesa inata contra o tripanossoma. No entanto, este mecanismo de defesa, bem como as estratégias que o parasita usa para escapar ao sistema imunitário do hospedeiro, estão longe de ser totalmente compreendidas. As formas sanguíneas (BSFs) de T. brucei têm a capacidade de produzir nanotubos na membrana flagelar que se dissociam para formar nanovesículas extracelulares, os exossomas. Os exossomas contém várias proteínas flagelares que funcionam como fatores de virulência, bem como, um tipo de proteína associada à resistência ao soro (SRA) que protege o parasita dos efeitos nocivos da resposta imunitária do hospedeiro. O presente estudo tem como objetivo a análise do efeito dos exossomas de Trypanosoma brucei brucei na atividade dos macrófagos, avaliando os níveis de ureia e óxido nítrico e a expressão de moléculas de classe I (MCHI) e classe II (MHCII) do complexo maior de histocompatibilidade na superfície membranar dos macrófagos. A caracterização da ativação macrofágica através dos ensaios colorimétricos demonstrou que ambos os fenótipos M1 e M2 foram expressos e que os exossomas de T. b. brucei desempenham um papel na indução desses dois tipos de macrófagos. Os resultados da citometria de fluxo indicaram que o parasita inibe a diferenciação das subpopulações de macrófagos MHCI+ e macrófagos MHCII+, mas os exossomas promovem a expansão dessas subpopulações Contudo, apenas os exossomas iniciais (48h) promoveram a expansão de macrófagos MHCII+ e induziram o aumento das moléculas de superfície MHCII, possibilitando a apresentação antigénica aos linfócitos Th e induzindo a imunidade adaptativa. Este estudo analisou pela primeira vez o efeito dos exossomas de T. b. brucei na atividade macrofágica. Os exossomas podem comportar-se de modo semelhante ao parasita, amplificando a modulação do sistema imunitário do hospedeiro ou podem comportar-se de modo oposto ao do parasita, favorecendo a progressão da infeção, mas também interferindo na regulação da resposta adaptativa do hospedeiro. Esses resultados possibilitaram esclarecer alguns dos aspetos da resposta imunitária inata e da indução da resposta adaptativa na fase inicial da infeção por T. b. brucei. Compreender esses mecanismos pode contribuir para o desenvolvimento de novas estratégias de controlo que conduzam à eliminação da tripanossomose africana.
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No entanto, este mecanismo de defesa, bem como as estratégias que o parasita usa para escapar ao sistema imunitário do hospedeiro, estão longe de ser totalmente compreendidas. As formas sanguíneas (BSFs) de T. brucei têm a capacidade de produzir nanotubos na membrana flagelar que se dissociam para formar nanovesículas extracelulares, os exossomas. Os exossomas contém várias proteínas flagelares que funcionam como fatores de virulência, bem como, um tipo de proteína associada à resistência ao soro (SRA) que protege o parasita dos efeitos nocivos da resposta imunitária do hospedeiro. O presente estudo tem como objetivo a análise do efeito dos exossomas de Trypanosoma brucei brucei na atividade dos macrófagos, avaliando os níveis de ureia e óxido nítrico e a expressão de moléculas de classe I (MCHI) e classe II (MHCII) do complexo maior de histocompatibilidade na superfície membranar dos macrófagos. A caracterização da ativação macrofágica através dos ensaios colorimétricos demonstrou que ambos os fenótipos M1 e M2 foram expressos e que os exossomas de T. b. brucei desempenham um papel na indução desses dois tipos de macrófagos. Os resultados da citometria de fluxo indicaram que o parasita inibe a diferenciação das subpopulações de macrófagos MHCI+ e macrófagos MHCII+, mas os exossomas promovem a expansão dessas subpopulações Contudo, apenas os exossomas iniciais (48h) promoveram a expansão de macrófagos MHCII+ e induziram o aumento das moléculas de superfície MHCII, possibilitando a apresentação antigénica aos linfócitos Th e induzindo a imunidade adaptativa. Este estudo analisou pela primeira vez o efeito dos exossomas de T. b. brucei na atividade macrofágica. Os exossomas podem comportar-se de modo semelhante ao parasita, amplificando a modulação do sistema imunitário do hospedeiro ou podem comportar-se de modo oposto ao do parasita, favorecendo a progressão da infeção, mas também interferindo na regulação da resposta adaptativa do hospedeiro. Esses resultados possibilitaram esclarecer alguns dos aspetos da resposta imunitária inata e da indução da resposta adaptativa na fase inicial da infeção por T. b. brucei. Compreender esses mecanismos pode contribuir para o desenvolvimento de novas estratégias de controlo que conduzam à eliminação da tripanossomose africana.African trypanosomiasis is a neglected parasitic disease that still is of great public health relevance and a severe impediment to successful agriculture activities in endemic areas. This parasitic disease affects 5000 humans and millions of livestock in sub-Saharan Africa every year. Current treatments are limited, difficult to administer and often toxic, causing long-term injury or death in many patients. The parasite is transmitted to mammalian hosts by the bite of tse-tse fly. After the bite, the parasite will generate a series of events, leading to the intervention of the host immune system Macrophages are known to play a key role in the innate defense against trypanosomiasis. However, this defense mechanism and the parasite strategies to escape the host immune response are far from being fully understood. Trypanosoma brucei bloodstream forms (BSFs) have the ability to produce nanotubes from the flagellar membrane. These nanotubes dissociate to form extracellular nanovesicles, the exosomes. Exosomes incorporate flagellar proteins that are identified as virulent factors and a type of serum resistant associated protein (SRA) that protects the parasite from the harmful effects of host immune response. Thus, the present study aims to analyze the effect of T. brucei brucei exosomes on macrophage activity, evaluating the levels of urea and nitric oxide and assessing the membrane expression of class I (MHCI) and class II (MHCII) molecules of major histocompatibility complex. Characterization of macrophage activation through colorimetric assays demonstrated that both M1 and M2 phenotypes were expressed and that T. b. brucei exosomes had a role in inducing both macrophage types. In addition, flow cytometry results indicated that the parasite inhibits the differentiation MHCI+ and MHCII+ macrophages. Exosomes induce the expansion of both these subpopulations. Only the initial (48h) exosomes promoted the expansion of MHCII+ macrophages and increase the density of MHCII surface molecules, enabling antigen presentation to Th lymphocytes and inducing adaptive immunity. To the best of our knowledge, this study evaluates for the first time first the effect of T. b. brucei exosomes in macrophage activity. Parasite and exosomes may have similar effects on macrophages, amplifying the modulation of the host's immune system or may have opposite effects, favoring infection outcome, but also regulating host adaptive immune response. These results made it possible to clarify some aspects of the innate immune response and the induction of the adaptive response in the initial phase of T. b. brucei. Understanding these mechanisms can contribute to the development of new control strategies leading to the elimination of African trypanosomiasis. These results have made possible to clarify some aspects of innate immune response in the initial phase of infection and investigate the induction of adaptive immune response. Understanding these mechanisms may contribute to the development of new strategies for control and elimination of African Trypanosomiasis.Instituto de Higiene e Medicina TropicalSANTOS-GOMES, GabrielaSILVA, Marcelo SousaRUNMARQUES, Joana Palma Machado2021-06-16T00:30:21Z201820182018-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10362/53497TID:202025705porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-03-11T04:26:25Zoai:run.unl.pt:10362/53497Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T03:32:39.205590Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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