Para onde caminha a nossa fruticultura?

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Duarte, Amilcar
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.1/12295
Resumo: A fruticultura tem vindo a crescer nos últimos anos no nosso país, mas também no resto do mundo, em área, mas sobretudo em produção. O aumento da produtividade está relacionado com a sua modernização tecnológica, que é cada vez mais rápida e abrangente, chegando a praticamente todas as culturas frutícolas. Esta modernização vai em dois sentidos que não são necessariamente opostos, embora por vezes sejam entendidos como tal. Por um lado, há uma intensificação de muitas culturas, com compassos de plantação tendencialmente mais apertados, aumento do grau de mecanização e diminuição do período de vida dos pomares, com frequente renovação de cultivares. Este modelo é acompanhado de uma frequente aplicação de produtos fitossanitários e sistemas de fertirrega com aplicação diária de adubos. Porém, a intensificação pode fazer-se à custa de alguma(s) da(s) mudança(s) aqui referida(s), sem que as outras aconteçam. Por outro lado, a preocupação da sociedade com a qualidade e segurança dos alimentos e com a conservação do ambiente tem-se refletido na fruticultura europeia pela retirada dos produtos fitossanitários mais tóxicos e pelo estímulo a modos de produção mais sustentáveis, nomeadamente, a produção integrada e a agricultura biológica. Associada a esta tendência de aumento da sustentabilidade está a conservação e a valorização das variedades regionais de fruteiras e dos produtos a elas associados. Tanto a intensificação da produção frutícola, como o desenvolvimento de modos mais sustentáveis de produção exigem cada vez mais um conhecimento científico profundo e um desenvolvimento tecnológico avançado. Em ambos os casos são necessários agrónomos altamente qualificados, que sejam capazes de aplicar o conhecimento científico, respeitando os princípios éticos e respondendo às preocupações da sociedade. Também ao nível dos operários agrícolas, as exigências são cada vez maiores, devido à complexidade das máquinas e equipamentos usados na produção e acondicionamento dos frutos e às exigências de certificação de produtos e processos. Portanto, também aqui são necessários trabalhadores mais qualificados. Em suma, a fruticultura é cada vez mais uma atividade para ser exercida por gente qualificada, desde o empresário até ao operário. A fruticultura baseada em mão de obra não qualificada e barata pode ser temporariamente lucrativa, mas não tem futuro. A compatibilização de alguma intensificação com o aumento da sustentabilidade é um desafio que os empresários, técnicos e investigadores têm pela frente. Não é um desafio fácil, mas, juntos, temos que vencê-lo. A investigação e a formação em ciências agrárias levadas a cabo pelas nossas instituições de ensino superior e de investigação agrária estão orientadas para, nas regiões em que estão inseridas, contribuir para essa fruticultura moderna e sustentável. O 4º Simpósio Nacional de Fruticultura que decorrerá nos próximos dias 29 e 30 de novembro em Faro, na Universidade do Algarve, dará também certamente um importante contributo para a discussão dos problemas com que o sector se depara e apontará caminhos para a sua resolução, na senda de uma fruticultura cada vez mais avançada tecnologicamente e mais sustentável.
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