Cine-grafias: o filme de arte poética como forma de documento subjectivo

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Chinita, Fátima
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.21/16608
Resumo: Naquilo que Laura Rascaroli (2009) designa como cinema subjectivo e Alain Ber- gala (1988), Jean-Pierre Esquenazi e Alain Gardies (2006) apelidam de cinema do Eu encon- tramos documentários metacinematográficos, simultaneamente (auto)reflexivos e sobre o cinema em geral. Nesta categoria, o hibridismo formal e de conteúdo faz-se sentir sobretudo no Filme-ensaio e no Auto-retrato que mostram o cineasta como um profissional de cinema em plena actividade. Em ambos os casos existe auto-representação, sendo que o cineasta se interpreta a si mesmo com contornos autobiográficos. Em algumas situações podemos desaguar no Filme de Arte Poética (do latim ars poetica) segundo Yannick Mouren (2009), que manifesta de modo autoconsciente e discursivo a práxis cinematográfica do artista; ou então no Filme Testamento, uma resenha artística do próprio criador em fim de carreira. O modo como estes conceitos e práticas se intersectam de forma cada vez mais híbrida, leva- -me a defender o conceito de Cine-Grafias, aplicado a formas cinematográficas de escrita, a um tempo expressivas e voltadas para o Eu do artista. A última longa-metragem de Jean Cocteau, Le testament d’Orphée, ou ne me demandez pas pourquoi! (1960), será o estudo de caso em apreço, permitindo-me concluir que as cine-grafias são autênticos documentos – que atestam de uma existência concreta – não obstante a sua relação com o real ser batente duvidosa – mas que funcionam prioritariamente como textos.
id RCAP_804cbbac636d80dca70fbc49585c55b9
oai_identifier_str oai:repositorio.ipl.pt:10400.21/16608
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling Cine-grafias: o filme de arte poética como forma de documento subjectivoMetacinemaFilme-ensaioAuto-retratoAutoficçãoFilme de arte poéticaFilme testamentoEssay filmSelf-portraitAutofictionFilm testamentNaquilo que Laura Rascaroli (2009) designa como cinema subjectivo e Alain Ber- gala (1988), Jean-Pierre Esquenazi e Alain Gardies (2006) apelidam de cinema do Eu encon- tramos documentários metacinematográficos, simultaneamente (auto)reflexivos e sobre o cinema em geral. Nesta categoria, o hibridismo formal e de conteúdo faz-se sentir sobretudo no Filme-ensaio e no Auto-retrato que mostram o cineasta como um profissional de cinema em plena actividade. Em ambos os casos existe auto-representação, sendo que o cineasta se interpreta a si mesmo com contornos autobiográficos. Em algumas situações podemos desaguar no Filme de Arte Poética (do latim ars poetica) segundo Yannick Mouren (2009), que manifesta de modo autoconsciente e discursivo a práxis cinematográfica do artista; ou então no Filme Testamento, uma resenha artística do próprio criador em fim de carreira. O modo como estes conceitos e práticas se intersectam de forma cada vez mais híbrida, leva- -me a defender o conceito de Cine-Grafias, aplicado a formas cinematográficas de escrita, a um tempo expressivas e voltadas para o Eu do artista. A última longa-metragem de Jean Cocteau, Le testament d’Orphée, ou ne me demandez pas pourquoi! (1960), será o estudo de caso em apreço, permitindo-me concluir que as cine-grafias são autênticos documentos – que atestam de uma existência concreta – não obstante a sua relação com o real ser batente duvidosa – mas que funcionam prioritariamente como textos.ABSTRACT - In what Laura Rascaroli (2009) calls subjective cinema and Alain Bergala (1988) and Jean-Pierre Esquenazi & Alain Gardies (2006) label cinema of the self (le cinéma du Je) one finds metacinematic documentaries, both (self-)reflexive and about cinema in general. In this broad category, the hybridity of form and contents is mostly felt in the Essay films and in Self-portraits that convey the director at work as a film professional. In both cases there is self-representation since the filmmaker portrays him- or herself with an autobiogra- phic leaning. Some situations, derived from these, may result in the Poetic Art Film (from the Latin ars poetica), which manifest the artist’s cinematic praxis together with a self-cons- cious discourse on it, as claimed by Yannick Mouren (2009). Or else they result in the Film Testament, an artistic overview undertaken by the creators themselves at the end of their cinematic careers. The way these practices intersect in an increasingly hybrid fashion, leads me to advocate for the concept of Cine-Writings, standing for cinematic writing practices, at once expressive and turned towards the artist’s Self. Jean Cocteau’s last feature film Le testament d’Orphée, ou ne me demandez pas pourquoi! [Orpheus’ Testament, or Do Not Ask Me Why!] 1960), will be the case study analyzed here, enabling me to conclude that cine- -writings are true documents, regardless of their dubious relationship with the real.Universidade da Beira Interior; Universidade Estadual de CampinasRCIPLChinita, Fátima2023-11-09T17:05:00Z20232023-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.21/16608por1646-477X10.25768/1646-477x.n34.07info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-15T02:15:13Zoai:repositorio.ipl.pt:10400.21/16608Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T22:42:35.970201Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv Cine-grafias: o filme de arte poética como forma de documento subjectivo
title Cine-grafias: o filme de arte poética como forma de documento subjectivo
spellingShingle Cine-grafias: o filme de arte poética como forma de documento subjectivo
Chinita, Fátima
Metacinema
Filme-ensaio
Auto-retrato
Autoficção
Filme de arte poética
Filme testamento
Essay film
Self-portrait
Autofiction
Film testament
title_short Cine-grafias: o filme de arte poética como forma de documento subjectivo
title_full Cine-grafias: o filme de arte poética como forma de documento subjectivo
title_fullStr Cine-grafias: o filme de arte poética como forma de documento subjectivo
title_full_unstemmed Cine-grafias: o filme de arte poética como forma de documento subjectivo
title_sort Cine-grafias: o filme de arte poética como forma de documento subjectivo
author Chinita, Fátima
author_facet Chinita, Fátima
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv RCIPL
dc.contributor.author.fl_str_mv Chinita, Fátima
dc.subject.por.fl_str_mv Metacinema
Filme-ensaio
Auto-retrato
Autoficção
Filme de arte poética
Filme testamento
Essay film
Self-portrait
Autofiction
Film testament
topic Metacinema
Filme-ensaio
Auto-retrato
Autoficção
Filme de arte poética
Filme testamento
Essay film
Self-portrait
Autofiction
Film testament
description Naquilo que Laura Rascaroli (2009) designa como cinema subjectivo e Alain Ber- gala (1988), Jean-Pierre Esquenazi e Alain Gardies (2006) apelidam de cinema do Eu encon- tramos documentários metacinematográficos, simultaneamente (auto)reflexivos e sobre o cinema em geral. Nesta categoria, o hibridismo formal e de conteúdo faz-se sentir sobretudo no Filme-ensaio e no Auto-retrato que mostram o cineasta como um profissional de cinema em plena actividade. Em ambos os casos existe auto-representação, sendo que o cineasta se interpreta a si mesmo com contornos autobiográficos. Em algumas situações podemos desaguar no Filme de Arte Poética (do latim ars poetica) segundo Yannick Mouren (2009), que manifesta de modo autoconsciente e discursivo a práxis cinematográfica do artista; ou então no Filme Testamento, uma resenha artística do próprio criador em fim de carreira. O modo como estes conceitos e práticas se intersectam de forma cada vez mais híbrida, leva- -me a defender o conceito de Cine-Grafias, aplicado a formas cinematográficas de escrita, a um tempo expressivas e voltadas para o Eu do artista. A última longa-metragem de Jean Cocteau, Le testament d’Orphée, ou ne me demandez pas pourquoi! (1960), será o estudo de caso em apreço, permitindo-me concluir que as cine-grafias são autênticos documentos – que atestam de uma existência concreta – não obstante a sua relação com o real ser batente duvidosa – mas que funcionam prioritariamente como textos.
publishDate 2023
dc.date.none.fl_str_mv 2023-11-09T17:05:00Z
2023
2023-01-01T00:00:00Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10400.21/16608
url http://hdl.handle.net/10400.21/16608
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv 1646-477X
10.25768/1646-477x.n34.07
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade da Beira Interior; Universidade Estadual de Campinas
publisher.none.fl_str_mv Universidade da Beira Interior; Universidade Estadual de Campinas
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799134991629680640