Ananás em estufa nos Açores

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Tavares, Joaquim F. P.
Data de Publicação: 1985
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.3/5476
Resumo: A necessidade de se encontrar um substituto para a laranja, afectada pela gomose (Phythophtora sp.), foi a causa próxima do interesse pela cultura do ananás [Ananas comosus (L.) Mert, variedade Smoot Cayenne], nos Açores, a partir de 1864. Porém, tratando-se de uma cultura que apreciava cama quente e um solo rico em matéria orgânica, a camada superficial dos incultos, designada localmente por «leiva», passou a ser considerada, conjuntamente com a ramada de incenso (Pittosporum undulatum Vent), o seu substrato preferido. Mas em virtude dos grandes incentivos dados à lavoura, os incultos têm sido transformados em pastagem artificial e, consequentemente, vai sendo reduzida a área susceptível de fornecer «leiva». Com o pensamento de que a actividade soçobraria se não fosse encontrada uma alternativa viável à técnica cultural tradicional, que dispensasse o material orgânico referido, desenvolvemos estudos utilizando outros materiais locais disponíveis, como aparas e serradura de madeira, pedra pomes, bagacina preta e areia, além de estilhas de ramadas de incenso (Pittosporum undulatum Vent), criptoméria [Criptomeria japonica (L. F.) D. Don] e banksia (Banksia integrifolia Lef). O conhecimento que tínhamos da técnica tradicional de cultura, pela qual se considerava, na cama da cultura, e a partir do fundo do tabuleiro da estufa, três camadas de material orgânico (ramada de incenso, «leiva» e serradura de madeira), intercaladas com três camadas de terra, constituiu o único fundamento dos estudos então desencadeados. Apoiados, analiticamente, pelo Laboratório Químico Rebelo da Silva e Centro de Pedologia Tropical do Instituto Superior de Agronomia, chegámos à conclusão de que a lenha de ramada de incenso (Pittosporum undulatum Vent) se afigurava ser, em virtude das suas características físico-químicas, o melhor dos materiais orgânicos ensaiados. Os materiais minerais submetidos a estudo, tendo como camadas subjacentes ramada de incenso (Pittosporum undulatum Vent), transformada em estilhas, e/ ou aparas e serradura de madeira, fertilizadas ou não, conforme os casos, poderão, também, constituir alternativas a encarar. A bagacina preta, por ser mais rica em P, Ca, Mg, Fe e Ti e absorver mais calor do que os outros dois materiais (pedra pomes e areia), é preferida.
id RCAP_81b7674f42519c93eb04487f14cf0eda
oai_identifier_str oai:repositorio.uac.pt:10400.3/5476
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling Ananás em estufa nos AçoresAnanas comosus (L.) MertAnanassa Sativus, LindlAnanásCultura do AnanásAçoresAzoresPineappleA necessidade de se encontrar um substituto para a laranja, afectada pela gomose (Phythophtora sp.), foi a causa próxima do interesse pela cultura do ananás [Ananas comosus (L.) Mert, variedade Smoot Cayenne], nos Açores, a partir de 1864. Porém, tratando-se de uma cultura que apreciava cama quente e um solo rico em matéria orgânica, a camada superficial dos incultos, designada localmente por «leiva», passou a ser considerada, conjuntamente com a ramada de incenso (Pittosporum undulatum Vent), o seu substrato preferido. Mas em virtude dos grandes incentivos dados à lavoura, os incultos têm sido transformados em pastagem artificial e, consequentemente, vai sendo reduzida a área susceptível de fornecer «leiva». Com o pensamento de que a actividade soçobraria se não fosse encontrada uma alternativa viável à técnica cultural tradicional, que dispensasse o material orgânico referido, desenvolvemos estudos utilizando outros materiais locais disponíveis, como aparas e serradura de madeira, pedra pomes, bagacina preta e areia, além de estilhas de ramadas de incenso (Pittosporum undulatum Vent), criptoméria [Criptomeria japonica (L. F.) D. Don] e banksia (Banksia integrifolia Lef). O conhecimento que tínhamos da técnica tradicional de cultura, pela qual se considerava, na cama da cultura, e a partir do fundo do tabuleiro da estufa, três camadas de material orgânico (ramada de incenso, «leiva» e serradura de madeira), intercaladas com três camadas de terra, constituiu o único fundamento dos estudos então desencadeados. Apoiados, analiticamente, pelo Laboratório Químico Rebelo da Silva e Centro de Pedologia Tropical do Instituto Superior de Agronomia, chegámos à conclusão de que a lenha de ramada de incenso (Pittosporum undulatum Vent) se afigurava ser, em virtude das suas características físico-químicas, o melhor dos materiais orgânicos ensaiados. Os materiais minerais submetidos a estudo, tendo como camadas subjacentes ramada de incenso (Pittosporum undulatum Vent), transformada em estilhas, e/ ou aparas e serradura de madeira, fertilizadas ou não, conforme os casos, poderão, também, constituir alternativas a encarar. A bagacina preta, por ser mais rica em P, Ca, Mg, Fe e Ti e absorver mais calor do que os outros dois materiais (pedra pomes e areia), é preferida.ABSTRACT: The need to find a substitute for the orange affected by the Phythophtora sp. was the near cause for the interest in the pineapple crop in the Azores after 1864. This was, however, a crop, which demanded a warm bed and a soil rich in organic matter. It was, thus, the superficial layer of wild fields, locally designated as «leiva» which, together with the branches of wood (Pittosporum undulatum Vent), was considered its favorite substractum. But, due to the great incentives given to agriculture, the wild fields have been transformed into artificial pasture and the area capable of yielding «leiva» is, consequently being reduced. We could then expect the end of this activity in case we did not find a feasible alternative to the traditional cultural technique, which would dispense the above mentioned organic material. We decided to undertake studies using other available local materials such as wood shavings and saw-dust, pomestones, black gravel and sand, besides shavings of branches of wood plants such as Pittosporum undulatum Vent, Criptomeria japonica (L. F.) D. Don and Banksia integrifolia Lef. The knowledge we possessed of the traditional technique of this crop constituted the only basis for the studies, which were carried out at the time. In the crop bed there were three layers of organic material (branches of wood plants, leiva and sawdust), starting from the bottom of the tray alternating with three layers of soil. With the support of the «Laboratório Químico Rebelo da Silva», and of the «Centro de Pedologia Tropical» of the «Instituto Superior de Agronomia», we arrived at the conclusion that the best of the organic materials used was the branch of wood plant (Pittospom undulatwn Vent) because of its physical and chemical characteristics. Other possible alternatives are the mineral materials submitted to study wich have as subjacent layers the branches of wood plant (Pittosporum mdulatum Vent) transformed into shavings and/or wood shavings and saw-dust, fertilized or not, depending on the case. The preferred alternative is the black gravel for being rich in P, Ca, Mg, Fe and Ti and for absorving more heat than the other two materials (pomestones and sand).Universidade dos AçoresRepositório da Universidade dos AçoresTavares, Joaquim F. P.2020-04-07T16:06:18Z1985-071985-07-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.3/5476porTAVARES, Joaquim Francisco da Ponte (1985). Ananás em estufa nos Açores. "Arquipélago. Série Ciências da Natureza", 6: 181-208.info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2022-12-20T14:33:51Zoai:repositorio.uac.pt:10400.3/5476Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T16:27:41.166705Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv Ananás em estufa nos Açores
title Ananás em estufa nos Açores
spellingShingle Ananás em estufa nos Açores
Tavares, Joaquim F. P.
Ananas comosus (L.) Mert
Ananassa Sativus, Lindl
Ananás
Cultura do Ananás
Açores
Azores
Pineapple
title_short Ananás em estufa nos Açores
title_full Ananás em estufa nos Açores
title_fullStr Ananás em estufa nos Açores
title_full_unstemmed Ananás em estufa nos Açores
title_sort Ananás em estufa nos Açores
author Tavares, Joaquim F. P.
author_facet Tavares, Joaquim F. P.
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Repositório da Universidade dos Açores
dc.contributor.author.fl_str_mv Tavares, Joaquim F. P.
dc.subject.por.fl_str_mv Ananas comosus (L.) Mert
Ananassa Sativus, Lindl
Ananás
Cultura do Ananás
Açores
Azores
Pineapple
topic Ananas comosus (L.) Mert
Ananassa Sativus, Lindl
Ananás
Cultura do Ananás
Açores
Azores
Pineapple
description A necessidade de se encontrar um substituto para a laranja, afectada pela gomose (Phythophtora sp.), foi a causa próxima do interesse pela cultura do ananás [Ananas comosus (L.) Mert, variedade Smoot Cayenne], nos Açores, a partir de 1864. Porém, tratando-se de uma cultura que apreciava cama quente e um solo rico em matéria orgânica, a camada superficial dos incultos, designada localmente por «leiva», passou a ser considerada, conjuntamente com a ramada de incenso (Pittosporum undulatum Vent), o seu substrato preferido. Mas em virtude dos grandes incentivos dados à lavoura, os incultos têm sido transformados em pastagem artificial e, consequentemente, vai sendo reduzida a área susceptível de fornecer «leiva». Com o pensamento de que a actividade soçobraria se não fosse encontrada uma alternativa viável à técnica cultural tradicional, que dispensasse o material orgânico referido, desenvolvemos estudos utilizando outros materiais locais disponíveis, como aparas e serradura de madeira, pedra pomes, bagacina preta e areia, além de estilhas de ramadas de incenso (Pittosporum undulatum Vent), criptoméria [Criptomeria japonica (L. F.) D. Don] e banksia (Banksia integrifolia Lef). O conhecimento que tínhamos da técnica tradicional de cultura, pela qual se considerava, na cama da cultura, e a partir do fundo do tabuleiro da estufa, três camadas de material orgânico (ramada de incenso, «leiva» e serradura de madeira), intercaladas com três camadas de terra, constituiu o único fundamento dos estudos então desencadeados. Apoiados, analiticamente, pelo Laboratório Químico Rebelo da Silva e Centro de Pedologia Tropical do Instituto Superior de Agronomia, chegámos à conclusão de que a lenha de ramada de incenso (Pittosporum undulatum Vent) se afigurava ser, em virtude das suas características físico-químicas, o melhor dos materiais orgânicos ensaiados. Os materiais minerais submetidos a estudo, tendo como camadas subjacentes ramada de incenso (Pittosporum undulatum Vent), transformada em estilhas, e/ ou aparas e serradura de madeira, fertilizadas ou não, conforme os casos, poderão, também, constituir alternativas a encarar. A bagacina preta, por ser mais rica em P, Ca, Mg, Fe e Ti e absorver mais calor do que os outros dois materiais (pedra pomes e areia), é preferida.
publishDate 1985
dc.date.none.fl_str_mv 1985-07
1985-07-01T00:00:00Z
2020-04-07T16:06:18Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10400.3/5476
url http://hdl.handle.net/10400.3/5476
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv TAVARES, Joaquim Francisco da Ponte (1985). Ananás em estufa nos Açores. "Arquipélago. Série Ciências da Natureza", 6: 181-208.
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade dos Açores
publisher.none.fl_str_mv Universidade dos Açores
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799130733177995264