Controlo pós-terapêutico da schistosomose e das parasitoses intestinais e atualização da situação malacológica nos distritos de Quelimane e Gurué, na província da Zambézia - Moçambique.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: ALFREDO, Célio
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10362/20071
Resumo: A schistosomose e as helmintoses intestinais são endémicas em Moçambique, afetando sobretudo crianças e jovens dos meios suburbanos e rurais. O presente estudo foi realizado nos distritos de Quelimane e Gurué, na província de Zambézia-Moçambique, envolvendo 357 crianças escolares entre os cinco e os 15 anos de idade, com o objetivo de avaliar a situação epidemiológica da schistosomose e das parasitoses intestinais após as medidas de intervenção efetuadas em 2009. Foram obtidas amostras de urina de 350 crianças e amostras de fezes de 234 crianças. A pesquisa dos ovos de Schistosoma haematobium foi efetuada pela técnica de filtração de urina, sendo a deteção do DNA do parasita na urina realizada pela técnica de PCR. Para a pesquisa de ovos de geohelmintas, empregou-se o método de Kato-Katz. As prevalências globais de infeção por helmintas foram de 38.4% para S. haematobium, 32.1% para Ascaris lumbricoides, 35.5% para Trichuris trichiura e 5.1% para Ancilostomídeos. Ao aplicar a técnica de filtração e PCR de forma conjunta, obteve-se uma prevalência de S. haematobium igual a 73.4%. Entre os distritos, Gurué foi o que teve maior prevalência de infeção por S. haematobium (47.1%) do que Quelimane (30%). Em relação aos geohelmintas, Quelimane foi onde se observaram as maiores prevalências de infeção, com 54% para A. lumbricoides e 66.1% para T. trichiura, em comparação com Gurué com 7.3% para A. lumbricoides, 0.9% para T. trichiura e 5.1% para Ancilostomídeos. A análise univariada revelou que o contacto com fontes de água doce para fins de higiene pessoal e de lazer foram os fatores determinantes para a ocorrência de infeção por S. haematobium (OR=3.69, IC 95% 1.51- 8.87 e OR=3.33, IC 95% 1.76- 6.28) respetivamente, sendo a idade ≤10 anos e a falta de saneamento nas habitações os principais fatores associados à infeção por geohelmintas. O inquérito malacológico revelou abundância de hospedeiros intermediários de S. haematobium (Bulinus spp) na Zambézia. Foram colhidos 594 moluscos em quatro habitats (três em Gurué e um em Quelimane); apenas se verificou infeção, através da eliminação de cercárias, nos moluscos coletados em Gurué, com taxas de infeção entre 5.7% e 9.5%. Ao compararmos os resultados obtidos neste estudo com os do inquérito realizado em 2009 na província, com base no exame parasitológico, observa-se uma aparente diminuição da prevalência global de S. haematobium de 60.1% para 38.4%; no entanto, ao associar as duas técnicas (filtração da urina e PCR), a prevalência torna se elevada (73.4%), mantendo-se inalterada a prevalência das geohelmintoses (50.3% em 2009 e 50.4% no estudo atual). Este estudo indica que as infeções por S. haematobium e geohelmintas continuam a ter uma prevalência expressiva nesta província, o que reforça a necessidade de medidas de controlo adicionais, principalmente a nível do saneamento básico e edução para a saúde, bem como na maior abrangência populacional do tratamento antiparasitário.
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A pesquisa dos ovos de Schistosoma haematobium foi efetuada pela técnica de filtração de urina, sendo a deteção do DNA do parasita na urina realizada pela técnica de PCR. Para a pesquisa de ovos de geohelmintas, empregou-se o método de Kato-Katz. As prevalências globais de infeção por helmintas foram de 38.4% para S. haematobium, 32.1% para Ascaris lumbricoides, 35.5% para Trichuris trichiura e 5.1% para Ancilostomídeos. Ao aplicar a técnica de filtração e PCR de forma conjunta, obteve-se uma prevalência de S. haematobium igual a 73.4%. Entre os distritos, Gurué foi o que teve maior prevalência de infeção por S. haematobium (47.1%) do que Quelimane (30%). Em relação aos geohelmintas, Quelimane foi onde se observaram as maiores prevalências de infeção, com 54% para A. lumbricoides e 66.1% para T. trichiura, em comparação com Gurué com 7.3% para A. lumbricoides, 0.9% para T. trichiura e 5.1% para Ancilostomídeos. A análise univariada revelou que o contacto com fontes de água doce para fins de higiene pessoal e de lazer foram os fatores determinantes para a ocorrência de infeção por S. haematobium (OR=3.69, IC 95% 1.51- 8.87 e OR=3.33, IC 95% 1.76- 6.28) respetivamente, sendo a idade ≤10 anos e a falta de saneamento nas habitações os principais fatores associados à infeção por geohelmintas. O inquérito malacológico revelou abundância de hospedeiros intermediários de S. haematobium (Bulinus spp) na Zambézia. Foram colhidos 594 moluscos em quatro habitats (três em Gurué e um em Quelimane); apenas se verificou infeção, através da eliminação de cercárias, nos moluscos coletados em Gurué, com taxas de infeção entre 5.7% e 9.5%. Ao compararmos os resultados obtidos neste estudo com os do inquérito realizado em 2009 na província, com base no exame parasitológico, observa-se uma aparente diminuição da prevalência global de S. haematobium de 60.1% para 38.4%; no entanto, ao associar as duas técnicas (filtração da urina e PCR), a prevalência torna se elevada (73.4%), mantendo-se inalterada a prevalência das geohelmintoses (50.3% em 2009 e 50.4% no estudo atual). Este estudo indica que as infeções por S. haematobium e geohelmintas continuam a ter uma prevalência expressiva nesta província, o que reforça a necessidade de medidas de controlo adicionais, principalmente a nível do saneamento básico e edução para a saúde, bem como na maior abrangência populacional do tratamento antiparasitário.Schistosomiasis and intestinal helminths are known to be endemic in Mozambique, affecting mainly children and young people living in the suburban and rural areas. This study aimed to evaluate the epidemiological status of those parasitic infections after the control measures implemented in 2009. The study was conducted in the districts of Quelimane and Gurué, located in the Zambézia province, involving 357 schoolchildren aged from five to 15 years old. Urine and faecal samples were collected from 350 and 234 children, respectively. For parasitological detection of Schistosoma haematobium, urine samples were processed by urine filtration while the PCR test was used to detect parasite DNA in urine. The Kato-Katz method was employed for the diagnosis of soil-transmitted helminths (STH). Based on the parasitological method, the prevalence found for S. haematobium was 38.4%, however an estimated prevalence of 73.4% was found when both urine filtration and DNA methods were used. For STH prevalence’s, we found 32.1% for Ascaris lumbricoides, 35.5% for Trichuris trichiura and 5.1% for hookworms. Amongst the two districts, S. haematobium was prevalent in Gurué (47.1%) as compared to Quelimane (30%) whereas the reverse pattern was observed for STH, with higher prevalence’s of A. lumbricoides (54%), T. trichiura (66.1%) seen in Quelimane comparing with Gurué: 7.3% for A. lumbricoides, 0.9% for T. trichiura and 5.1% for hookworms. The logistic regression analysis suggested that contact with water bodies for hygiene and leisure’s purposes were the main risk factors associated to S. haematobium infections (OR=3.69, 95% CI: 1.51- 8.87 and OR=3.33, 95% CI: 1.76- 6.28) respectively; the main risk factors associated to STH infections were age (≤10 years old) and inappropriate sanitation. Malacological studies in the neighbouring water bodies commonly used by local communities, confirmed the presence of abundant Bulinus spp, intermediate host snails of S. haematobium in Zambézia province. A total of 594 snails were collected in four habitats (three in Gurué and one in Quelimane); infected snails, assessed by shedding of cercariae, were detected only in Gurué habitats, with infection rates ranging from 5.7% to 9.5%. Results of this study, based on urine filtration method, suggest an apparent reduction of S. haematobium (38.4%) as compared with those from the epidemiological study performed in 2009 (60.1%); however, the prevalence remains high (73.4%) when both parasitological and PCR techniques were employed. For STH, prevalence remains the same (50.3% in 2009 and 50.4% in the present survey). This study indicates that S. haematobium and STH infections remain high in these areas, highlighting the need of additional control measures for their reduction, namely by improving water supply and appropriate sanitation, heath education programs, as well as larger inclusiveness of vulnerable people for anti-schistosome and anti-STH treatments.Instituto de Higiene e Medicina TropicalBELO, SilvanaCALADO, Maria ManuelaRUNALFREDO, Célio2018-12-21T01:30:18Z201620162016-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10362/20071TID:201609819porinfo:eu-repo/semantics/embargoedAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-03-11T04:03:05Zoai:run.unl.pt:10362/20071Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T03:25:56.391687Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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