Bem-estar e conciliação trabalho-família em condição de double e triple caregiving : um estudo com adultos na meia-idade

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Carvalho, Tânia Cristina da Costa
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/20.500.11960/3459
Resumo: Contexto. O aumento significativo da longevidade e do envelhecimento demográfico traz desafios complexos para adultos na meia-idade: face ao aumento significativo de tempo de vida comum entre filhos e pais, a solicitação de cuidados e a responsabilidade por assegurar esses cuidados recai cada vez mais sobre os filhos na meia-idade (Faria, 2016). Paradoxalmente, a meia-idade é o período de vida menos investigado, reconhecendo-se na literatura a necessidade urgente de estudos neste domínio (Lachman, 2015). A literatura tem chamado particular atenção para um grupo de adultos de meia-idade que assume simultaneamente a condição de cuidador formal e informal: os double-caregivers e triple-caregivers. O double caregiving conjuga o cuidado formal com o cuidado informal a descendentes ou ascendentes, já o triple caregiving conjuga o cuidado formal com o cuidado informal a descendentes e ascendentes (DePasquale et al., 2016). A simultaneidade destes papeis traz exigências à capacidade adaptativa e ao bem-estar que importa investigar. Especificamente, um aspeto relevante desta simultaneidade de cuidados (formais e informais) é o conflito trabalho-família, entendido como um conflito interpapel em que as pressões exercidas pelos papeis do domínio profissional e familiar são mutuamente incompatíveis, sendo que o exercício de um papel (familiar) torna mais difícil o exercício de outro (profissional) (Greenhaus & Beutell, 1985). O conflito trabalho-família parece interferir com a qualidade da relação parental, diminuir a satisfação com a família, aumentar o stress psicológico e diminuir o bem-estar (Cinanon et al., 2007; Cooklin et al., 2014; Frone et al., 1994). Mas a investigação sugere também que a pessoa pode experienciar, simultaneamente, conflito e enriquecimento (Byron, 2005; Eby et al., 2005; Santos & Gonçalves, 2014). Neste contexto, pelas especificidades subjacentes à condição de double e triple caregiving, os adultos de meia-idade nesta condição poderão reunir maior probabilidade de experienciar conflito trabalho-família com fortes implicações para o seu bem-estar (Boumans & Dorant, 2014). Face ao exposto, o presente estudo tem como objetivo analisar a relação entre bem-estar, conciliação trabalho-família e condição de double e triple caregiving na meia-idade. Método. No estudo, de natureza quantitativa, transversal e correlacional, participam 123 adultos de meia-idade, com idades compreendidas entre os 40 e os 60 anos, profissionalmente ativos, com pelo menos um descendente e/ou pelo menos um progenitor com 65 ou mais anos vivo, com o qual contactam com regularidade, selecionados através de um procedimento de amostragem por conveniência. A recolha de dados foi realizada com um protocolo de avaliação composto por: Questionário sociodemográfico, Escalas de Conflito Trabalho-Família (Carlson, Kacmar, Wayne, & Grzywacz, 2006; versão portuguesa de Vieira, Lopez & Matos, 2013) e Escala de Bem-estar Psicológico (Ryff, 1989, versão portuguesa de Novo, Silva, & Peralta, 2004). Os dados foram recolhidos online entre maio e outubro de 2022. Resultados. Os participantes apresentam uma idade média de 46,4 anos (dp=5,95), são maioritariamente do género feminino (83,7%), casados (78%), com formação superior (72,4%) e exercem atividade profissional em instituições públicas (46,7%) em média há 17,9 anos (dp=8,10). Os adultos em triplecaregiving apresentam valores médios superiores em todas as subescalas e score total do Bem-estar psicológico comparativamente aos adultos em double-caregiving, apesar das diferenças não se mostrarem estatisticamente significativas. Já em termos de conflito trabalho-família/família-trabalho, observa-se que na condição de double caregiving é superior a interferência trabalho-família (M=23,78; dp=8,16) do que a interferência família-trabalho (M=18,19; dp=8,06), verificando-se a mesma tendência na condição de triple caregiving. Por fim, foi encontrada uma associação negativa estatisticamente significativa entre conflito trabalho-família/família-trabalho e bem-estar psicológico (r=-,379 p=.001; r=-,405; p=,001) na amostra global, sendo que quanto maior for o bem-estar psicológico menor é o conflito trabalho-família/famíliatrabalho e vice-versa. Conclusão. Os resultados do presente estudo representam um avanço muito relevante no conhecimento sobre um período de vida, a meia-idade, e um grupo de adultos, double e triple caregivers, acerca dos quais se sabe muito pouco e que assumem um lugar pivotal em termos familiares e societais, particularmente no atual contexto de crescente longevidade e envelhecimento demográfico. Considerando os resultados obtidos, parece-nos fundamental dar continuidade a este tipo de estudos e ao desenvolvimento de prática gerontológica orientada para o desenvolvimento e envelhecimento bem-sucedido de adultos de meia-idade.
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A literatura tem chamado particular atenção para um grupo de adultos de meia-idade que assume simultaneamente a condição de cuidador formal e informal: os double-caregivers e triple-caregivers. O double caregiving conjuga o cuidado formal com o cuidado informal a descendentes ou ascendentes, já o triple caregiving conjuga o cuidado formal com o cuidado informal a descendentes e ascendentes (DePasquale et al., 2016). A simultaneidade destes papeis traz exigências à capacidade adaptativa e ao bem-estar que importa investigar. Especificamente, um aspeto relevante desta simultaneidade de cuidados (formais e informais) é o conflito trabalho-família, entendido como um conflito interpapel em que as pressões exercidas pelos papeis do domínio profissional e familiar são mutuamente incompatíveis, sendo que o exercício de um papel (familiar) torna mais difícil o exercício de outro (profissional) (Greenhaus & Beutell, 1985). O conflito trabalho-família parece interferir com a qualidade da relação parental, diminuir a satisfação com a família, aumentar o stress psicológico e diminuir o bem-estar (Cinanon et al., 2007; Cooklin et al., 2014; Frone et al., 1994). Mas a investigação sugere também que a pessoa pode experienciar, simultaneamente, conflito e enriquecimento (Byron, 2005; Eby et al., 2005; Santos & Gonçalves, 2014). Neste contexto, pelas especificidades subjacentes à condição de double e triple caregiving, os adultos de meia-idade nesta condição poderão reunir maior probabilidade de experienciar conflito trabalho-família com fortes implicações para o seu bem-estar (Boumans & Dorant, 2014). Face ao exposto, o presente estudo tem como objetivo analisar a relação entre bem-estar, conciliação trabalho-família e condição de double e triple caregiving na meia-idade. Método. No estudo, de natureza quantitativa, transversal e correlacional, participam 123 adultos de meia-idade, com idades compreendidas entre os 40 e os 60 anos, profissionalmente ativos, com pelo menos um descendente e/ou pelo menos um progenitor com 65 ou mais anos vivo, com o qual contactam com regularidade, selecionados através de um procedimento de amostragem por conveniência. A recolha de dados foi realizada com um protocolo de avaliação composto por: Questionário sociodemográfico, Escalas de Conflito Trabalho-Família (Carlson, Kacmar, Wayne, & Grzywacz, 2006; versão portuguesa de Vieira, Lopez & Matos, 2013) e Escala de Bem-estar Psicológico (Ryff, 1989, versão portuguesa de Novo, Silva, & Peralta, 2004). Os dados foram recolhidos online entre maio e outubro de 2022. Resultados. Os participantes apresentam uma idade média de 46,4 anos (dp=5,95), são maioritariamente do género feminino (83,7%), casados (78%), com formação superior (72,4%) e exercem atividade profissional em instituições públicas (46,7%) em média há 17,9 anos (dp=8,10). Os adultos em triplecaregiving apresentam valores médios superiores em todas as subescalas e score total do Bem-estar psicológico comparativamente aos adultos em double-caregiving, apesar das diferenças não se mostrarem estatisticamente significativas. Já em termos de conflito trabalho-família/família-trabalho, observa-se que na condição de double caregiving é superior a interferência trabalho-família (M=23,78; dp=8,16) do que a interferência família-trabalho (M=18,19; dp=8,06), verificando-se a mesma tendência na condição de triple caregiving. Por fim, foi encontrada uma associação negativa estatisticamente significativa entre conflito trabalho-família/família-trabalho e bem-estar psicológico (r=-,379 p=.001; r=-,405; p=,001) na amostra global, sendo que quanto maior for o bem-estar psicológico menor é o conflito trabalho-família/famíliatrabalho e vice-versa. Conclusão. Os resultados do presente estudo representam um avanço muito relevante no conhecimento sobre um período de vida, a meia-idade, e um grupo de adultos, double e triple caregivers, acerca dos quais se sabe muito pouco e que assumem um lugar pivotal em termos familiares e societais, particularmente no atual contexto de crescente longevidade e envelhecimento demográfico. Considerando os resultados obtidos, parece-nos fundamental dar continuidade a este tipo de estudos e ao desenvolvimento de prática gerontológica orientada para o desenvolvimento e envelhecimento bem-sucedido de adultos de meia-idade.Context. The significant increase in longevity and demographic aging brings complex challenges for adults in midlife: facing a significant increase in the common life span between children and parents, the demand for care and the responsibility for ensuring this care falls increasingly in midlife (Faria, 2016). Paradoxically, midlife is the least researched period of life, with the literature recognizing the urgent need for studies in this area (Lachman, 2015). The literature has drawn particular attention to a group of middle-aged adults who simultaneously assume the condition of formal and informal caregiver: double-caregivers and triplecaregivers. Double-caregiving combines formal with informal caregiving for offspring or ascendants, while triple-caregiving combines formal with informal caregiving for offspring and ascendants (DePasquale et. al., 2016). The simultaneity of these roles makes demands on adaptive capacity and well-being that should be investigated. Specifically, a relevant aspect of this simultaneity of care (formal and informal) is the workfamily conflict, understood as an inter-paper conflict in which the pressures exerted by professional and family roles are mutually incompatible, and the exercise of one role (family) makes the exercise of the other (professional) more difficult (Greenhaus & Beutell, 1985). Work-family conflict appears to interfere with the quality of the parental relationship, decrease satisfaction with the family, and increase psychological stress and decrease well-being (Cinanon et al., 2007; Cooklin et al., 2014; Frone et al., 1994). But research also suggests that the person may experience, simultaneously, conflict and enrichment (Byron, 2005; Eby et al., 2005; Santos & Gonçalves, 2014). In this context, due to the specificities underlying the double and triple caregiving condition, middle-aged adults in this condition may be more likely to experience workfamily conflict with strong implications for their well-being (Boumans & Dorant, 2014). Bearing in mind the above, this study aims to analyze the relationship between well-being, work-family balance, and double and triple caregiving in midlife Methods. In this quantitative, transversal and correlational study, 123 middle-aged adults, aged between 40 and 60 years, professionally active, with at least one descendant and/or at least one parent aged 65 or older with whom they have regular contact, participated. Data collection was performed with an assessment protocol consisting of: Sociodemographic questionnaire, Work-Family Conflict Scales (Carlson, Kacmar, Wayne, & Grzywacz, 2006; Portuguese version by Vieira, Lopez, & Matos, 2013) and Psychological Well-Being Scale (Ryff, 1989, Portuguese version by Novo, Silva, & Peralta, 2004). Data were collected online between May and October 2022. Results. The participants, mostly female (83.7%), have a mean age of 46.4 years (dp=5.95), married (78%), with higher education (72.4%) and have been working in public institutions (46.7%) on average for 17.9 years (dp=8.10). Adults in triple-caregiving show higher average values in all subscales and total score of psychological well-being compared to adults in double-caregiving, although the differences are not statistically significant. In terms of work-family/family-work conflicts, it was observed that in the doublecaregiving condition work-family interference is higher (M=23.78; dp=8.16) than family-work interference (M=18.19; dp=8.06), with the same tendency in the triple-caregiving condition. Finally, a statistically significant negative association was found between work-family/family-work conflicts and psychological well-being (r=-.379 p=.001; r=-.405; p=.001) in the overall sample, with the higher the psychological wellbeing the lower the work-family/family-work conflict and vice versa. Conclusion. The results of the present study represent a very relevant advance in knowledge about a period of life, middle age, and a group of adults, double and triple caregivers, about whom very little is known and who assume a pivotal place in family and societal terms, particularly in the current context of increasing longevity and demographic aging. Considering the results obtained, it seems essential to continue this type of study and the development of gerontological practice oriented towards the development and successful aging of middle-aged adults.2023-09-08T14:30:47Z2023-06-23T00:00:00Z2023-06-23info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/20.500.11960/3459TID:203336429porCarvalho, Tânia Cristina da Costainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-09-14T07:45:29Zoai:repositorio.ipvc.pt:20.500.11960/3459Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T20:29:09.175965Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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Carvalho, Tânia Cristina da Costa
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