A Importância do Calão Mwangolé na Formação da Identidade Sociolinguística e Cultural dos Falantes de Angola

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: João, João Paulino
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.6/13103
Resumo: Entre as diversas línguas espalhadas pelo mundo, podemos afirmar que nenhuma delas é regrada na sua plenitude, devido a fatores extralinguísticos; consideravelmente, constituem dentro dos seus repertórios palavras que saltam a corda da regularidade, principalmente em contextos ou ambientes informais. Quanto às línguas, pela heterogeneidade que as caracterizam e as variedades que as distinguem, a probabilidade de total cumprimento normativo tornou-se inverosímil; afinal, utiliza-se léxico de calão no dia-dia. Sempre que a conceitualização do desvio for vista como sinónimo de sair do bom caminho, não estaremos simplesmente a deixar de acertar, mas a criar tendências de coagir a outras maneiras de comunicar. Por isso, prontificamo-nos em defender um assunto pertinente e real, porém frequentemente criticado pelos puristas linguísticos e por uma sociedade estandardizada, que procura circunscrever e banalizar o calão como uma linguagem alienada utilizada por uma agremiação excêntrica. A valorização do calão funcionará como um desvio ipsis litteris dos rótulos, das normas impostas à língua, atribuindo-o à voluntariedade de se fazer uso e livrefuncionamento de acordo com as realidades e necessidades comunicativas dos falantes, neste caso angolanos, que têm moldado as suas posições linguístico-comportamentais desde que a angolanidade tirou o véu de uma nação inovadora em questões de criatividades; a circulação do calão vem ganhando espaço de suplente modalidade de identificação, cultura, símbolo de pertença e unificação. Angola e Portugal têm uma relação vetusta, especialmente em vertentes linguísticas. Por isso, preferimos cruzar as duas realidades linguísticas informais para averiguarmos o nível de similitude e discrepâncias porque, de acordo com o trabalho de campo realizado, foi possível constatar a partir dos 144 inquiridos que o calão angolano tem influenciado mais o calão português, sobretudo pelo impacto de respostas recolhidas das expressões em calão selecionadas no inquérito: quase todas eram conhecidas, exceto a expressão “diamba”, que significa maconha ou estupefaciente, assinalado como o vocábulo com maior percentagem de desconhecimento de significação por parte dos inquiridos portugueses, pois em Portugal é mais frequente os termos erva, weed, ou ganza. Correspondendo a 72,7% dos 33 inquiridos portugueses, 24 desconheciam-na.
id RCAP_87ffbc78d58a4c1c9be6c217454f946d
oai_identifier_str oai:ubibliorum.ubi.pt:10400.6/13103
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling A Importância do Calão Mwangolé na Formação da Identidade Sociolinguística e Cultural dos Falantes de AngolaAngolanidadeCalãoCulturaDesviosIdentidadeNormaVariaçãoDomínio/Área Científica::Humanidades::Línguas e Literaturas::Estudo LusófonosEntre as diversas línguas espalhadas pelo mundo, podemos afirmar que nenhuma delas é regrada na sua plenitude, devido a fatores extralinguísticos; consideravelmente, constituem dentro dos seus repertórios palavras que saltam a corda da regularidade, principalmente em contextos ou ambientes informais. Quanto às línguas, pela heterogeneidade que as caracterizam e as variedades que as distinguem, a probabilidade de total cumprimento normativo tornou-se inverosímil; afinal, utiliza-se léxico de calão no dia-dia. Sempre que a conceitualização do desvio for vista como sinónimo de sair do bom caminho, não estaremos simplesmente a deixar de acertar, mas a criar tendências de coagir a outras maneiras de comunicar. Por isso, prontificamo-nos em defender um assunto pertinente e real, porém frequentemente criticado pelos puristas linguísticos e por uma sociedade estandardizada, que procura circunscrever e banalizar o calão como uma linguagem alienada utilizada por uma agremiação excêntrica. A valorização do calão funcionará como um desvio ipsis litteris dos rótulos, das normas impostas à língua, atribuindo-o à voluntariedade de se fazer uso e livrefuncionamento de acordo com as realidades e necessidades comunicativas dos falantes, neste caso angolanos, que têm moldado as suas posições linguístico-comportamentais desde que a angolanidade tirou o véu de uma nação inovadora em questões de criatividades; a circulação do calão vem ganhando espaço de suplente modalidade de identificação, cultura, símbolo de pertença e unificação. Angola e Portugal têm uma relação vetusta, especialmente em vertentes linguísticas. Por isso, preferimos cruzar as duas realidades linguísticas informais para averiguarmos o nível de similitude e discrepâncias porque, de acordo com o trabalho de campo realizado, foi possível constatar a partir dos 144 inquiridos que o calão angolano tem influenciado mais o calão português, sobretudo pelo impacto de respostas recolhidas das expressões em calão selecionadas no inquérito: quase todas eram conhecidas, exceto a expressão “diamba”, que significa maconha ou estupefaciente, assinalado como o vocábulo com maior percentagem de desconhecimento de significação por parte dos inquiridos portugueses, pois em Portugal é mais frequente os termos erva, weed, ou ganza. Correspondendo a 72,7% dos 33 inquiridos portugueses, 24 desconheciam-na.Among the various languages spread around the world, we can say that none of them is fully regulated, due to extralinguistic factors; they constitute, within their repertoires words that cross the limits of regularity, especially in informal contexts or environments. As for languages, due to the heterogeneity that characterizes them and the varieties that distinguish them, the probability of total compliance with the regulations has become implausible; after all, slang lexicon is used in everyday life. Whenever the conceptualization of deviance is seen as synonymous with getting off track, we are not simply failing to get it right, but creating tendencies to coerce other ways of communicating. Therefore, we are ready to defend a relevant and real issue, which is often criticized by linguistic purists and by a standardized society, which seeks to circumscribe and trivialize slang as an alienated language used by an eccentric group. Slang appreciation will work as an ipsis litteris deviation of labels, of the norms imposed on the language, attributing it to the willingness to make use and free functioning according to the realities and communicative needs of the speakers, in this case, Angolans, who have shaped their linguistic-behavioral positions since Angola took off the veil of an innovative nation in terms of creativity; the circulation of slang has been gaining ground as an alternate form of identification, culture, symbol of belonging and unification. Angola and Portugal have an ancient relationship, especially in terms of language. Therefore, we prefer to cross the two informal linguistic realities to ascertain the level of similarity and discrepancies because, according to the fieldwork carried out, it was possible to verify from the 144 respondents that the Angolan slang has influenced the Portuguese slang more, mainly because of the impact of responses collected from the slang expressions selected in the survey: almost all of them were known, except for the expression “diamba”, which means marijuana or narcotic drug, marked as the word with the highest percentage of ignorance of meaning by the Portuguese respondents, because in Portugal the terms erva, weed or ganza are more frequent. Corresponding to 72.7% of the 33 Portuguese respondents, 24 were unaware of it.Osório, Paulo José Tente da Rocha SantosGuilherme, Pedro Miguel Lavajo NatáriouBibliorumJoão, João Paulino2023-10-07T00:30:15Z2022-11-092022-10-062022-11-09T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.6/13103TID:203226488porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-12-15T09:56:32Zoai:ubibliorum.ubi.pt:10400.6/13103Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T00:52:36.240642Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv A Importância do Calão Mwangolé na Formação da Identidade Sociolinguística e Cultural dos Falantes de Angola
title A Importância do Calão Mwangolé na Formação da Identidade Sociolinguística e Cultural dos Falantes de Angola
spellingShingle A Importância do Calão Mwangolé na Formação da Identidade Sociolinguística e Cultural dos Falantes de Angola
João, João Paulino
Angolanidade
Calão
Cultura
Desvios
Identidade
Norma
Variação
Domínio/Área Científica::Humanidades::Línguas e Literaturas::Estudo Lusófonos
title_short A Importância do Calão Mwangolé na Formação da Identidade Sociolinguística e Cultural dos Falantes de Angola
title_full A Importância do Calão Mwangolé na Formação da Identidade Sociolinguística e Cultural dos Falantes de Angola
title_fullStr A Importância do Calão Mwangolé na Formação da Identidade Sociolinguística e Cultural dos Falantes de Angola
title_full_unstemmed A Importância do Calão Mwangolé na Formação da Identidade Sociolinguística e Cultural dos Falantes de Angola
title_sort A Importância do Calão Mwangolé na Formação da Identidade Sociolinguística e Cultural dos Falantes de Angola
author João, João Paulino
author_facet João, João Paulino
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Osório, Paulo José Tente da Rocha Santos
Guilherme, Pedro Miguel Lavajo Natário
uBibliorum
dc.contributor.author.fl_str_mv João, João Paulino
dc.subject.por.fl_str_mv Angolanidade
Calão
Cultura
Desvios
Identidade
Norma
Variação
Domínio/Área Científica::Humanidades::Línguas e Literaturas::Estudo Lusófonos
topic Angolanidade
Calão
Cultura
Desvios
Identidade
Norma
Variação
Domínio/Área Científica::Humanidades::Línguas e Literaturas::Estudo Lusófonos
description Entre as diversas línguas espalhadas pelo mundo, podemos afirmar que nenhuma delas é regrada na sua plenitude, devido a fatores extralinguísticos; consideravelmente, constituem dentro dos seus repertórios palavras que saltam a corda da regularidade, principalmente em contextos ou ambientes informais. Quanto às línguas, pela heterogeneidade que as caracterizam e as variedades que as distinguem, a probabilidade de total cumprimento normativo tornou-se inverosímil; afinal, utiliza-se léxico de calão no dia-dia. Sempre que a conceitualização do desvio for vista como sinónimo de sair do bom caminho, não estaremos simplesmente a deixar de acertar, mas a criar tendências de coagir a outras maneiras de comunicar. Por isso, prontificamo-nos em defender um assunto pertinente e real, porém frequentemente criticado pelos puristas linguísticos e por uma sociedade estandardizada, que procura circunscrever e banalizar o calão como uma linguagem alienada utilizada por uma agremiação excêntrica. A valorização do calão funcionará como um desvio ipsis litteris dos rótulos, das normas impostas à língua, atribuindo-o à voluntariedade de se fazer uso e livrefuncionamento de acordo com as realidades e necessidades comunicativas dos falantes, neste caso angolanos, que têm moldado as suas posições linguístico-comportamentais desde que a angolanidade tirou o véu de uma nação inovadora em questões de criatividades; a circulação do calão vem ganhando espaço de suplente modalidade de identificação, cultura, símbolo de pertença e unificação. Angola e Portugal têm uma relação vetusta, especialmente em vertentes linguísticas. Por isso, preferimos cruzar as duas realidades linguísticas informais para averiguarmos o nível de similitude e discrepâncias porque, de acordo com o trabalho de campo realizado, foi possível constatar a partir dos 144 inquiridos que o calão angolano tem influenciado mais o calão português, sobretudo pelo impacto de respostas recolhidas das expressões em calão selecionadas no inquérito: quase todas eram conhecidas, exceto a expressão “diamba”, que significa maconha ou estupefaciente, assinalado como o vocábulo com maior percentagem de desconhecimento de significação por parte dos inquiridos portugueses, pois em Portugal é mais frequente os termos erva, weed, ou ganza. Correspondendo a 72,7% dos 33 inquiridos portugueses, 24 desconheciam-na.
publishDate 2022
dc.date.none.fl_str_mv 2022-11-09
2022-10-06
2022-11-09T00:00:00Z
2023-10-07T00:30:15Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10400.6/13103
TID:203226488
url http://hdl.handle.net/10400.6/13103
identifier_str_mv TID:203226488
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799136414144659456