Yellow-legged gulls as indicators of changes in environmental conditions: a long-term study at Berlenga Island, western Portugal

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Nathalie Cristinie Oliveira
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: eng
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.1/17710
Resumo: A gaivota-de-patas-amarelas Larus michahellis (YLG) é uma espécie de gaivota grande e generalista, com peso corporal adulto de 900-1.200g e comportamento agressivo e predatório. Como outras gaivotas grandes, a gaivota de patas amarelas frequentemente depende de alimentos de depósitos de lixo, aterros e rejeições da pesca para complementar sua dieta. Em Portugal, a maior colónia reprodutora de YLG situa-se na Ilha da Berlenga, cujos números populacionais são monitorizados desde 1974, sendo que a população atingiu cerca de 4.800 casais reprodutores em 1983. Foi então possível notar o início de um crescimento exponencial da população até 1994, quando o número de ca. 22.000 pares reprodutores foram registados. De 1994 a 1996, o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) autorizou o abate de aves adultas, o que diminuiu consideravelmente o número de reprodutores pela metade em 1996. Desde então, um controle populacional é realizado, e o abate de posturas (ou seja, ovos) em toda a ilha é executado (exceto nas áreas de controle) durante a época de reprodução. A tendência dos números da população ficou mais ou menos estabilizada até 2009 e começou a diminuir lentamente desde então. Em 2018, foi registada uma população de 5.661 reprodutores (ICNF). As gaivotas-de-patas-amarelas da colónia da Berlenga alimentam-se principalmente de rejeições da pesca do porto de Peniche (10 km de distância) e têm um alto nível de consistência de curto e longo prazo na sua ecologia alimentar. As espécies de peixes mais relevantes na dieta de adultos e filhotes são comercializadas no porto de Peniche, e incluem a sardinha Sardina pilchardus, a cavala Scomber colias, o carapau Trachurus spp., o verdinho Micromesistius poutassou e a pescada-branca Merluccius merluccius. No entanto, estudos realizados nesta colónia observaram que a dieta de adultos durante a época de reprodução também é composta em grande parte de fontes naturais, como o caranguejo nadador de Henslow Polybius henslowii. Na verdade, esse caranguejo pode ser a presa mais frequente, correspondendo a até 95% da dieta quando disponível. A dieta das YLG tem sido cada vez mais estudada com a análise de isótopos estáveis (SIA) como valiosa abordagem complementar, fornecendo informações de curto e longo prazo sobre dietas de gaivotas e permite identificar grupos tróficos de presas, estimar o consumo de presas, calcular níveis tróficos e avaliar nichos tróficos. As atividades humanas, como a pesca, estão associadas a mudanças na dieta das gaivotas, podendo levar à diminuição ou aumento de seus níveis tróficos dependendo dos recursos consumidos. Por serem espécies generalistas e oportunistas, as gaivotas podem mudar de presa e fonte de alimento, adaptando-se a novas condições. Para aproveitar os recursos disponíveis, as gaivotas são capazes de mudar seu comportamento rapidamente, e os efeitos disso, por exemplo mudanças tróficas, são vistas nos níveis individual e populacional. O objetivo desta tese foi investigar se determinadas condições ambientais estão relacionadas com a ecologia trófica, a densidade populacional e o sucesso reprodutivo de uma grande colónia de uma espécie de ave marinha oportunista, a gaivota de patas amarelas (Larus michahellis), que cria na ilha da Berlenga (Portugal). Para isso, uma base de dados de longo prazo incluindo densidades populacionais (desde 1974), parâmetros de reprodução (desde 2002) e nichos tróficos (de isótopos estáveis, desde 2011) de gaivotas de patas amarelas foi relacionada com parâmetros ambientais (Índice de Oscilação do Atlântico Norte - Oeste (wNAO), clorofila a (Chla) e temperatura da superfície do mar (SST)) e dados de pesca (desembarque das espécies mais importantes na dieta de YLG) para avaliar a ecologia desta espécie de gaivota em relação às condições ambientais e atividade antropogénica. Durante o período de 2002-2018, as variáveis utilizadas foram aquelas obtidas nos censos, sucesso reprodutivo, postura de ovos, desembarques pesqueiros e parâmetros ambientais. Para o período de 2011-2018, foram utilizadas as variáveis relacionadas com ecologia trófica, medidas biométricas de gaivotas (ou seja, IMC, indice de massa corporal) e volume de ovos. Ao contrário do que era esperado, não se encontrou relação significativa entre o número de indivíduos reprodutores e wNAO desde 2002. Essas duas variáveis tiveram variação semelhante até 2010, quando o wNAO teve uma queda muito acentuada. A partir de então, o número de reprodutores não regressou aos valores anteriores e iniciou uma descida contínua até 2018. No entanto, outras correlações com o wNAO foram observadas, como a data em que o primeiro ovo foi depositado, que mostra que quanto mais negativo for o wNAO, mais tarde esse ovo irá surgir, mostrando uma relação com a dependência de recursos. Em 2010 foi observado um valor extremamente baixo do wNAO, que atingiu -4,64 e que impactou claramente o ecossistema, causando uma queda abrupta da produtividade marinha naquele ano e consequentemente afetando consumidores de níveis tróficos mais elevados, como as aves marinhas, e os dados observados sugerem que o ano de 2010 foi um ponto de viragem (tipping point) para as gaivotas na Ilha da Berlenga. Neste estudo, várias correlações foram observadas entre as variáveis do SIA e as variáveis ambientais. A correlação de Chl-α com RBC δ13C sugere que quanto mais altos os níveis de Chl-α, mais YLG se alimenta de recursos terrestres, ao contrário do que era esperado, pois quanto maior a produtividade marinha, maior a disponibilidade potencial de recursos (ou seja, peixes). Além disso, Chl-α também apresentou uma relação significativa, mas negativa, com RBC TA (nicho de gaivotas amostradas) e RBC SEAB (modelo de nicho estatístico), indicando que quanto maior a concentração de clorofila, menor o tamanho do nicho, que sugere uma dieta mais especializada. 2013 mostrou um valor de δ13C muito mais negativo no plasma do que em outros anos, grandes nichos isotópicos em ambos os tecidos analisados e alta variação nos valores isotópicos estáveis. Os baixos valores de δ13C sugerem que durante este ano as gaivotas consumiram mais fontes de origem terrestre. Outra variável utilizada neste estudo também apresentou um outlier em 2013, um valor extremamente alto de Chl-α (9,15 mg.m-3), que indica que a produtividade marinha pode estar relacionada com essas observações marcantes deste ano. Ainda, as análises mostraram que wNAO tem uma correlação negativa com três variáveis do plasma, TA (área total da elipse), SEAb (modelo Bayesiano da área da elipse), e SEAc (área da elipse corrigida), particularmente do plasma, métrica que representa a área do nicho populacional da YLG. Essa correlação é muito significativa e sugere que quanto maiores os valores de wNAO, menores os valores de SEAc e, consequentemente, maior a especialização de nicho. Em anos de wNAO positivo, o nicho era maior, então as gaivotas adotaram hábitos alimentares mais gerais. Este estudo deve ser continuado para que se possa aprofundar o conhecimento sobre a ecologia alimentar das YLG, assim como investigar a influencia dos aterros e do afloramento costeiro (upwelling) na disponibilidade de recursos para a colónia da Ilha da Berlenga.
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spelling Yellow-legged gulls as indicators of changes in environmental conditions: a long-term study at Berlenga Island, western PortugalGaivotas-de-patas-amarelasNichos isotópicosEcologia alimentarDomínio/Área Científica::Ciências Naturais::Outras Ciências NaturaisA gaivota-de-patas-amarelas Larus michahellis (YLG) é uma espécie de gaivota grande e generalista, com peso corporal adulto de 900-1.200g e comportamento agressivo e predatório. Como outras gaivotas grandes, a gaivota de patas amarelas frequentemente depende de alimentos de depósitos de lixo, aterros e rejeições da pesca para complementar sua dieta. Em Portugal, a maior colónia reprodutora de YLG situa-se na Ilha da Berlenga, cujos números populacionais são monitorizados desde 1974, sendo que a população atingiu cerca de 4.800 casais reprodutores em 1983. Foi então possível notar o início de um crescimento exponencial da população até 1994, quando o número de ca. 22.000 pares reprodutores foram registados. De 1994 a 1996, o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) autorizou o abate de aves adultas, o que diminuiu consideravelmente o número de reprodutores pela metade em 1996. Desde então, um controle populacional é realizado, e o abate de posturas (ou seja, ovos) em toda a ilha é executado (exceto nas áreas de controle) durante a época de reprodução. A tendência dos números da população ficou mais ou menos estabilizada até 2009 e começou a diminuir lentamente desde então. Em 2018, foi registada uma população de 5.661 reprodutores (ICNF). As gaivotas-de-patas-amarelas da colónia da Berlenga alimentam-se principalmente de rejeições da pesca do porto de Peniche (10 km de distância) e têm um alto nível de consistência de curto e longo prazo na sua ecologia alimentar. As espécies de peixes mais relevantes na dieta de adultos e filhotes são comercializadas no porto de Peniche, e incluem a sardinha Sardina pilchardus, a cavala Scomber colias, o carapau Trachurus spp., o verdinho Micromesistius poutassou e a pescada-branca Merluccius merluccius. No entanto, estudos realizados nesta colónia observaram que a dieta de adultos durante a época de reprodução também é composta em grande parte de fontes naturais, como o caranguejo nadador de Henslow Polybius henslowii. Na verdade, esse caranguejo pode ser a presa mais frequente, correspondendo a até 95% da dieta quando disponível. A dieta das YLG tem sido cada vez mais estudada com a análise de isótopos estáveis (SIA) como valiosa abordagem complementar, fornecendo informações de curto e longo prazo sobre dietas de gaivotas e permite identificar grupos tróficos de presas, estimar o consumo de presas, calcular níveis tróficos e avaliar nichos tróficos. As atividades humanas, como a pesca, estão associadas a mudanças na dieta das gaivotas, podendo levar à diminuição ou aumento de seus níveis tróficos dependendo dos recursos consumidos. Por serem espécies generalistas e oportunistas, as gaivotas podem mudar de presa e fonte de alimento, adaptando-se a novas condições. Para aproveitar os recursos disponíveis, as gaivotas são capazes de mudar seu comportamento rapidamente, e os efeitos disso, por exemplo mudanças tróficas, são vistas nos níveis individual e populacional. O objetivo desta tese foi investigar se determinadas condições ambientais estão relacionadas com a ecologia trófica, a densidade populacional e o sucesso reprodutivo de uma grande colónia de uma espécie de ave marinha oportunista, a gaivota de patas amarelas (Larus michahellis), que cria na ilha da Berlenga (Portugal). Para isso, uma base de dados de longo prazo incluindo densidades populacionais (desde 1974), parâmetros de reprodução (desde 2002) e nichos tróficos (de isótopos estáveis, desde 2011) de gaivotas de patas amarelas foi relacionada com parâmetros ambientais (Índice de Oscilação do Atlântico Norte - Oeste (wNAO), clorofila a (Chla) e temperatura da superfície do mar (SST)) e dados de pesca (desembarque das espécies mais importantes na dieta de YLG) para avaliar a ecologia desta espécie de gaivota em relação às condições ambientais e atividade antropogénica. Durante o período de 2002-2018, as variáveis utilizadas foram aquelas obtidas nos censos, sucesso reprodutivo, postura de ovos, desembarques pesqueiros e parâmetros ambientais. Para o período de 2011-2018, foram utilizadas as variáveis relacionadas com ecologia trófica, medidas biométricas de gaivotas (ou seja, IMC, indice de massa corporal) e volume de ovos. Ao contrário do que era esperado, não se encontrou relação significativa entre o número de indivíduos reprodutores e wNAO desde 2002. Essas duas variáveis tiveram variação semelhante até 2010, quando o wNAO teve uma queda muito acentuada. A partir de então, o número de reprodutores não regressou aos valores anteriores e iniciou uma descida contínua até 2018. No entanto, outras correlações com o wNAO foram observadas, como a data em que o primeiro ovo foi depositado, que mostra que quanto mais negativo for o wNAO, mais tarde esse ovo irá surgir, mostrando uma relação com a dependência de recursos. Em 2010 foi observado um valor extremamente baixo do wNAO, que atingiu -4,64 e que impactou claramente o ecossistema, causando uma queda abrupta da produtividade marinha naquele ano e consequentemente afetando consumidores de níveis tróficos mais elevados, como as aves marinhas, e os dados observados sugerem que o ano de 2010 foi um ponto de viragem (tipping point) para as gaivotas na Ilha da Berlenga. Neste estudo, várias correlações foram observadas entre as variáveis do SIA e as variáveis ambientais. A correlação de Chl-α com RBC δ13C sugere que quanto mais altos os níveis de Chl-α, mais YLG se alimenta de recursos terrestres, ao contrário do que era esperado, pois quanto maior a produtividade marinha, maior a disponibilidade potencial de recursos (ou seja, peixes). Além disso, Chl-α também apresentou uma relação significativa, mas negativa, com RBC TA (nicho de gaivotas amostradas) e RBC SEAB (modelo de nicho estatístico), indicando que quanto maior a concentração de clorofila, menor o tamanho do nicho, que sugere uma dieta mais especializada. 2013 mostrou um valor de δ13C muito mais negativo no plasma do que em outros anos, grandes nichos isotópicos em ambos os tecidos analisados e alta variação nos valores isotópicos estáveis. Os baixos valores de δ13C sugerem que durante este ano as gaivotas consumiram mais fontes de origem terrestre. Outra variável utilizada neste estudo também apresentou um outlier em 2013, um valor extremamente alto de Chl-α (9,15 mg.m-3), que indica que a produtividade marinha pode estar relacionada com essas observações marcantes deste ano. Ainda, as análises mostraram que wNAO tem uma correlação negativa com três variáveis do plasma, TA (área total da elipse), SEAb (modelo Bayesiano da área da elipse), e SEAc (área da elipse corrigida), particularmente do plasma, métrica que representa a área do nicho populacional da YLG. Essa correlação é muito significativa e sugere que quanto maiores os valores de wNAO, menores os valores de SEAc e, consequentemente, maior a especialização de nicho. Em anos de wNAO positivo, o nicho era maior, então as gaivotas adotaram hábitos alimentares mais gerais. Este estudo deve ser continuado para que se possa aprofundar o conhecimento sobre a ecologia alimentar das YLG, assim como investigar a influencia dos aterros e do afloramento costeiro (upwelling) na disponibilidade de recursos para a colónia da Ilha da Berlenga.The yellow-legged gull Larus michahellis (YLG) is a large and generalist gull species and with aggressive and predatory behavior, and most of its breeding populations have grown significantly over the last decades. Since 1994, a population control has been carried out on Berlenga Island (Portugal), where population numbers stabilized until 2009 and started to decrease slowly since then. In 2018, 5,661 breeding individuals were recorded there. Gulls have a high level of short- and long-term consistency in their feeding ecology, however, long-term studies correlating simultaneously their abundance and breeding success with oceanographic conditions, fisheries and feeding ecology are lacking. The aim of this thesis was to investigate how environmental conditions might influence the trophic ecology, density population and breeding success of YLG, breeding at Berlenga. For that aim, a long-term data base including population densities, breeding parameters, and trophic niches of YLG was related with environmental parameters (western North Atlantic Oscillation index (wNAO), Chlorophyll- α (Chl-α) and Sea Surface Temperature (SST)) and fishery data (landing of the most important species in the diet of YLG) to assess the ecology of this gull species in relation to environmental conditions and anthropogenic activity. Contrary to what was expected, there was no significant linear relationship between the number of breeding individuals and wNAO, however, the data suggest that the decrease in the number of gulls was caused by a year in which the value of wNAO was extremely low. SIA results suggest that the higher the Chl-α levels, the more YLG feeds on terrestrial resources and the smaller the niche size, suggesting a more specialized diet. Also, in years of positive wNAO, the niche is larger, so YLG have adopted a more generalist diet. Further research should focus on investigating the role of landfills and upwelling for this population.Serrão, EsterCeia, FilipeSapientiaSilva, Nathalie Cristinie Oliveira2022-03-23T11:53:24Z2021-10-202021-10-20T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.1/17710TID:202807606enginfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-07-24T10:29:53Zoai:sapientia.ualg.pt:10400.1/17710Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T20:07:36.062199Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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Desde então, um controle populacional é realizado, e o abate de posturas (ou seja, ovos) em toda a ilha é executado (exceto nas áreas de controle) durante a época de reprodução. A tendência dos números da população ficou mais ou menos estabilizada até 2009 e começou a diminuir lentamente desde então. Em 2018, foi registada uma população de 5.661 reprodutores (ICNF). As gaivotas-de-patas-amarelas da colónia da Berlenga alimentam-se principalmente de rejeições da pesca do porto de Peniche (10 km de distância) e têm um alto nível de consistência de curto e longo prazo na sua ecologia alimentar. As espécies de peixes mais relevantes na dieta de adultos e filhotes são comercializadas no porto de Peniche, e incluem a sardinha Sardina pilchardus, a cavala Scomber colias, o carapau Trachurus spp., o verdinho Micromesistius poutassou e a pescada-branca Merluccius merluccius. No entanto, estudos realizados nesta colónia observaram que a dieta de adultos durante a época de reprodução também é composta em grande parte de fontes naturais, como o caranguejo nadador de Henslow Polybius henslowii. Na verdade, esse caranguejo pode ser a presa mais frequente, correspondendo a até 95% da dieta quando disponível. A dieta das YLG tem sido cada vez mais estudada com a análise de isótopos estáveis (SIA) como valiosa abordagem complementar, fornecendo informações de curto e longo prazo sobre dietas de gaivotas e permite identificar grupos tróficos de presas, estimar o consumo de presas, calcular níveis tróficos e avaliar nichos tróficos. As atividades humanas, como a pesca, estão associadas a mudanças na dieta das gaivotas, podendo levar à diminuição ou aumento de seus níveis tróficos dependendo dos recursos consumidos. Por serem espécies generalistas e oportunistas, as gaivotas podem mudar de presa e fonte de alimento, adaptando-se a novas condições. Para aproveitar os recursos disponíveis, as gaivotas são capazes de mudar seu comportamento rapidamente, e os efeitos disso, por exemplo mudanças tróficas, são vistas nos níveis individual e populacional. O objetivo desta tese foi investigar se determinadas condições ambientais estão relacionadas com a ecologia trófica, a densidade populacional e o sucesso reprodutivo de uma grande colónia de uma espécie de ave marinha oportunista, a gaivota de patas amarelas (Larus michahellis), que cria na ilha da Berlenga (Portugal). Para isso, uma base de dados de longo prazo incluindo densidades populacionais (desde 1974), parâmetros de reprodução (desde 2002) e nichos tróficos (de isótopos estáveis, desde 2011) de gaivotas de patas amarelas foi relacionada com parâmetros ambientais (Índice de Oscilação do Atlântico Norte - Oeste (wNAO), clorofila a (Chla) e temperatura da superfície do mar (SST)) e dados de pesca (desembarque das espécies mais importantes na dieta de YLG) para avaliar a ecologia desta espécie de gaivota em relação às condições ambientais e atividade antropogénica. Durante o período de 2002-2018, as variáveis utilizadas foram aquelas obtidas nos censos, sucesso reprodutivo, postura de ovos, desembarques pesqueiros e parâmetros ambientais. Para o período de 2011-2018, foram utilizadas as variáveis relacionadas com ecologia trófica, medidas biométricas de gaivotas (ou seja, IMC, indice de massa corporal) e volume de ovos. Ao contrário do que era esperado, não se encontrou relação significativa entre o número de indivíduos reprodutores e wNAO desde 2002. Essas duas variáveis tiveram variação semelhante até 2010, quando o wNAO teve uma queda muito acentuada. A partir de então, o número de reprodutores não regressou aos valores anteriores e iniciou uma descida contínua até 2018. No entanto, outras correlações com o wNAO foram observadas, como a data em que o primeiro ovo foi depositado, que mostra que quanto mais negativo for o wNAO, mais tarde esse ovo irá surgir, mostrando uma relação com a dependência de recursos. Em 2010 foi observado um valor extremamente baixo do wNAO, que atingiu -4,64 e que impactou claramente o ecossistema, causando uma queda abrupta da produtividade marinha naquele ano e consequentemente afetando consumidores de níveis tróficos mais elevados, como as aves marinhas, e os dados observados sugerem que o ano de 2010 foi um ponto de viragem (tipping point) para as gaivotas na Ilha da Berlenga. Neste estudo, várias correlações foram observadas entre as variáveis do SIA e as variáveis ambientais. A correlação de Chl-α com RBC δ13C sugere que quanto mais altos os níveis de Chl-α, mais YLG se alimenta de recursos terrestres, ao contrário do que era esperado, pois quanto maior a produtividade marinha, maior a disponibilidade potencial de recursos (ou seja, peixes). Além disso, Chl-α também apresentou uma relação significativa, mas negativa, com RBC TA (nicho de gaivotas amostradas) e RBC SEAB (modelo de nicho estatístico), indicando que quanto maior a concentração de clorofila, menor o tamanho do nicho, que sugere uma dieta mais especializada. 2013 mostrou um valor de δ13C muito mais negativo no plasma do que em outros anos, grandes nichos isotópicos em ambos os tecidos analisados e alta variação nos valores isotópicos estáveis. Os baixos valores de δ13C sugerem que durante este ano as gaivotas consumiram mais fontes de origem terrestre. Outra variável utilizada neste estudo também apresentou um outlier em 2013, um valor extremamente alto de Chl-α (9,15 mg.m-3), que indica que a produtividade marinha pode estar relacionada com essas observações marcantes deste ano. Ainda, as análises mostraram que wNAO tem uma correlação negativa com três variáveis do plasma, TA (área total da elipse), SEAb (modelo Bayesiano da área da elipse), e SEAc (área da elipse corrigida), particularmente do plasma, métrica que representa a área do nicho populacional da YLG. Essa correlação é muito significativa e sugere que quanto maiores os valores de wNAO, menores os valores de SEAc e, consequentemente, maior a especialização de nicho. Em anos de wNAO positivo, o nicho era maior, então as gaivotas adotaram hábitos alimentares mais gerais. Este estudo deve ser continuado para que se possa aprofundar o conhecimento sobre a ecologia alimentar das YLG, assim como investigar a influencia dos aterros e do afloramento costeiro (upwelling) na disponibilidade de recursos para a colónia da Ilha da Berlenga.
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