A influência das adipocitinas no perfil glicolipídico em diabéticos mellitus tipo 2 com síndrome metabólica

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Autor(a) principal: Almeida, Bruno Alexandre Paulo dos Santos
Data de Publicação: 2011
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10316/19189
Resumo: Introdução: o tecido adiposo é considerado um órgão endócrino activo, com elevada actividade metabólica. Os adipócitos produzem e segregam várias adipocitocinas, com efeitos endócrinos, parácrinos e autócrinos que desempenham um papel relevante no controlo metabólico da diabetes e obesidade. Materiais e métodos: foram recrutados 309 doentes com média de idades de 51±13,5 anos, no período compreendido entre Dezembro de 2008 e Outubro de 2010. Procedeu-se à divisão em dois grupos, os Obesos não diabéticos (n=133) e os Diabéticos (n=177). Os critérios de inclusão foram a presença de diabetes tipo 2 e síndrome metabólica de acordo com os critérios da International Diabetes Federation; foram também incluídos pacientes não diabéticos com excesso de peso ou obesidade. Avaliaram-se os parâmetros antropométricos, com a determinação do perímetro abdominal, IMC e massa gorda, avaliada por bioimpedância eléctrica. As concentrações séricas de leptina foram doseadas utilizando a técnica de RIA. A adiponectina e a resistina foram analisadas por técnica de ELISA e a RBP4 por técnica de nefelometria. O perfil lipídico, função renal, hepática e a PCR de alta sensibilidade foram também doseadas em jejum. Foram calculados os índices de aterogenicidade (usando a relação da leptina com a adiponectina), o índice de insulino-resistência HOMA e o de insulino-sensibilidade QUICKI. Resultados: Os diabéticos apresentam valores superiores de ureia, creatinina, TG, ALT e GGT (7,2±4,7 vs 5,6±1,6 mmol/L; 77,2±30 vs 69,6±18,6 mmol/L; 1,8±1,1 vs 1,5±0,7 mmol/L; 44,6±24,7 vs 32,3±27,8 U/L; 51,9±57,7 vs 33,9±45,6 U/L, p < 0,05) e inferiores de C-HDL (1,2±0,4 vs 1,6±0,4 mmol/L, p <0,05) relativamente ao grupo dos obesos não diabéticos. Verificou-se no grupo dos diabéticos e obesos uma correlação positiva entre o IMC e a gordura corporal com a PCRs (r=0,294 vs r=0,381; r=0,384 vs r=0,398, p<0,05). A A influência das adipocitocinas no perfil glicolipídico em diabéticos mellitus tipo 2 com síndrome metabólica vi Dissertação de Bruno Alexandre Paulo dos Santos Almeida leptina apresenta correlações positivas, em ambos os grupos, com o IMC, o perímetro abdominal, a gordura corporal total e a PCRs (r=0,491 vs r=0,489; r=0,342 vs r=0,44; r=0,487 vs r=0,4584; r=0,18 vs r=0,288, p<0,05), nos doentes obesos com a RBP4 (r=0,31, p<0,05) e nos diabéticos uma correlação negativa com a resistina e com a GGT (r=0,21; r=0,22, p<0,05). Já a adiponectina, no grupo dos obesos, correlaciona-se de forma negativa com o perímetro abdominal, a PCRs e o índice HOMA (r=-0,348; r=-0,243; r=-0,309, p<0,05) e positivamente com o índice QUICKI (r=0,228, p<0,05). Em ambos os grupos, encontrou-se uma correlação positiva entre os níveis de adiponectina e o C-HDL (r=0,397 vs r=0,50, p<0,05) e uma correlação negativa com o C-LDL no grupo dos obesos (r=-0,23, p<0,05). No que se refere à RBP4, em ambos os grupos, foram evidenciadas correlações positivas significativas com a ureia e creatinina (r=0,449 vs r=0,498; r=0,444 vs r=0,62, p<0,01), no grupo dos diabéticos com a proteinúria de 24h (r=0,59, p<0,01) e nos obesos com os TG (r=0,374, p<0,01). Em relação à resistina não existem correlações com os parâmetros antropométricos ou o perfil lipídico. Os doentes diabéticos sob terapêutica com estatinas apresentam um valor menor de resistina, em comparação com os que não faziam esta classe farmacológica (4,65±3,25 vs 3,55±1,7, p < 0,05). Nos pacientes diabéticos não tratados com estatinas verifica-se uma correlação positiva com o índice aterogénico (r=0,276, p<0,05), correlacionando-se este de forma muito significativa com a PCRs (0,844, p<0,01). Conclusões: Este estudo vem evidenciar o papel relevante que as várias adipocitocinas desempenham no perfil metabólico, constituindo-se a adiponectina como protectora cardiovascular e indutora de insulino-sensibilidade e o RBP4 como um marcador precoce excelente de disfunção renal. O papel da leptina parece, cada vez mais, estar relacionado com uma melhoria da insulino-sensibilidade, desde que se verifique de forma concomitante uma diminuição da inflamação melhorando também a leptino-resistência. A resistina parece estar associada à inflamação e aterogénese, tendo-se demonstrado que os seus níveis séricos A influência das adipocitocinas no perfil glicolipídico em diabéticos mellitus tipo 2 com síndrome metabólica vii Dissertação de Bruno Alexandre Paulo dos Santos Almeida poderão ser diminuídos, nos doentes diabéticos tipo 2, pela introdução de terapêutica com estatinas. Estudos futuros deverão reflectir a necessidade de introdução de várias destas adipocitocinas como preditores de risco cardiovascular e desenvolvimento de diabetes tipo 2.
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spelling A influência das adipocitinas no perfil glicolipídico em diabéticos mellitus tipo 2 com síndrome metabólicaDiabetes mellitus tipo 2Síndroma metabólico X.Tecido adiposo|Inibidores da HMG-co A reductaseIntrodução: o tecido adiposo é considerado um órgão endócrino activo, com elevada actividade metabólica. Os adipócitos produzem e segregam várias adipocitocinas, com efeitos endócrinos, parácrinos e autócrinos que desempenham um papel relevante no controlo metabólico da diabetes e obesidade. Materiais e métodos: foram recrutados 309 doentes com média de idades de 51±13,5 anos, no período compreendido entre Dezembro de 2008 e Outubro de 2010. Procedeu-se à divisão em dois grupos, os Obesos não diabéticos (n=133) e os Diabéticos (n=177). Os critérios de inclusão foram a presença de diabetes tipo 2 e síndrome metabólica de acordo com os critérios da International Diabetes Federation; foram também incluídos pacientes não diabéticos com excesso de peso ou obesidade. Avaliaram-se os parâmetros antropométricos, com a determinação do perímetro abdominal, IMC e massa gorda, avaliada por bioimpedância eléctrica. As concentrações séricas de leptina foram doseadas utilizando a técnica de RIA. A adiponectina e a resistina foram analisadas por técnica de ELISA e a RBP4 por técnica de nefelometria. O perfil lipídico, função renal, hepática e a PCR de alta sensibilidade foram também doseadas em jejum. Foram calculados os índices de aterogenicidade (usando a relação da leptina com a adiponectina), o índice de insulino-resistência HOMA e o de insulino-sensibilidade QUICKI. Resultados: Os diabéticos apresentam valores superiores de ureia, creatinina, TG, ALT e GGT (7,2±4,7 vs 5,6±1,6 mmol/L; 77,2±30 vs 69,6±18,6 mmol/L; 1,8±1,1 vs 1,5±0,7 mmol/L; 44,6±24,7 vs 32,3±27,8 U/L; 51,9±57,7 vs 33,9±45,6 U/L, p < 0,05) e inferiores de C-HDL (1,2±0,4 vs 1,6±0,4 mmol/L, p <0,05) relativamente ao grupo dos obesos não diabéticos. Verificou-se no grupo dos diabéticos e obesos uma correlação positiva entre o IMC e a gordura corporal com a PCRs (r=0,294 vs r=0,381; r=0,384 vs r=0,398, p<0,05). A A influência das adipocitocinas no perfil glicolipídico em diabéticos mellitus tipo 2 com síndrome metabólica vi Dissertação de Bruno Alexandre Paulo dos Santos Almeida leptina apresenta correlações positivas, em ambos os grupos, com o IMC, o perímetro abdominal, a gordura corporal total e a PCRs (r=0,491 vs r=0,489; r=0,342 vs r=0,44; r=0,487 vs r=0,4584; r=0,18 vs r=0,288, p<0,05), nos doentes obesos com a RBP4 (r=0,31, p<0,05) e nos diabéticos uma correlação negativa com a resistina e com a GGT (r=0,21; r=0,22, p<0,05). Já a adiponectina, no grupo dos obesos, correlaciona-se de forma negativa com o perímetro abdominal, a PCRs e o índice HOMA (r=-0,348; r=-0,243; r=-0,309, p<0,05) e positivamente com o índice QUICKI (r=0,228, p<0,05). Em ambos os grupos, encontrou-se uma correlação positiva entre os níveis de adiponectina e o C-HDL (r=0,397 vs r=0,50, p<0,05) e uma correlação negativa com o C-LDL no grupo dos obesos (r=-0,23, p<0,05). No que se refere à RBP4, em ambos os grupos, foram evidenciadas correlações positivas significativas com a ureia e creatinina (r=0,449 vs r=0,498; r=0,444 vs r=0,62, p<0,01), no grupo dos diabéticos com a proteinúria de 24h (r=0,59, p<0,01) e nos obesos com os TG (r=0,374, p<0,01). Em relação à resistina não existem correlações com os parâmetros antropométricos ou o perfil lipídico. Os doentes diabéticos sob terapêutica com estatinas apresentam um valor menor de resistina, em comparação com os que não faziam esta classe farmacológica (4,65±3,25 vs 3,55±1,7, p < 0,05). Nos pacientes diabéticos não tratados com estatinas verifica-se uma correlação positiva com o índice aterogénico (r=0,276, p<0,05), correlacionando-se este de forma muito significativa com a PCRs (0,844, p<0,01). Conclusões: Este estudo vem evidenciar o papel relevante que as várias adipocitocinas desempenham no perfil metabólico, constituindo-se a adiponectina como protectora cardiovascular e indutora de insulino-sensibilidade e o RBP4 como um marcador precoce excelente de disfunção renal. O papel da leptina parece, cada vez mais, estar relacionado com uma melhoria da insulino-sensibilidade, desde que se verifique de forma concomitante uma diminuição da inflamação melhorando também a leptino-resistência. A resistina parece estar associada à inflamação e aterogénese, tendo-se demonstrado que os seus níveis séricos A influência das adipocitocinas no perfil glicolipídico em diabéticos mellitus tipo 2 com síndrome metabólica vii Dissertação de Bruno Alexandre Paulo dos Santos Almeida poderão ser diminuídos, nos doentes diabéticos tipo 2, pela introdução de terapêutica com estatinas. Estudos futuros deverão reflectir a necessidade de introdução de várias destas adipocitocinas como preditores de risco cardiovascular e desenvolvimento de diabetes tipo 2.Introduction: Fat tissue is viewed as an active endocrine organ with a high metabolic activity. Adipocytes produces and secretes several adipocytokines that play an important role in the metabolic control of diabetes and obesity. Material and methods: Between December of 2008 and October of 2010, 309 patients were recruited with mean age 51±13.5 years. They were divided in two groups: obese nondiabetic (n = 133) and diabetics (n = 177). The patients inclusion criteria used in this study was the presence of type 2 diabetes with metabolic syndrome according to the guidelines of the International Diabetes Federation. The patients underwent anthropometric examination, with the determination of waist circumference, BMI and fat tissue using electric bioimpedance. The serum concentration of leptin was measured using RIA kits. Adiponectin and resistin were analyzed by Elisa and RBP4 by nephelometry. Lipid profile, renal and hepatic function were also quantified on a fasting period. The index of atherogenicity (using the relationship between leptin and adiponectin), insulin resistance (HOMA) and insulin sensitivity (QUICKI) were calculated. Results: Diabetics had higher urea, creatinine, triglycerides, alanine aminotransferase and gamma glutamyl transpeptidase values (7.2 ± 4.7 vs. 5.6 ± 1.6 mmol / L; 77.2 ± 30 vs 69.6 ± 18.6 mmol / L,; 1.8 ± 1.1 vs 1.5 ± 0.7 mmol / L; 44.6 ± 24.7 vs 32.3 ± 27.8 U/L; 51.9 ± 57.7 A influência das adipocitocinas no perfil glicolipídico em diabéticos mellitus tipo 2 com síndrome metabólica viii Dissertação de Bruno Alexandre Paulo dos Santos Almeida vs 33, 9 ± 45.6 U / L, p <0.05) and lower HDL-C (1.2 ± 0.4 vs 1.6 ± 0.4 mmol / L, p <0.05) in comparation with the group of obese. In both groups we found a positive correlation between BMI and body fat mass with CRP (r =0.294 vs r = 0.381, r = 0.384 vs r = 0.398, p <0.05). Leptin had positive correlations in both groups with BMI, waist circumference, total body fat and CRP (r = 0.491 vs r = 0.489, r = 0.342 vs r = 0.44, r = 0.487 vs r = 0.4584, r = 0.18 vs r = 0.288, p <0.05), and in obese patients with RBP4 (r = 0.31, p <0.05).We found a negative correlation between resistin and gamma glutamyl transpeptidase in diabetic group (r = 0.21, r = 0.22, p <0.05). Adiponectin negatively correlates with waist circumference, the CRP and the HOMA index (r =- 0.348, r =- 0.243, r =- 0.309, p <0.05) and positively with the QUICKI index (r = 0.228, p <0.05) in the obese group. In both groups, we found a positive correlation between adiponectin levels and HDL-C (r = 0.397 vs r = 0.50, p <0.05) and negative correlation with LDL-C in the obese group (r =- 0.23, p <0.05). With respect to RBP4, positive correlations were found with the urea and creatinine in both groups (r = 0.449 vs r = 0.498, r = 0.444 vs r = 0.62, p <0.01). Positive correlation with 24 hours proteinuria was observed in diabetic patients (r = 0.59, p <0.01) and in obese patients with triglycerides (r = 0.374, p <0.01). In relation to resistin no correlations were found with the anthropometric parameters or lipid profile. Diabetic patients on statin therapy had a lower value of resistin compared with those without statins (4.65 ± 3.25 vs. 3.55 ± 1.7, p <0.05). In diabetic patients without statins we found a positive correlation with the atherogenic index (r = 0.276, p <0.05), that correlates significantly with the CRP (0.844, p <0.01). Conclusion: This study highlights the role of adipocytokines in the metabolic profile: adiponectin induces insulin sensitivity and has protective cardiovascular effects. RBP4 was an excellent early marker of renal dysfunction. Leptin increases the insulin sensitivity, especially when associated with therapy that decreases inflammation and leptin resistance. Resistin seems to be associated with inflammation and atherogenesis, and it was demonstrated that A influência das adipocitocinas no perfil glicolipídico em diabéticos mellitus tipo 2 com síndrome metabólica ix Dissertação de Bruno Alexandre Paulo dos Santos Almeida serum levels may be decreased in type 2 diabetic patients, who underwent therapy with statins. In the future adipocytokines can be used to assess cardiovascular risk and development of type 2 diabetes.2011info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesishttp://hdl.handle.net/10316/19189http://hdl.handle.net/10316/19189porAlmeida, Bruno Alexandre Paulo dos Santosinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2022-01-20T17:48:45Zoai:estudogeral.uc.pt:10316/19189Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T20:44:27.336302Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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