Conhecimentos, atitudes e práticas de prevenção sobre Zika da população embarcada em navios da Marinha portuguesa
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2019 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10362/98640 |
Resumo: | INTRODUÇÃO: O vírus Zika (ZIKV) foi isolado pela primeira vez em humanos em 1952, no Uganda e Tanzânia. A doença manteve baixa incidência até 2007, quando ocorreu o primeiro surto em humanos na Micronésia. Em 2016, face ao aumento significativo do número de casos confirmados de Zika no Brasil e à associação de microcefalia e distúrbios neurológicos à infeção, a Organização Mundial de Saúde declarou a Zika como Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional. Em Portugal há registo de 19 casos, todos importados, com associação de microcefalia no último caso. O ZIKV é transmitido principalmente por picada do mosquito Aedes aegypti (estabelecido na Ilha da Madeira, Portugal), podendo também ser transmitido por via sexual e por transmissão vertical. A infeção provoca quadro clínico inespecífico com febre baixa (37,8-38,5°C), conjuntivite não purulenta, exantema maculopapular, cefaleias e artralgias; com cerca de 80% dos casos são assintomáticos. Face ao grande empenhamento operacional da Marinha Portuguesa em múltiplas missões internacionais e ao constante fluxo intercontinental dos militares embarcados, esta população pode estar em risco para aquisição da infeção com possibilidade de transmissão posterior no país de origem. Esta dissertação teve como objetivo a caracterização dos conhecimentos dos militares embarcados da Marinha Portuguesa sobre conhecimentos, atitudes e práticas acerca da infeção por ZIKV. MÉTODOS: Foi aplicado, de Setembro a Dezembro 2018, um questionário autopreenchido, com questões de resposta aberta ou fechada, aos militares da Marinha Portuguesa antes de partirem em missão para zonas endémicas de Zika e após o seu regresso. RESULTADOS: Participaram no estudo 256 indivíduos, idade média 31 anos, 83.9% do género masculino, 63.1% com 12º ano escolaridade, 69,1% refere já ter ouvido falar de Zika. Fonte de informação preferida: 88% TV, rádio, jornais e posters. Transmissão: 95% indica a picada de mosquito, 31.9% a transmissão sexual, 33% a transmissão vertical. Prevenção: 90.4% indicam o uso de repelente, 75.3% desconhece a ocorrência de transmissão em relações sexuais desprotegidas com pessoa infetada assintomática e apenas 43.7% considera a utilização de preservativo como forma de evitar a infeção. Quadro clínico: 86.1% e 78,9 desconhecem conjuntivite e eritema maculopapular como um sintoma da doença, respetivamente. Complicações: 64% reconhecem microcefalia, mas apenas 12.8% associa Síndrome de Guillain-Barré à infeção. Atitudes: Participantes demonstram baixa atitude para a possibilidade de infeção durante as missões. Género masculino apresenta atitude mais positiva quando comparado com o feminino, relativamente à utilização de preservativo durante a gravidez, aquando o regresso de missão. CONCLUSÃO: Os resultados indicam conhecimento geral incompleto sobre a infeção por ZIKV, atitude média e fraca implementação de práticas preventivas. É fulcral a intervenção precoce e a mudança de paradigma por parte dos profissionais de saúde da Marinha Portuguesa, no sentido de promoverem a aquisição de conhecimentos e a adesão a boas práticas preventivas no decurso das missões, ajustados às atuais tendências de comunicação e que avance no sentido da Saúde ir ao encontro do indivíduo. |
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Conhecimentos, atitudes e práticas de prevenção sobre Zika da população embarcada em navios da Marinha portuguesaSaúde tropicalZikaSurto de ZikaOMSSaúde públicaMarinha portuguesaPré-missãoPós-missãoPortugalDomínio/Área Científica::Ciências MédicasINTRODUÇÃO: O vírus Zika (ZIKV) foi isolado pela primeira vez em humanos em 1952, no Uganda e Tanzânia. A doença manteve baixa incidência até 2007, quando ocorreu o primeiro surto em humanos na Micronésia. Em 2016, face ao aumento significativo do número de casos confirmados de Zika no Brasil e à associação de microcefalia e distúrbios neurológicos à infeção, a Organização Mundial de Saúde declarou a Zika como Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional. Em Portugal há registo de 19 casos, todos importados, com associação de microcefalia no último caso. O ZIKV é transmitido principalmente por picada do mosquito Aedes aegypti (estabelecido na Ilha da Madeira, Portugal), podendo também ser transmitido por via sexual e por transmissão vertical. A infeção provoca quadro clínico inespecífico com febre baixa (37,8-38,5°C), conjuntivite não purulenta, exantema maculopapular, cefaleias e artralgias; com cerca de 80% dos casos são assintomáticos. Face ao grande empenhamento operacional da Marinha Portuguesa em múltiplas missões internacionais e ao constante fluxo intercontinental dos militares embarcados, esta população pode estar em risco para aquisição da infeção com possibilidade de transmissão posterior no país de origem. Esta dissertação teve como objetivo a caracterização dos conhecimentos dos militares embarcados da Marinha Portuguesa sobre conhecimentos, atitudes e práticas acerca da infeção por ZIKV. MÉTODOS: Foi aplicado, de Setembro a Dezembro 2018, um questionário autopreenchido, com questões de resposta aberta ou fechada, aos militares da Marinha Portuguesa antes de partirem em missão para zonas endémicas de Zika e após o seu regresso. RESULTADOS: Participaram no estudo 256 indivíduos, idade média 31 anos, 83.9% do género masculino, 63.1% com 12º ano escolaridade, 69,1% refere já ter ouvido falar de Zika. Fonte de informação preferida: 88% TV, rádio, jornais e posters. Transmissão: 95% indica a picada de mosquito, 31.9% a transmissão sexual, 33% a transmissão vertical. Prevenção: 90.4% indicam o uso de repelente, 75.3% desconhece a ocorrência de transmissão em relações sexuais desprotegidas com pessoa infetada assintomática e apenas 43.7% considera a utilização de preservativo como forma de evitar a infeção. Quadro clínico: 86.1% e 78,9 desconhecem conjuntivite e eritema maculopapular como um sintoma da doença, respetivamente. Complicações: 64% reconhecem microcefalia, mas apenas 12.8% associa Síndrome de Guillain-Barré à infeção. Atitudes: Participantes demonstram baixa atitude para a possibilidade de infeção durante as missões. Género masculino apresenta atitude mais positiva quando comparado com o feminino, relativamente à utilização de preservativo durante a gravidez, aquando o regresso de missão. CONCLUSÃO: Os resultados indicam conhecimento geral incompleto sobre a infeção por ZIKV, atitude média e fraca implementação de práticas preventivas. É fulcral a intervenção precoce e a mudança de paradigma por parte dos profissionais de saúde da Marinha Portuguesa, no sentido de promoverem a aquisição de conhecimentos e a adesão a boas práticas preventivas no decurso das missões, ajustados às atuais tendências de comunicação e que avance no sentido da Saúde ir ao encontro do indivíduo.INTRODUCTION: Zika virus (ZIKV) was first isolated in humans in 1952 in Uganda and Tanzania. The disease remained low until 2007, when the first human outbreak occurred in Micronesia. In 2016, along with the significant increase in the number of confirmed cases of Zika in Brazil and the association of microcephaly and neurological disorders to the infection, the World Health Organization declared Zika as Public Health Emergency of International Concern. Portugal recorded 19 cases, all imported, with a microcephaly association in the last clinical case. The ZIKV is transmitted mainlythrough the bite of the mosquito Aedes aegypti (established in Madeira Island, Portugal) and can also be transmitted sexually and by vertical transmission. The infection causes nonspecific clinical condition with low fever (37.8-38.5 ° C), non-purulent conjunctivitis, maculopapular rash, headache and arthralgia; with about 80% of cases being asymptomatic. Given the numerous operational commitments of the Portuguese Navy in multiple international missions and the constant intercontinental flow of military personnel, this population may be at risk for acquisition of the infection with the possibility of later transmission in the country of origin. This dissertation aimed to characterize the knowledge of the military personnel of the Portuguese Navy about knowledge, attitudes and practices about the infection transmitted by ZIKV. METHODS: From September to December 2018, a self-administered questionnaire with questions of open or closed answer was applied to the Portuguese Navy's military personnel before leaving on a mission to Zika's endemic areas and after their return. RESULTS: A total of 256 subjects, mean age 31 years, 83.9% male, 63.1% with 12th grade, 69.1% reported having heard of Zika. Preferred source of information: 88% TV, radio, newspapers and posters. Transmission: 95% indicates mosquito bite, 31.9% sexual transmission, 33% vertical transmission. Prevention: 90.4% indicate the use of repellent, 75.3% are unaware of the occurrence of transmission in unprotected sex with an asymptomatic infected person, and only 43.7% consider condom use as a way of avoiding infection. Clinical condition: 86.1% and 78.9% do not know conjunctivitis and maculopapular erythema as a symptom of the disease, respectively. Complications: 64% recognize microcephaly, but only 12.8% associate Guillain-Barré Syndrome with the infection. Attitudes: Participants demonstrate low attitudes towards the possibility of infection during missions. Male gender presents a more positive attitude when compared to female gender, regarding the use of condoms during pregnancy, when returning from mission. CONCLUSION: The results show incomplete general knowledge about ZIKV infection, mean attitude and weak implementation of preventive practices. The early intervention and paradigm shift by the Portuguese Navy's health professionals, in order to promote the acquisition of knowledge and adherence to good preventive practices in the course of the missions, adjusted to the current communication trends and advance in a way Health can meet the individual.Instituto de Higiene e Medicina TropaicalTEODÓSIO, RosaTEODORO, FilomenaRUNFARIA, João Paulo Fernandes2022-05-28T00:31:25Z201920192019-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10362/98640TID:202482910porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-03-11T04:45:13Zoai:run.unl.pt:10362/98640Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T03:39:01.180028Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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