A população muito idosa: diferenças na aplicação de revascularização coronária percutânea
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2012 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10316/26113 |
Resumo: | Introdução: O aumento da esperança média de vida nos países desenvolvidos tem trazido aos cardiologistas de intervenção populações cada vez mais envelhecidas. A coorte de doentes com 85 ou mais anos de idade é cada vez mais numerosa nas salas de hemodinâmica, apesar da apertada selecção de que são alvo (devido à percepção de uma razão risco/beneficio desfavorável por parte do médico). Objectivos: Estudar uma população com ≥85 anos submetida a angioplastia coronária em termos de características-base, características angiográficas, técnicas inerentes ao procedimento e resultados intra-hospitalares das intervenções. Métodos: Realizou-se um estudo retrospectivo usando dados do Laboratório de Hemodinâmica e Cardiologia de Intervenção do Serviço de Cardiologia dos HUC, incluindo doentes entre Janeiro de 2006 e Abril de 2010. Formaram-se 3 grupos – A (dos 65 aos 74 anos), B (dos 75 aos 84 anos) e C (≥85 anos) – que se compararam relativamente a características-base, antecedentes pessoais, factores de risco, tipo de admissão, características lesionais, dados relativos ao procedimento, status hemodinâmico, complicações, terapêutica farmacológica antes e durante a intervenção e resultados. Resultados: Há uma percentagem crescente de mulheres intervencionadas (p <0.001) bem como uma diminuição do índice de massa corporal à medida que aumenta a idade (p <0.001). As admissões urgentes e por Enfarte Agudo do Miocárdio com Elevação do Segmento ST, assim como as lesões tipo C (classificação ACC/AHA) revelaram-se mais frequentes nos grupos etários mais elevados (p=0.005, p <0.001 e p=0.009, respectivamente). No grupo C, o tempo de procedimento foi inferior ao do grupo B (p=0.001). A percentagem de fluxo TIMI 3 pré-procedimento foi menor à medida que aumentou a idade (p=0.005), ocorrendo o contrário para a percentagem de estenose (p=0.004). O recurso a stents e dispositivos de encerramento arterial diminuiu com o aumento da idade (p=0.002 e p=0.001). Uma fracção de ejecção ventricular ≤ 30% é mais frequente nos indivíduos mais idosos (p=0.015). Também a presença de choque cardiogénico durante a intervenção, com consequente necessidade de reanimação aumentou com a idade (p <0.001 e p=0.004). Nos resultados finais, a percentagem de obtenção de fluxo TIMI 3 foi significativamente menor nos grupos de doentes mais velhos, ocorrendo o contrário para a mortalidade (p <0.001 e p=0.005). Conclusões: Os doentes com ≥85 anos são admitidos mais frequentemente em contexto urgente, têm lesões coronárias tecnicamente mais exigentes e mais difíceis de repermeabilizar, têm maior incidência de instabilidade hemodinâmica durante a intervenção, mais comorbilidades e maior mortalidade peri-procedimento. Tudo isto leva os cardiologistas a adoptar uma postura menos agressiva nas suas intervenções. Isso traduz-se numa maior rapidez do procedimento, na utilização menos frequente de stents (e, quando usados, optam por stents bare-metal) e de dispositivos de encerramento arterial (por receio de complicações hemorrágicas). |
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A população muito idosa: diferenças na aplicação de revascularização coronária percutâneaEnfarte do miocárdioAngioplastiaIdoso com mais de 80 anosRevascularização miocárdicaIntrodução: O aumento da esperança média de vida nos países desenvolvidos tem trazido aos cardiologistas de intervenção populações cada vez mais envelhecidas. A coorte de doentes com 85 ou mais anos de idade é cada vez mais numerosa nas salas de hemodinâmica, apesar da apertada selecção de que são alvo (devido à percepção de uma razão risco/beneficio desfavorável por parte do médico). Objectivos: Estudar uma população com ≥85 anos submetida a angioplastia coronária em termos de características-base, características angiográficas, técnicas inerentes ao procedimento e resultados intra-hospitalares das intervenções. Métodos: Realizou-se um estudo retrospectivo usando dados do Laboratório de Hemodinâmica e Cardiologia de Intervenção do Serviço de Cardiologia dos HUC, incluindo doentes entre Janeiro de 2006 e Abril de 2010. Formaram-se 3 grupos – A (dos 65 aos 74 anos), B (dos 75 aos 84 anos) e C (≥85 anos) – que se compararam relativamente a características-base, antecedentes pessoais, factores de risco, tipo de admissão, características lesionais, dados relativos ao procedimento, status hemodinâmico, complicações, terapêutica farmacológica antes e durante a intervenção e resultados. Resultados: Há uma percentagem crescente de mulheres intervencionadas (p <0.001) bem como uma diminuição do índice de massa corporal à medida que aumenta a idade (p <0.001). As admissões urgentes e por Enfarte Agudo do Miocárdio com Elevação do Segmento ST, assim como as lesões tipo C (classificação ACC/AHA) revelaram-se mais frequentes nos grupos etários mais elevados (p=0.005, p <0.001 e p=0.009, respectivamente). No grupo C, o tempo de procedimento foi inferior ao do grupo B (p=0.001). A percentagem de fluxo TIMI 3 pré-procedimento foi menor à medida que aumentou a idade (p=0.005), ocorrendo o contrário para a percentagem de estenose (p=0.004). O recurso a stents e dispositivos de encerramento arterial diminuiu com o aumento da idade (p=0.002 e p=0.001). Uma fracção de ejecção ventricular ≤ 30% é mais frequente nos indivíduos mais idosos (p=0.015). Também a presença de choque cardiogénico durante a intervenção, com consequente necessidade de reanimação aumentou com a idade (p <0.001 e p=0.004). Nos resultados finais, a percentagem de obtenção de fluxo TIMI 3 foi significativamente menor nos grupos de doentes mais velhos, ocorrendo o contrário para a mortalidade (p <0.001 e p=0.005). Conclusões: Os doentes com ≥85 anos são admitidos mais frequentemente em contexto urgente, têm lesões coronárias tecnicamente mais exigentes e mais difíceis de repermeabilizar, têm maior incidência de instabilidade hemodinâmica durante a intervenção, mais comorbilidades e maior mortalidade peri-procedimento. Tudo isto leva os cardiologistas a adoptar uma postura menos agressiva nas suas intervenções. Isso traduz-se numa maior rapidez do procedimento, na utilização menos frequente de stents (e, quando usados, optam por stents bare-metal) e de dispositivos de encerramento arterial (por receio de complicações hemorrágicas).Introduction: The increasing life expectancy observed in developed countries has brought to interventional cardiologists a greater number of old patients. Although they are tightly selected (due to the perception of a high risk/benefit ratio), patients with 85 years old or more are now relatively common in hemodynamics laboratories. Objectives: To study a population with ≥85 years old treated with coronary angioplasty in terms of baseline-characteristics, angiographic characteristics, techniques applied in the procedure and in-hospital outcomes of the intervention. Methods: A retrospective study was made using the database from the Intervention Cardiology Laboratory of the Coimbra University Hospital, including patients from January 2006 to April 2010. Three groups were formed: A (from 65 to 74 years old), B (from 75 to 84 years old) and C (≥85 years old). These groups were then compared in terms of baseline-characteristics, relevant antecedents, risk factors, admission type, lesion characteristics, procedural data, hemodynamic status, complications, administered drugs and final results. Results: As the age increased, there was a bigger number of interventioned women (p<0.001) as well as a decreasing body mass index (p<0.001). The admission of patients in an emergent basis, with ST-elevation myocardial infarction and type C lesions (ACC/AHA classification) was more frequent in groups with older people (p=0.005, p <0.001 and p=0.009, respectively). The percentage of pre-procedural TIMI 3 flow decreased with age (p=0.005), occurring the opposite with the lesion’s stenosis percentage (p=0.004). The usage of stents and arterial closure devices was lower in groups with very old patients (p=0.002 and p=0.001), happening the same with Left Ventricular Ejection Fraction ≤ 30% (p=0.015). Also, cardiogenic-shock during the intervention and resuscitation maneuvers were more frequent among older patients (p <0.001 and p=0.004). In terms of in-hospital outcomes, it was noted that TIMI 3 flow was harder to achieve in groups of older patients (p <0.001). On the other hand, mortality was higher in those groups (p=0.005). Conclusions: Patients with ≥85 years old are more often admitted in an emergent basis, have technically more demanding coronary lesions (which are harder to reperfuse), have a higher incidence of hemodynamic instability, are more frequently affected with other comorbidities and have a higher peri-procedural mortality. All these factors motivate interventional cardiologists to adopt a less aggressive attitude towards these patients. This in turn translates into quicker procedures, lower utilization of stents (and, when used, bare-metal stents are preferred) and arterial closure devices (motivated by higher hemorrhagic risks), as well as lower prescription of drugs.2012-03info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesishttp://hdl.handle.net/10316/26113http://hdl.handle.net/10316/26113porSousa, Rafael David Pinho Marques deinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2022-01-20T17:48:46Zoai:estudogeral.uc.pt:10316/26113Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T20:44:41.793801Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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Introdução: O aumento da esperança média de vida nos países desenvolvidos tem trazido aos cardiologistas de intervenção populações cada vez mais envelhecidas. A coorte de doentes com 85 ou mais anos de idade é cada vez mais numerosa nas salas de hemodinâmica, apesar da apertada selecção de que são alvo (devido à percepção de uma razão risco/beneficio desfavorável por parte do médico). Objectivos: Estudar uma população com ≥85 anos submetida a angioplastia coronária em termos de características-base, características angiográficas, técnicas inerentes ao procedimento e resultados intra-hospitalares das intervenções. Métodos: Realizou-se um estudo retrospectivo usando dados do Laboratório de Hemodinâmica e Cardiologia de Intervenção do Serviço de Cardiologia dos HUC, incluindo doentes entre Janeiro de 2006 e Abril de 2010. Formaram-se 3 grupos – A (dos 65 aos 74 anos), B (dos 75 aos 84 anos) e C (≥85 anos) – que se compararam relativamente a características-base, antecedentes pessoais, factores de risco, tipo de admissão, características lesionais, dados relativos ao procedimento, status hemodinâmico, complicações, terapêutica farmacológica antes e durante a intervenção e resultados. Resultados: Há uma percentagem crescente de mulheres intervencionadas (p <0.001) bem como uma diminuição do índice de massa corporal à medida que aumenta a idade (p <0.001). As admissões urgentes e por Enfarte Agudo do Miocárdio com Elevação do Segmento ST, assim como as lesões tipo C (classificação ACC/AHA) revelaram-se mais frequentes nos grupos etários mais elevados (p=0.005, p <0.001 e p=0.009, respectivamente). No grupo C, o tempo de procedimento foi inferior ao do grupo B (p=0.001). A percentagem de fluxo TIMI 3 pré-procedimento foi menor à medida que aumentou a idade (p=0.005), ocorrendo o contrário para a percentagem de estenose (p=0.004). O recurso a stents e dispositivos de encerramento arterial diminuiu com o aumento da idade (p=0.002 e p=0.001). Uma fracção de ejecção ventricular ≤ 30% é mais frequente nos indivíduos mais idosos (p=0.015). Também a presença de choque cardiogénico durante a intervenção, com consequente necessidade de reanimação aumentou com a idade (p <0.001 e p=0.004). Nos resultados finais, a percentagem de obtenção de fluxo TIMI 3 foi significativamente menor nos grupos de doentes mais velhos, ocorrendo o contrário para a mortalidade (p <0.001 e p=0.005). Conclusões: Os doentes com ≥85 anos são admitidos mais frequentemente em contexto urgente, têm lesões coronárias tecnicamente mais exigentes e mais difíceis de repermeabilizar, têm maior incidência de instabilidade hemodinâmica durante a intervenção, mais comorbilidades e maior mortalidade peri-procedimento. Tudo isto leva os cardiologistas a adoptar uma postura menos agressiva nas suas intervenções. Isso traduz-se numa maior rapidez do procedimento, na utilização menos frequente de stents (e, quando usados, optam por stents bare-metal) e de dispositivos de encerramento arterial (por receio de complicações hemorrágicas). |
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