Estudo da atividade antimicrobiana da fibrina rica em plaquetas (PRF) de origem canina

• Autor(a) principal: Leal, Bárbara Paulino Varela
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.26/41787
• topic: Atividade antimicrobiana; Cães; Escherichia coli; Fibrina rica em plaquetas; Medicina regenerativa; Pseudomonas aeruginosa; Staphylococcus aureus; Antimicrobial activity; Dogs; Escherichia coli; platelet – rich fibriN; Regenerative medicine; Pseudomonas aeruginosa; Staphylococcus aureus

O biomaterial Fibrina Rica em Plaquetas (PRF) é um hemoderivado utilizado em medicina regenerativa, que apresenta capacidade de regeneração de tecidos já comprovada em vários estudos em medicina humana e veterinária. Este potencial regenerativo dos tecidos deve-se à sua elevada concentração em fatores de crescimento e citocinas, derivados de plaquetas e leucócitos. Para além das suas propriedades regenerativas, alguns estudos em medicina humana demonstraram que os PRF apresentam, também, atividade antimicrobiana in vitro. O conhecimento relativo à utilização deste biomaterial em medicina veterinária é mais limitado, e maioritariamente relacionado com a sua atividade como agente promotor da cicatrização de feridas cutâneas, oculares e defeitos maxilo-faciais. A informação relativa às suas propriedades antimicrobianas em medicina veterinária é muito reduzida. Este trabalho de investigação teve como objetivo estudar a atividade antimicrobiana, in vitro, dos PRF de origem canina sobre três agentes bacterianos frequentemente encontrados em feridas cutâneas caninas infetadas - Escherichia coli, Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa. Os coágulos de PRF foram obtidos através da metodologia de uma única centrifugação de sangue total de doadores caninos, e a avaliação das propriedades antibacterianas dos PRF foi avaliada através do método da difusão em placas de agar de Mueller-Hinton previamente inoculadas com suspensão bacteriana de cada agente bacteriano testado, durante um período de três dias. O procedimento foi realizado em 17 amostras de cães. Em 16 animais foi possível avaliar a atividade bacteriana dos PRF em duplicado sobre os três agentes bacterianos em estudo, para validação dos resultados obtidos. Foi ainda avaliada a atividade antimicrobiana do soro autólogo, recolhido após a centrifugação do sangue do animal dador, sobre os três agentes microbianos em estudo. Os resultados demonstraram atividade antibacteriana dos PRF nas três espécies bacterianas testadas, tendo diferentes comportamentos ao longo dos três dias de incubação. A atividade antibacteriana manteve–se constante ao longo dos três dias sobre E. coli b., diminui sobre P. aeruginosa b. e aumentou sobre S. aureus b.. A atividade antibacteriana dos PRF de animais não castrados sobre P. aeruginosa b. às 24 horas de incubação foi significativamente superior à dos animais não castrados (P < 0.05). Não foi observada atividade antimicrobiana do soro autólogo sobre nenhum dos três agentes microbianos em estudo. Em conclusão, o PRF é um biomaterial de fácil obtenção, que necessita de um baixo volume de amostra e possui atividade antimicrobiana que complementa as suas propriedades regenerativas e analgésicas. A sua ação duradoura remete para a libertação gradual e temporal de fatores de crescimento e citoquinas que são essenciais para a sua atividade antimicrobiana. Os resultados obtidos sugerem que a terapia com PRF poderá ser uma opção terapêutica alternativa e/ou complementar à antibioterapia em cães. São, no entanto, necessários mais estudos para avaliar a sua atividade antimicrobiana in vivo, assim como avaliar a sua atividade noutras espécies animais e sobre diferentes agentes3 infeciosos. Para além disso, numa perspetiva Onehealth, a informação obtida poderá ser complementar com a obtida em diferentes estudos em medicina humana