Conflitos Ambientais e Progresso Técnico na Indústria Mineira em Portugal (1858-1938)
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Data de Publicação: | 2016 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10174/20813 |
Resumo: | Este texto explora o papel que os custos ambientais tiveram nas estratégias de desenvolvimento tecnológico por parte das companhias mineiras em Portugal numa época marcada pelo liberalismo e por incentivos dos vários governos a iniciativas capitalistas, em nome do ideal progressista. A análise empírica centra-se, em especial, nas grandes explorações da faixa piritosa alentejana cuja expansão e sobrevivência no mercado mundial dependeu da sua capacidade para explorar filões de sulfuretos com teores muito baixos de metais (com destaque para o cobre). A escala das operações tornou-se um elemento-chave para explicar as queixas recorrentes de lavradores e de proprietários, com custos imprevisíveis, bem como os projetos de valorização local dos minérios que exigiram grandes investimentos em infraestruturas. Neste contexto, o desenvolvimento precoce da hidrometalurgia pelo processo de “cementação natural” feito na mina de São Domingos dispensava a queima do minério em fornos abertos que acarretava grandes custos para a saúde e para a economia das populações locais. Deste modo, a nova tecnologia permitiu transferir os custos ambientais dos proprietários e lavradores (que se traduziam em pesadas indemnizações) para os pescadores e diluir as suas responsabilidades na contaminação do rio Guadiana graças à existência de outras minas concorrentes na raia (Huelva, Espanha). Conflitos semelhantes desenvolveram-se na bacia hidrográfica do Sado, nos princípios do século XX, com a reativação das minas de Aljustrel e da Caveira (concelho de Grândola), quando a mesma tecnologia foi adotada. A separação formal e geográfica da transformação do enxofre para o fabrico do ácido sulfúrico, feito no Barreiro, Estarreja, Setúbal e na Achado do Gamo (São Domingos, Mértola) iria marcar os conflitos emergentes no século XX em torno dos fumos, que se mantiveram contidos durante o período de ditadura. |
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Conflitos Ambientais e Progresso Técnico na Indústria Mineira em Portugal (1858-1938)História da Tecnologia (Hidrometalurgia)Conflitos Ambientais (Portugal, séculos XIX-XX)História Económica e Social - TecnologiaEste texto explora o papel que os custos ambientais tiveram nas estratégias de desenvolvimento tecnológico por parte das companhias mineiras em Portugal numa época marcada pelo liberalismo e por incentivos dos vários governos a iniciativas capitalistas, em nome do ideal progressista. A análise empírica centra-se, em especial, nas grandes explorações da faixa piritosa alentejana cuja expansão e sobrevivência no mercado mundial dependeu da sua capacidade para explorar filões de sulfuretos com teores muito baixos de metais (com destaque para o cobre). A escala das operações tornou-se um elemento-chave para explicar as queixas recorrentes de lavradores e de proprietários, com custos imprevisíveis, bem como os projetos de valorização local dos minérios que exigiram grandes investimentos em infraestruturas. Neste contexto, o desenvolvimento precoce da hidrometalurgia pelo processo de “cementação natural” feito na mina de São Domingos dispensava a queima do minério em fornos abertos que acarretava grandes custos para a saúde e para a economia das populações locais. Deste modo, a nova tecnologia permitiu transferir os custos ambientais dos proprietários e lavradores (que se traduziam em pesadas indemnizações) para os pescadores e diluir as suas responsabilidades na contaminação do rio Guadiana graças à existência de outras minas concorrentes na raia (Huelva, Espanha). Conflitos semelhantes desenvolveram-se na bacia hidrográfica do Sado, nos princípios do século XX, com a reativação das minas de Aljustrel e da Caveira (concelho de Grândola), quando a mesma tecnologia foi adotada. A separação formal e geográfica da transformação do enxofre para o fabrico do ácido sulfúrico, feito no Barreiro, Estarreja, Setúbal e na Achado do Gamo (São Domingos, Mértola) iria marcar os conflitos emergentes no século XX em torno dos fumos, que se mantiveram contidos durante o período de ditadura.CITCEM/Edições Afrontamento2017-03-10T18:09:21Z2017-03-102016-12-15T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articlehttp://hdl.handle.net/10174/20813http://hdl.handle.net/10174/20813porGuimarães, Paulo E. (2016) - "Conflitos Ambientais e Progresso Técnico na Indústria Mineira em Portugal (1858-1938)". In «CEM/Cultura, Espaço & Memória». Porto: CITCEM/Edições Afrontamento, nº 7, 2016. Dossier temático «Cruzar fronteiras: ligar as margens da história ambiental/Crossing Borders: connecting edges of environmental history». Dir. Maria Cristina Almeida e Cunha; Editores do dossier temático Inês Amorim, Luís Sousa Silva, Sara Pinto.2182-1097-06peg@uevora.pt733Guimarães, Paulo Eduardoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-01-03T19:10:52Zoai:dspace.uevora.pt:10174/20813Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T01:12:09.245643Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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