Brucelose dos pequenos ruminantes no concelho de Bragança: estudo integrado desde o campo ao matadouro
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2023 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10348/11532 |
Resumo: | A Brucelose dos pequenos ruminantes (PR) é uma doença zoonótica causada por Brucella melitensis. A doença integra o programa nacional de saúde animal (PNSA) e permanece um problema nas regiões endémicas, como o concelho de Bragança. Apesar dos esforços até à atualidade na erradicação da doença, a prevalência e a incidência mantém valores consideráveis na região. Este trabalho teve como objetivos seguir a cadeia de produção de carne desde a exploração até ao matadouro, avaliando potenciais fatores de risco para a Brucelose nas diversas explorações e a avaliação das respetivas dificuldades na implementação do PNSA que possam levar a falsos-positivos. Neste estudo, realizado no concelho de Bragança, mediante os inquéritos realizados, constatou-se que os produtores apresentam idade média entre os 51 a 59 anos (48,98%), sem formação específica na área da produção animal (82,65%) e as explorações são maioritariamente de ovinos (78,57%) para produção de carne (77,55%), com um tamanho médio entre 51 e 149 animais (39,80%). Não foram identificados potenciais fatores de risco no maneio e gestão das explorações da região mediante os resultados da análise estatística. De referir que o tipo de produção (extensivo) é semelhante em explorações com casos positivos serológicos e negativos e existe uma maior consciencialização da Brucelose por parte dos produtores. Durante as campanhas de controlo entre 2015 e 2021, dos 1121 animais positivos ao teste de Rosa de Bengala (RBT), apenas 276 animais foram identificados como positivos tanto ao RBT como ao teste de Fixação de Complemento (FCT). Para controlo microbiológico após o abate sanitário, apenas foram sujeitos 131 animais. Após a análise, apenas 8 animais foram considerados positivos ao controlo microbiológico. Foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os títulos dos animais vacinados e não vacinados em que os animais não vacinados apresentavam títulos mais altos aos FCT do que os animais vacinados (p=0,0001) que podem evidenciar o risco associado de transmissão da estirpe vacinal. Quanto aos testes de diagnóstico, apesar dos esforços existentes até à atualidade, não existe um teste padrão que consiga atingir um diagnóstico exato e preciso, com sensibilidade e especificidade ideais. Os dados deste estudo, nomeadamente a curva característica da operação recetor (ROC), sugerem que os títulos atualmente considerados para a FCT devem ser revistos de forma a maximizar especificidade do teste. No entanto, com os dados disponíveis neste estudo, a utilização dos dois testes aparenta ser limitada e traduz-se num elevado número de falsos positivos (cerca de 1113 casos). Deverá realizar-se uma abordagem mais sistemática quando há casos positivos serológicos e uma revisão dos testes disponíveis de modo a minimizar as perdas dos animais e, na tentativa, de diminuir a chamada “linha ténue” de valores de incidências e prevalências. Assim, seria oportuno que as entidades responsáveis tivessem em atenção as limitações dos testes atualmente utilizados, considerassem a utilização de outros testes laboratoriais e que adequassem as estratégias do plano de controlo e erradicação de Brucelose às regiões com explorações não indemnes com vista à erradicação desta doença, tanto no campo como no matadouro. |
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Brucelose dos pequenos ruminantes no concelho de Bragança: estudo integrado desde o campo ao matadouroBrucelosePequenos ruminantesA Brucelose dos pequenos ruminantes (PR) é uma doença zoonótica causada por Brucella melitensis. A doença integra o programa nacional de saúde animal (PNSA) e permanece um problema nas regiões endémicas, como o concelho de Bragança. Apesar dos esforços até à atualidade na erradicação da doença, a prevalência e a incidência mantém valores consideráveis na região. Este trabalho teve como objetivos seguir a cadeia de produção de carne desde a exploração até ao matadouro, avaliando potenciais fatores de risco para a Brucelose nas diversas explorações e a avaliação das respetivas dificuldades na implementação do PNSA que possam levar a falsos-positivos. Neste estudo, realizado no concelho de Bragança, mediante os inquéritos realizados, constatou-se que os produtores apresentam idade média entre os 51 a 59 anos (48,98%), sem formação específica na área da produção animal (82,65%) e as explorações são maioritariamente de ovinos (78,57%) para produção de carne (77,55%), com um tamanho médio entre 51 e 149 animais (39,80%). Não foram identificados potenciais fatores de risco no maneio e gestão das explorações da região mediante os resultados da análise estatística. De referir que o tipo de produção (extensivo) é semelhante em explorações com casos positivos serológicos e negativos e existe uma maior consciencialização da Brucelose por parte dos produtores. Durante as campanhas de controlo entre 2015 e 2021, dos 1121 animais positivos ao teste de Rosa de Bengala (RBT), apenas 276 animais foram identificados como positivos tanto ao RBT como ao teste de Fixação de Complemento (FCT). Para controlo microbiológico após o abate sanitário, apenas foram sujeitos 131 animais. Após a análise, apenas 8 animais foram considerados positivos ao controlo microbiológico. Foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os títulos dos animais vacinados e não vacinados em que os animais não vacinados apresentavam títulos mais altos aos FCT do que os animais vacinados (p=0,0001) que podem evidenciar o risco associado de transmissão da estirpe vacinal. Quanto aos testes de diagnóstico, apesar dos esforços existentes até à atualidade, não existe um teste padrão que consiga atingir um diagnóstico exato e preciso, com sensibilidade e especificidade ideais. Os dados deste estudo, nomeadamente a curva característica da operação recetor (ROC), sugerem que os títulos atualmente considerados para a FCT devem ser revistos de forma a maximizar especificidade do teste. No entanto, com os dados disponíveis neste estudo, a utilização dos dois testes aparenta ser limitada e traduz-se num elevado número de falsos positivos (cerca de 1113 casos). Deverá realizar-se uma abordagem mais sistemática quando há casos positivos serológicos e uma revisão dos testes disponíveis de modo a minimizar as perdas dos animais e, na tentativa, de diminuir a chamada “linha ténue” de valores de incidências e prevalências. Assim, seria oportuno que as entidades responsáveis tivessem em atenção as limitações dos testes atualmente utilizados, considerassem a utilização de outros testes laboratoriais e que adequassem as estratégias do plano de controlo e erradicação de Brucelose às regiões com explorações não indemnes com vista à erradicação desta doença, tanto no campo como no matadouro.Brucellosis in small ruminants is a zoonotic disease caused by Brucella melitensis. The disease is part of the national animal health program and remains a problem in endemic regions, such as Bragança. Despite all the efforts to eradicate the disease, the prevalence and incidence maintain considerable values in Bragança. This work aimed to follow the meat production chain from the farm to the slaughterhouse, evaluating the risk factors for Brucellosis in several farms in the region and the assessment of the respective difficulties in the implementation of the disease control and eradication plan that may lead to false positives. In this study, conducted in Bragança, we found that the producers had an average age between 51 and 59 years old (48.98%), had no specific training in animals production (82.65%) and the herds had mostly sheep (78.57%), for meat production (77.55%), with an average size between 51 and 149 animals (39.80%). In the statistical analysis of data, potencial risk factors were not identified. It is importante to mention that the production typology in all farms is extensive and more awareness by producers of what Brucellosis is in small ruminants. During the control campaigns between 2015 and 2021, of the 1121 animals positive for the Rose of Bengal test (RBT), only 276 animals were identified as positive for both the RBT and the Complement Fixation Test (FCT). For microbiological control after sanitary slaughter, only 131 animals were subjected. Then, only 8 animals were positive to microbiological control. Statistically significant differences were found between the results of vaccinated and unvaccinated animals in which unvaccinated animals had higher FCT results than vaccinated animals (p=0.0001) and this may lead to the risk of transmission of vaccinal strain. As for diagnostic tests, despite existing efforts to date, there is no standard test that can achieve an exact and precise diagnosis, with ideal sensitivity and specificity. Data from this study, namely the receptor operation characteristic curve, suggest that the results currently considered for FCT should be revised to maximize test specificity. However, with the data available in this study, the use of both tests is limited and results in a high number of false positives (1113 cases). A more systematic approach should be conducted when there are positive cases and a review of the tests available to minimize animal losses and, to reduce the so-called “fine line” of incidence and prevalence values. Therefore, it would be opportune for the responsible entities to consider the limitations of the tests currently used, consider the use of other laboratory tests, and adapt the strategies of the Brucellosis control and eradication plan to regions with non-free farms with a view to eradicating this disease, in the field and in the slaughterhouse.2023-04-24T16:38:24Z2023-01-03T00:00:00Z2023-01-03info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfapplication/pdfapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10348/11532porBorges, Carolina Dominguesinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-02-02T12:49:46Zoai:repositorio.utad.pt:10348/11532Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T02:04:56.170689Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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A Brucelose dos pequenos ruminantes (PR) é uma doença zoonótica causada por Brucella melitensis. A doença integra o programa nacional de saúde animal (PNSA) e permanece um problema nas regiões endémicas, como o concelho de Bragança. Apesar dos esforços até à atualidade na erradicação da doença, a prevalência e a incidência mantém valores consideráveis na região. Este trabalho teve como objetivos seguir a cadeia de produção de carne desde a exploração até ao matadouro, avaliando potenciais fatores de risco para a Brucelose nas diversas explorações e a avaliação das respetivas dificuldades na implementação do PNSA que possam levar a falsos-positivos. Neste estudo, realizado no concelho de Bragança, mediante os inquéritos realizados, constatou-se que os produtores apresentam idade média entre os 51 a 59 anos (48,98%), sem formação específica na área da produção animal (82,65%) e as explorações são maioritariamente de ovinos (78,57%) para produção de carne (77,55%), com um tamanho médio entre 51 e 149 animais (39,80%). Não foram identificados potenciais fatores de risco no maneio e gestão das explorações da região mediante os resultados da análise estatística. De referir que o tipo de produção (extensivo) é semelhante em explorações com casos positivos serológicos e negativos e existe uma maior consciencialização da Brucelose por parte dos produtores. Durante as campanhas de controlo entre 2015 e 2021, dos 1121 animais positivos ao teste de Rosa de Bengala (RBT), apenas 276 animais foram identificados como positivos tanto ao RBT como ao teste de Fixação de Complemento (FCT). Para controlo microbiológico após o abate sanitário, apenas foram sujeitos 131 animais. Após a análise, apenas 8 animais foram considerados positivos ao controlo microbiológico. Foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os títulos dos animais vacinados e não vacinados em que os animais não vacinados apresentavam títulos mais altos aos FCT do que os animais vacinados (p=0,0001) que podem evidenciar o risco associado de transmissão da estirpe vacinal. Quanto aos testes de diagnóstico, apesar dos esforços existentes até à atualidade, não existe um teste padrão que consiga atingir um diagnóstico exato e preciso, com sensibilidade e especificidade ideais. Os dados deste estudo, nomeadamente a curva característica da operação recetor (ROC), sugerem que os títulos atualmente considerados para a FCT devem ser revistos de forma a maximizar especificidade do teste. No entanto, com os dados disponíveis neste estudo, a utilização dos dois testes aparenta ser limitada e traduz-se num elevado número de falsos positivos (cerca de 1113 casos). Deverá realizar-se uma abordagem mais sistemática quando há casos positivos serológicos e uma revisão dos testes disponíveis de modo a minimizar as perdas dos animais e, na tentativa, de diminuir a chamada “linha ténue” de valores de incidências e prevalências. Assim, seria oportuno que as entidades responsáveis tivessem em atenção as limitações dos testes atualmente utilizados, considerassem a utilização de outros testes laboratoriais e que adequassem as estratégias do plano de controlo e erradicação de Brucelose às regiões com explorações não indemnes com vista à erradicação desta doença, tanto no campo como no matadouro. |
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