A relação estrutura-espontaneidade no percurso artístico de J. Grotowski: acepções, contextos e interfaces

• Autor(a) principal: Piva, Bruno Leal
• Data de Publicação: 2019
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10362/73897
• topic: J. Grotowski; Teatro; Estrutura; Espontaneidade; Ator; Spontaneity; Structure; Actor; Theater; Domínio/Área Científica::Humanidades::Artes

A inquietação e o interesse sobre este trabalho conduzem à sua denominação “A relação estrutura-espontaneidade no percurso artístico de J. Grotowski: acepções, contextos e interfaces”. O fazer artístico do encenador polaco chama a atenção nessa busca incessante da relação travada entre dois termos aparentemente distantes, mas totalmente complementares. Qual e como poderiam supostamente duas forças contrárias atuarem de maneira recíproca na constituição do trabalho do ator? Embora Grotowski não pretendesse explicar nada com palavras, criava termos para compor sua mestria no entendimento sobre o vínculo entre o teatro e a vida. Grotowski afirmava que o ser humano atua tão perfeitamente em vida, a partir de máscaras condicionadas do cotidiano, que no teatro basta um descortinar, um desnudamento para se alcançar uma verdade cênica. Não se trata de atuar com suposta excelência extraordinariamente técnica e superficial, de modo que o espectador esteja em uma espécie de encantamento sobre o que vê. Trata-se, sim, de revelar o ser humano em sua mais essencial humanidade: o ator, para nutrir seu espírito, deve ser sincero consigo, romper com as barreiras sociais e mostrar-se como é. No primeiro capítulo desta dissertação, os termos estrutura e espontaneidade são tratados isoladamente e, depois, é apontada a relação conflitiva e complementar entre eles. A intenção é verificar acepções relativas à palavra estrutura, tanto de ordem etimológica quanto hermenêutica e outras áreas, à do teatro de Grotowski e, em seguida, o mesmo procedimento é realizado com o termo espontaneidade. Para atribuir entendimento sobre a relação estrutura-espontaneidade de Grotowski, procura-se estabelecer uma associação desta, do estudo sobre a relação entre esses dois termos opostos e complementares, demonstrando como essa união tornou-se um dos eixos centrais de sua pesquisa no trabalho do ator, estabelecendo por meio de, e para tanto, um paralelo sobre a ideia de totalidade nietzschiana entre apolínio e dionisíaco, propondo uma intersecção entre esses dois polos contrários, traçada pela técnica e aludindo-a brevemente ao caminho do meio do Taoísmo. No capítulo subsequente, o olhar está dirigido aos procedimentos, implementações e transformações da relação entre estrutura e espontaneidade nos períodos artísticos de Grotowski, as chamadas fases e seus contextos. No capítulo seguinte, estabelece-se a interface entre os estudos acerca do tema central, a relação estrutura-espontaneidade, com os de alguns artistas-encenadores-diretores-pedagogos que influenciaram, participaram ou conduzem seus trabalhos pautados pelo mesmo rigor artístico de investigação sobre o trabalho do ator de Grotowski, utilizando, para tanto, Constantin Stanislavski, Eugenio Barba e Antunes Filho.