A condição modular : liberdade ou consequência?

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Palma, Inês
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/47923
Resumo: Uma das ideias centrais pelas quais a noção moderna de sujeito tem sido definida, a liberdade, investe-se como um dos fundamentos centrais para a rejeição da teleologia na ordem moral moderna. No entanto, a ideia do eu autónomo, ontologicamente anterior aos seus papéis e relações socialmente dados expressa uma tendência para gerar formas de individualismo radical e atomístico, cuja insularidade compromete os modos mais básicos de cooperação social. Apresentada pela primeira vez em Conditions of Liberty (1994), uma das suas últimas obras publicadas, a metáfora do mobiliário modular é escolhida por Gellner para repensar a tensão entre individualismo e comunidade. Contudo, apesar de se intuir o efeito pretendido como representação da abertura de múltiplas possibilidades do “homem modular”, não podemos deixar de perguntar: porquê modular? Escolhida a modularidade, porquê a comparação com o mobiliário e não outro tipo de modularidade? E, não menos importante, modular para quem? Estas são questões que não ficam respondidas se permanecermos apenas no texto de 1994 ou no espaço de reflexão e comentário ao pensamento de Gellner. Sendo um conceito novo, inusitado, não é sem perplexidade que se constata não haver um estudo dedicado, primariamente, à compreensão do conceito gellneriano de “homem modular”. A hipótese que se considera aqui é a de que a concepção modular dos indivíduos denota, pelo menos, uma noção ambígua da liberdade moderna. Ela aponta para uma abertura de múltiplas possibilidades que desvinculam os indivíduos de anteriores amarras sociais, mas manifesta-se, ao mesmo tempo, como um requisito de constante adaptação. Como adaptação, será liberdade? Para explorar esta hipótese, seguiram-se três objectivos de investigação. Primeiro, compreender o conceito geral de modularidade, percebendo que não há uma “modularidade” no singular, mas “modularidades” no plural. Segundo, fazer a reconstituição do conceito gellneriano de “homem modular” a partir da compreensão do papel da metáfora, do estudo do amplo arco das obras de Gellner acerca da modernidade, e da percepção do eco na recepção crítica do conceito que até agora se pode encontrar. E, por último, trazer para a reflexão a dimensão do trabalho como a mais relevante para pensar a liberdade sob a condição modular.
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Contudo, apesar de se intuir o efeito pretendido como representação da abertura de múltiplas possibilidades do “homem modular”, não podemos deixar de perguntar: porquê modular? Escolhida a modularidade, porquê a comparação com o mobiliário e não outro tipo de modularidade? E, não menos importante, modular para quem? Estas são questões que não ficam respondidas se permanecermos apenas no texto de 1994 ou no espaço de reflexão e comentário ao pensamento de Gellner. Sendo um conceito novo, inusitado, não é sem perplexidade que se constata não haver um estudo dedicado, primariamente, à compreensão do conceito gellneriano de “homem modular”. A hipótese que se considera aqui é a de que a concepção modular dos indivíduos denota, pelo menos, uma noção ambígua da liberdade moderna. Ela aponta para uma abertura de múltiplas possibilidades que desvinculam os indivíduos de anteriores amarras sociais, mas manifesta-se, ao mesmo tempo, como um requisito de constante adaptação. Como adaptação, será liberdade? Para explorar esta hipótese, seguiram-se três objectivos de investigação. Primeiro, compreender o conceito geral de modularidade, percebendo que não há uma “modularidade” no singular, mas “modularidades” no plural. Segundo, fazer a reconstituição do conceito gellneriano de “homem modular” a partir da compreensão do papel da metáfora, do estudo do amplo arco das obras de Gellner acerca da modernidade, e da percepção do eco na recepção crítica do conceito que até agora se pode encontrar. E, por último, trazer para a reflexão a dimensão do trabalho como a mais relevante para pensar a liberdade sob a condição modular.One of the central ideas by which the modern notion of subject has been defined, freedom stands out as a paramount foundation for the rejection of teleology in the modern moral order. However, the idea of the autonomous self, ontologically prior to its socially given roles and relationships, leans towards forms of radical and atomistic individualism, whose insularity compromises the most basic modes of social cooperation. Expressed for the first time in Conditions of Liberty (1994), one of the author’s last published works, modular furniture becomes Gellner’s metaphor to rethink the tension between individualism and community. Yet, despite the intuitive meaning and possible intended effect in showing the opening of multiple possibilities of “modular man”, we have to ask: why modular? Having chosen modularity, why the comparison with furniture and not another type of modularity? And, last but not least, modular for whom? These questions are not answered if we stay only in the 1994 text one cannot but be perplexed by the absence of a fully dedicated study to the understanding of the Gellnerian concept of “modular man”. The hypothesis under consideration here is that the modular conception of individuals denotes, at least, an ambiguous notion of modern freedom. It points to an opening that unties individuals from previous social chains, but at the same time it manifests itself as a requirement for constant adaptation. As adaptation, is it freedom? To explore this hypothesis, three research objectives were pursued. First, to understand the general concept of modularity, only to find that there is no “modularity” in the singular, but “modularities” in the plural. Second, to reconstitute the Gellnerian concept of “modular man” through the understanding of the role of metaphor, the wide range of Gellner's works on modernity, and the echo in the critical reception of the concept until now. And, finally, to bring to reflection work as a key dimension for thinking freedom under the modular condition.Repositório da Universidade de LisboaPalma, Inês2021-05-17T13:38:46Z2021-05-042021-03-032021-05-04T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/47923TID:202723631pormetadata only accessinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T16:51:06Zoai:repositorio.ul.pt:10451/47923Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T21:59:51.382935Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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