O livro e a arte: a iconografia do livro na pintura em Portugal no tempo do Renascimento (1500-1580)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Graça, Ana Catarina da Silva
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/24468
Resumo: O estudo do Livro como objecto artístico e a sua representação na pintura tem merecido pouca atenção por parte dos investigadores em Portugal. Todavia, existem algumas obras que fornecem uma pequena introdução para quem deseje prosseguir com este estudo. Sendo o livro um objecto que aparece representado constantemente na pintura, na escultura, no desenho, na gravura, no azulejo entre outros géneros, escolheu-se a arte da pintura por ser o melhor e o mais constante testemunho (para além do livro real), de como era o livro em cada época, ainda que alterado com a passagem do tempo. Se durante a Idade Média a iconografia do livro era sobretudo uma representação simbólica, onde a palavra era passada através da carne (Santíssima Trindade), como um livro “fechado”, íntimo, pouco acessível, a situação altera-se a partir dos últimos anos que marcaram o ocaso da medievalidade e os primeiros alvores Idade Moderna. O livro e a palavra passam a ser elementos centrais de uma representação real, apresentando-se “aberto”, acessível a todos os que o pudessem entender, sendo esta evolução fulcral para se identificarem elementos e, caso seja possível, encontrar um ponto de união com a realidade. A presença do livro também marca a ideia de uma sociedade hierarquizada, sendo o poder político e/ou o religioso também afirmado desta forma. A representação elogia o livro, o homem-livro, e associa o saber à palavra. O livro é a chave que dá sentido à obra mas, ao mesmo tempo, a leitura esconde algo do espectador. A leitura e o livro são misteriosos, menos transparentes no seu saber. Susceptíveis de dar respostas, são enigmáticos, e forçam o leitor a interrogar-se, colocando-o no infinito; se eu leio, tenho dúvidas. Mas o livro é mais que um objecto. É também uma sequência de momentos, um símbolo e linguagem espaço-temporal. E uma vez que é linguagem, é matriz de sensibilidade. A representação do livro, seja o manuscrito ou o impresso, reflecte uma conotação simbólica e metafórica. O livro tem uma carga mítica e peso cultural, caracteriza hábitos e costumes, personifica épocas e intenções científicas, impõe-se como uma necessidade, resiste a modas e prolonga-se no tempo.
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Se durante a Idade Média a iconografia do livro era sobretudo uma representação simbólica, onde a palavra era passada através da carne (Santíssima Trindade), como um livro “fechado”, íntimo, pouco acessível, a situação altera-se a partir dos últimos anos que marcaram o ocaso da medievalidade e os primeiros alvores Idade Moderna. O livro e a palavra passam a ser elementos centrais de uma representação real, apresentando-se “aberto”, acessível a todos os que o pudessem entender, sendo esta evolução fulcral para se identificarem elementos e, caso seja possível, encontrar um ponto de união com a realidade. A presença do livro também marca a ideia de uma sociedade hierarquizada, sendo o poder político e/ou o religioso também afirmado desta forma. A representação elogia o livro, o homem-livro, e associa o saber à palavra. O livro é a chave que dá sentido à obra mas, ao mesmo tempo, a leitura esconde algo do espectador. A leitura e o livro são misteriosos, menos transparentes no seu saber. Susceptíveis de dar respostas, são enigmáticos, e forçam o leitor a interrogar-se, colocando-o no infinito; se eu leio, tenho dúvidas. Mas o livro é mais que um objecto. É também uma sequência de momentos, um símbolo e linguagem espaço-temporal. E uma vez que é linguagem, é matriz de sensibilidade. A representação do livro, seja o manuscrito ou o impresso, reflecte uma conotação simbólica e metafórica. O livro tem uma carga mítica e peso cultural, caracteriza hábitos e costumes, personifica épocas e intenções científicas, impõe-se como uma necessidade, resiste a modas e prolonga-se no tempo.Abstract: The study of the Book as an art object and its representation in painting, has received very few consideration from researchers all over Portugal. However, there are some books that provide a brief introduction for those who want to proceed with this study. Being the book an object that constantly appears in the painting, sculpture, drawing, engraving, tiled, among other genres, we chose to pick up the painting, because it is the best “witness” and the most constant (except the real book), how as the book in which time, even if changed with the passage of time. The representation of the book, either handwritten or printed, reflects a symbolic and metaphorical connotation. The book has a mythical and cultural weight load, featuring customs and manners, times and embodies scientific intentions, which are imposed as a necessity, resisting fashions and extends in time. The presence of the book also marks the idea of an hierarchical society, being the political and/or religious power also stated this way. The representation praises the book, the man-book and associates knowledge to the word. The book is the key that gives meaning to the work, but at the same time, reading hides something from the spectator. Reading and the book are mysterious, less transparent in their knowledge. Likely to give answers, they are cryptic, and force the reader to question himself, placing him in the infinity; if I read, I have doubts. But the book is more than an object. It is also a sequence of moments, a symbol and space-temporal language. And since it is a language, it a sort of a sensitivity matrix. If during the Middle Ages the iconography of the book was above all a symbolic representation, where the word was passed through the flesh (Holy Trinity) as a "closed", intimate, unfamiliar, the situation changes from the last years that marked the demise of medieval book and the first dawn of the Modern Age, and the book and the word become central elements and a real representation, becoming "open", accessible to everyone who could understand it, which is crucial to identify the evolution of its elements and, if possible, to find a point of union with reality.Serrão, VítorCurto, Diogo RamadaRepositório da Universidade de LisboaGraça, Ana Catarina da Silva2016-07-28T10:46:25Z2016-04-082015-10-302016-04-08T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/24468TID:201155494porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T16:13:20Zoai:repositorio.ul.pt:10451/24468Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T21:41:36.293375Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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