As imagens técnicas e o devir fantasmático da visão moderna: da génese de uma modernidade assombrada à obra de Harun Farocki
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2014 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10400.21/8400 |
Resumo: | Talvez nunca como hoje o dictum de Paul Klee, «a arte não reproduz o visível, torna visível»1, tenha ganho um sentido tão material e concreto. As práticas artísticas contemporâneas, cujas táticas se fundamentam numa ideia de arte constitutivamente política (Agamben2), vêm-se ocupando do invisível enquanto substrato operativo e fantasmático produzido pelas tecnologias visuais emergentes. A carta de Gilbet Simondon a Jacques Derrida, datada de 3 de julho de 1982, sobre Tecno-Estética, revela a sua vontade de revitalização da filosofia contemporânea, a qual, no entendimento de Simondon, deve fundar-se num «pensamento dos interfaces, onde nada deve ser excluído a priori» (Simondon: 1. [Sublinhado nosso]). Traduzindo-se numa nova categoria de objetos produzidos pela fusão intercategorial da técnica e da estética, objetos perfeitamente funcionais, bem sucedidos e belos (idem). Se no âmbito da estética a contemplação do belo é um fim em si mesmo, na perspetiva da tecno-estética a contemplação não é tida como categoria principal, porquanto é «no uso, na ação, que o objeto se torna orgásmico, mediação tátil e motor da estimulação (…) É um tipo de intuição que é perceptivo-motora e sensorial. O corpo do operador dá e recebe. Mesmo uma máquina como o torno ou fresadora produz essa sensação particular. Existe todo um conjunto sensorial de ferramentas de todos os tipos (…) com o seu próprio conjunto de sensações.» (idem: 3). Existe portanto um espectro contínuo que liga a estética e a técnica, e nenhum objeto técnico é indiferente à nossa necessidade estética. A eletricidade não é um objeto, «mas pode tornar-se uma fonte de aesthesis quando mediada por um instrumento adequado que lhe permita atingir os órgãos dos sentidos.» (idem: 5). A noção de tecno-estética possibilita-nos assim enquadrar a relação “sinestésica” entre os desenvolvimentos tecno-científicos e a sua assombração estética nas diversas fases da modernidade. Desde a invenção da lanterna mágica no séc. XVII, e das apresentações públicas sob a forma de Fantasmagorias, que a emanação espectacular da técnica conflui com um modo tecnológico de fruição estética. |
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