Um jardim punk no bairro de Alvalade: de símbolo do Estado Novo a ícone do punk rock português

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Moura, Luiz Alberto
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: https://hdl.handle.net/1822/78682
Resumo: Este artigo propõe lançar um olhar sobre o bairro lisboeta de Alvalade como um dos pontos mais emblemáticos do despoletar do punk rock português por volta do fim dos anos 1970. Procuramos identificar de que modo um novo conceito urbano aplicado e o cotidiano do local ajudaram a fomentar e a disseminar o estilo musical que tomou de assalto o imaginário juvenil português vindo diretamente do Reino Unido. Pretendemos visualizar também as condições urbanas e as contradições de Alvalade, bairro idealizado pelo Estado Novo, ou seja, criado pelo regime ditatorial de Salazar, que tornar-se-á ao longo dos anos e, contrariamente ao desejo do sistema, um centro de ideias e de contestação. Inicialmente propagado em Portugal pelo radialista António Sérgio, o punk rock se espalhou rapidamente pelas ruas de Alvalade através das mãos de jovens oriundos de famílias de bons rendimentos que lá se instalaram a partir dos anos 1960. Destacam-se as histórias de João Ribas, mítico vocalista de três das bandas mais importantes do estilo no país (Kú de Judas, Censurados e Tara Perdida, todas nascidas em Alvalade), do Jardim de Alvalade e do Café Vá-Vá, ponto de encontro da nova intelectualidade lusa na década de 1960, que se torna anos mais tarde o epicentro e ponto de referência para jovens sedentos por cultura, de informação e de rebeldia.
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spelling Um jardim punk no bairro de Alvalade: de símbolo do Estado Novo a ícone do punk rock portuguêsA punk garden in the neighbourhood of Alvalade: from a Estado Novo’s symbol to an icon of Portuguese punk rockUn jardin punk dans le quartier d'Alvalade: d'un symbole du Estado Novo à une icône du punk-rock portugaisUn jardín punk en el barrio de Alvalade: del símbolo de Estado Novo a icono del punk rock portuguésPunkCidadesJuventudeEspaço urbanoRebeldiaCitiesYouthUrban spaceRebellionVillesJeunesseEspace urbainRebellionCiudadesJuventudEspacio urbanoRebeliónCiências Sociais::SociologiaCiências Sociais::Ciências da ComunicaçãoEste artigo propõe lançar um olhar sobre o bairro lisboeta de Alvalade como um dos pontos mais emblemáticos do despoletar do punk rock português por volta do fim dos anos 1970. Procuramos identificar de que modo um novo conceito urbano aplicado e o cotidiano do local ajudaram a fomentar e a disseminar o estilo musical que tomou de assalto o imaginário juvenil português vindo diretamente do Reino Unido. Pretendemos visualizar também as condições urbanas e as contradições de Alvalade, bairro idealizado pelo Estado Novo, ou seja, criado pelo regime ditatorial de Salazar, que tornar-se-á ao longo dos anos e, contrariamente ao desejo do sistema, um centro de ideias e de contestação. Inicialmente propagado em Portugal pelo radialista António Sérgio, o punk rock se espalhou rapidamente pelas ruas de Alvalade através das mãos de jovens oriundos de famílias de bons rendimentos que lá se instalaram a partir dos anos 1960. Destacam-se as histórias de João Ribas, mítico vocalista de três das bandas mais importantes do estilo no país (Kú de Judas, Censurados e Tara Perdida, todas nascidas em Alvalade), do Jardim de Alvalade e do Café Vá-Vá, ponto de encontro da nova intelectualidade lusa na década de 1960, que se torna anos mais tarde o epicentro e ponto de referência para jovens sedentos por cultura, de informação e de rebeldia.This article aims to look at the Lisbon neighbourhood of Alvalade as one of the most emblematic points of Portuguese punk rock, circa the late 70’s. We’ll try to identify how a new urban concept and the neighbourhood daily life helped to foment and to disseminate a new musical style that came directly from the United Kingdom. The purpose of this paper is also to visualize the urban conditions and contradictions of Alvalade, a place that was idealized by the Estado Novo, that is, created under the dictatorial regime of Salazar, which will become over the years and, contrary to the desire of the System, a center of ideas, rejuvenation of Portuguese music and contestation. Initially propagated in Portugal by radio broadcaster António Sérgio, punk rock quickly spread through the streets of Alvalade through the hands of young people born in wealthy families who settled there in the 1960s. Highlights in this journey are the stories of João Ribas, mythical vocalist from three of the most important bands in the country (Kú de Judas, Censurados and Tara Perdida, all created in Alvalade), Jardim de Alvalade and Café Vá-Vá, meeting points for the new Portuguese intelligentsia in the 1960, which will become, years later, the epicenter and reference point for young people hungry for culture, information and rebellion.Cet article met en lumière le quartier d'Alvalade à Lisbonne, l'un des points les plus emblématiques du punk rock portugais, vers la fin des années 70. Il tentera d'identifier comment un nouveau concept urbain et la vie quotidienne du quartier ont contribué à promouvoir et à diffuser un nouveau style musical venu directement du Royaume-Uni grâce à des relations nouvellement nouées. Cet article vise également à faire découvrir les conditions urbaines et les contradictions d'Alvalade: à partir d'un projet immobilier idéalisé par l'Estado Novo, le régime dictatorial de Salazar, le quartier devient au fil des années et contrairement à la conception originale, une plaque tournante d'idées novatrices, de contestation et du renouvellement de la musique portugaise. Le punk rock se fit initialement connaître au Portugal grâce à l'animateur radio António Sérgio, et se propagea rapidement dans les rues d'Alvalade par l'intermédiaire de jeunes gens issus de familles riches qui s'y étaient installées dans les années 1960. Les moments forts de ce périple sont les histoires de João Ribas, chanteur mythique de trois des groupes les plus célèbres du pays (Kú de Judas, Censurados et Tara Perdida, tous originaires d'Alvalade), du Jardim de Alvalade et du Café Vá-Vá, points de rencontre de la nouvelle intelligentsia portugaise dans les années 1960, et qui deviendront, des années plus tard, l'épicentre et le point de référence pour les jeunes avides de culture, d'information et de rébellion.Este trabajo tiene como objetivo echar un vistazo al barrio de Alvalade de Lisboa, uno de los puntos más emblemáticos del punk rock portugués, hacia finales de los años 70. Intentaré identificar cómo un nuevo concepto urbano y la vida cotidiana del vecindario contribuyeron a fomentar y difundir un nuevo estilo musical que vino directamente del Reino Unido a través de relaciones recién forjadas. Este documento, también, revela las condiciones urbanas y las contradicciones de Alvalade: un proyecto de vivienda idealizado por el Estado Novo, el régimen dictatorial de Salazar, que, a lo largo de los años, y al contrario del diseño original, se convierte en un centro de ideas, cuestión y rejuvenecimiento de la música portuguesa. Inicialmente propagado en Portugal por el locutor de radio António Sérgio, el punk rock se extendió rápidamente por las calles de Alvalade a través de los jóvenes nacidos en familias acomodadas que se establecieron allí en la década de 1960. Lo más destacado de este viaje son las historias de João Ribas, vocalista mítico de tres de las bandas más importantes del país (Kú de Judas, Censurados y Tara Perdida, todas nacidas en Alvalade), Jardim de Alvalade y Café Vá-Vá, puntos de encuentro para la nueva inteligentsia portuguesa en el 1960, que se convertirá, años más tarde, en el epicentro y el punto de referencia para los jóvenes hambrientos de cultura, información y rebelión.O presente artigo insere-se num projeto em curso, desenvolvido com o apoio financeiro da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), através da bolsa individual de doutoramento com a referência SFRH/BD/145843/2019.Universidade do Porto. Faculdade de Letras (FLUP)Universidade do MinhoMoura, Luiz Alberto20192019-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttps://hdl.handle.net/1822/78682porMoura, L. A. (2021). Um jardim punk no bairro de alvalade: de símbolo do estado novo a ícone do Punk Rock português. Todas as Artes: Revista Luso-Brasileira de Artes e Cultura, 2(2), 81-97. https://doi.org/10.21747/21843805/ta2n2a62184-380510.21747/21843805/ta2n2a6https://ojs.letras.up.pt/index.php/taa/article/view/6614info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-07-21T12:53:15Zoai:repositorium.sdum.uminho.pt:1822/78682Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T19:52:35.288002Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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