A situação dos Bibliotecários - dois diplomas em perfeita contradição

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: BAD, Cadernos
Data de Publicação: 2004
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: https://doi.org/10.48798/cadernosbad.1013
Resumo: Finalmente começou-a ser feita justiça aos bibliotecários e arquivistas portugueses. Estes aspiram há muito a serem equiparados, para efeitos de vencimento e até de dignidade profissional, aos restantes técnicos do Estado - engenheiros, agrónomos, meteorologistas, arquitectos, etc. Mas incompreensivelmente tal objectivo não se tem alcançado, o que leva a desinteresse por uma carreira. Felizmente que foi publicado um diploma pelo Ministério do Ultramar (Diário do GovernoI Série, 5 de Julho de 1965, decreto 46421) no qual se atribui ao engenheiro de 1ª classe e ao bibliotecário dos Serviços Geológicos de Angola e Moçambique a mesma categoria, ou seja, a letra F, para efeitos de ordenados. Ainda bem que se começou a reconhecer um estado de coisas que era de uma injustiça gritante, tanto mais que este diploma com sucessivas alterações posteriores (Decreto nº 47239, de 4 de Outubro de 1966, e ainda nº 48333, de 15 de Abril de 1968) manteve sempre inalterada a posição do Bibliotecário, ou seja o correspondente à letra F. Portanto é este o primeiro diploma na legislação portuguesa a reconhecer ao bibliotecário-arquivista a sua equiparação aos outros técnicos do Estado. A partir deste momento parecia que estava definitivamente assente o critério. Pelo menos tudo levava a supor que o Ministério do Ultramar já tinha definido uma perfeita linha de acção neste capítulo. Pois bem, com pasmo geral, publicou o mesmo Ministério, o Decreto nº 48 198, de 11 de Janeiro de 1968, relativo aos Serviços de Agricultura e Florestas, onde tudo se altera por completo! Neste último diploma inclui-se o bibliotecário no pessoal técnico médio a vencer um ordenado da letra H! Quer dizer, o mesmo Ministério dá dois tratamentos antagónicos à mesma função. Num dá-lhe a letra F, no outro atira-o para a letra H, designando-o por técnico médio, enquanto no primeiro o colocou na posição devida - técnico superior do Estado. Mas que dizer desta incongruência? Estamos certos que a mesma será apenas filha destes imponderáveis legislativos em que são tão férteis as máquinas burocráticas. Portanto estamos firmemente seguros de que o sr. Ministro do Ultramar que já reconheceu pelo diploma relativo aos Serviços Geológicos a alta função do bibliotecário, saberá agora reparar este lapso do diploma que remodelou os Serviços de Agricultura e Florestas do Ultramar. Sua Excelência, a quem Cadernos já tiveram a honra de dirigir em 22 de Janeiro p. p. um ofício a expor esta anomalia, vai com certeza reparar tal falha e reconhecer, com o seu critério de justiça, a alta missão que o Bibliotecário e o Arquivista desempenham em territórios onde a organização e o planeamento, bases seguras de toda a nossa acção, são as forças impulsionadoras de um progresso autêntico.
id RCAP_9ba48c929a5afb0530af9a0fcf8b489d
oai_identifier_str oai:publicacoes.bad.pt/revistas:article/1013
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling A situação dos Bibliotecários - dois diplomas em perfeita contradiçãoEditorialFinalmente começou-a ser feita justiça aos bibliotecários e arquivistas portugueses. Estes aspiram há muito a serem equiparados, para efeitos de vencimento e até de dignidade profissional, aos restantes técnicos do Estado - engenheiros, agrónomos, meteorologistas, arquitectos, etc. Mas incompreensivelmente tal objectivo não se tem alcançado, o que leva a desinteresse por uma carreira. Felizmente que foi publicado um diploma pelo Ministério do Ultramar (Diário do GovernoI Série, 5 de Julho de 1965, decreto 46421) no qual se atribui ao engenheiro de 1ª classe e ao bibliotecário dos Serviços Geológicos de Angola e Moçambique a mesma categoria, ou seja, a letra F, para efeitos de ordenados. Ainda bem que se começou a reconhecer um estado de coisas que era de uma injustiça gritante, tanto mais que este diploma com sucessivas alterações posteriores (Decreto nº 47239, de 4 de Outubro de 1966, e ainda nº 48333, de 15 de Abril de 1968) manteve sempre inalterada a posição do Bibliotecário, ou seja o correspondente à letra F. Portanto é este o primeiro diploma na legislação portuguesa a reconhecer ao bibliotecário-arquivista a sua equiparação aos outros técnicos do Estado. A partir deste momento parecia que estava definitivamente assente o critério. Pelo menos tudo levava a supor que o Ministério do Ultramar já tinha definido uma perfeita linha de acção neste capítulo. Pois bem, com pasmo geral, publicou o mesmo Ministério, o Decreto nº 48 198, de 11 de Janeiro de 1968, relativo aos Serviços de Agricultura e Florestas, onde tudo se altera por completo! Neste último diploma inclui-se o bibliotecário no pessoal técnico médio a vencer um ordenado da letra H! Quer dizer, o mesmo Ministério dá dois tratamentos antagónicos à mesma função. Num dá-lhe a letra F, no outro atira-o para a letra H, designando-o por técnico médio, enquanto no primeiro o colocou na posição devida - técnico superior do Estado. Mas que dizer desta incongruência? Estamos certos que a mesma será apenas filha destes imponderáveis legislativos em que são tão férteis as máquinas burocráticas. Portanto estamos firmemente seguros de que o sr. Ministro do Ultramar que já reconheceu pelo diploma relativo aos Serviços Geológicos a alta função do bibliotecário, saberá agora reparar este lapso do diploma que remodelou os Serviços de Agricultura e Florestas do Ultramar. Sua Excelência, a quem Cadernos já tiveram a honra de dirigir em 22 de Janeiro p. p. um ofício a expor esta anomalia, vai com certeza reparar tal falha e reconhecer, com o seu critério de justiça, a alta missão que o Bibliotecário e o Arquivista desempenham em territórios onde a organização e o planeamento, bases seguras de toda a nossa acção, são as forças impulsionadoras de um progresso autêntico.BAD2004-07-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articlehttps://doi.org/10.48798/cadernosbad.1013por1645-28950007-9421BAD, Cadernosinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2022-09-20T15:10:55Zoai:publicacoes.bad.pt/revistas:article/1013Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T15:50:31.014445Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv A situação dos Bibliotecários - dois diplomas em perfeita contradição
title A situação dos Bibliotecários - dois diplomas em perfeita contradição
spellingShingle A situação dos Bibliotecários - dois diplomas em perfeita contradição
BAD, Cadernos
Editorial
title_short A situação dos Bibliotecários - dois diplomas em perfeita contradição
title_full A situação dos Bibliotecários - dois diplomas em perfeita contradição
title_fullStr A situação dos Bibliotecários - dois diplomas em perfeita contradição
title_full_unstemmed A situação dos Bibliotecários - dois diplomas em perfeita contradição
title_sort A situação dos Bibliotecários - dois diplomas em perfeita contradição
author BAD, Cadernos
author_facet BAD, Cadernos
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv BAD, Cadernos
dc.subject.por.fl_str_mv Editorial
topic Editorial
description Finalmente começou-a ser feita justiça aos bibliotecários e arquivistas portugueses. Estes aspiram há muito a serem equiparados, para efeitos de vencimento e até de dignidade profissional, aos restantes técnicos do Estado - engenheiros, agrónomos, meteorologistas, arquitectos, etc. Mas incompreensivelmente tal objectivo não se tem alcançado, o que leva a desinteresse por uma carreira. Felizmente que foi publicado um diploma pelo Ministério do Ultramar (Diário do GovernoI Série, 5 de Julho de 1965, decreto 46421) no qual se atribui ao engenheiro de 1ª classe e ao bibliotecário dos Serviços Geológicos de Angola e Moçambique a mesma categoria, ou seja, a letra F, para efeitos de ordenados. Ainda bem que se começou a reconhecer um estado de coisas que era de uma injustiça gritante, tanto mais que este diploma com sucessivas alterações posteriores (Decreto nº 47239, de 4 de Outubro de 1966, e ainda nº 48333, de 15 de Abril de 1968) manteve sempre inalterada a posição do Bibliotecário, ou seja o correspondente à letra F. Portanto é este o primeiro diploma na legislação portuguesa a reconhecer ao bibliotecário-arquivista a sua equiparação aos outros técnicos do Estado. A partir deste momento parecia que estava definitivamente assente o critério. Pelo menos tudo levava a supor que o Ministério do Ultramar já tinha definido uma perfeita linha de acção neste capítulo. Pois bem, com pasmo geral, publicou o mesmo Ministério, o Decreto nº 48 198, de 11 de Janeiro de 1968, relativo aos Serviços de Agricultura e Florestas, onde tudo se altera por completo! Neste último diploma inclui-se o bibliotecário no pessoal técnico médio a vencer um ordenado da letra H! Quer dizer, o mesmo Ministério dá dois tratamentos antagónicos à mesma função. Num dá-lhe a letra F, no outro atira-o para a letra H, designando-o por técnico médio, enquanto no primeiro o colocou na posição devida - técnico superior do Estado. Mas que dizer desta incongruência? Estamos certos que a mesma será apenas filha destes imponderáveis legislativos em que são tão férteis as máquinas burocráticas. Portanto estamos firmemente seguros de que o sr. Ministro do Ultramar que já reconheceu pelo diploma relativo aos Serviços Geológicos a alta função do bibliotecário, saberá agora reparar este lapso do diploma que remodelou os Serviços de Agricultura e Florestas do Ultramar. Sua Excelência, a quem Cadernos já tiveram a honra de dirigir em 22 de Janeiro p. p. um ofício a expor esta anomalia, vai com certeza reparar tal falha e reconhecer, com o seu critério de justiça, a alta missão que o Bibliotecário e o Arquivista desempenham em territórios onde a organização e o planeamento, bases seguras de toda a nossa acção, são as forças impulsionadoras de um progresso autêntico.
publishDate 2004
dc.date.none.fl_str_mv 2004-07-01T00:00:00Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://doi.org/10.48798/cadernosbad.1013
url https://doi.org/10.48798/cadernosbad.1013
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv 1645-2895
0007-9421
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv BAD
publisher.none.fl_str_mv BAD
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799130368825098240