Zonas concelhias homogéneas no Alentejo: contributo para a definição de uma política de desenvolvimento regional

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Fonseca, Paulo Alexandre Lucas da
Data de Publicação: 1998
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10174/13318
Resumo: Introdução - O presente trabalho vem a lume num momento em que se discute, no nosso país, um eventual processo de regionalização. Da panóplia argumentativa pró e contra esta reforma administrativa, merece-nos destaque a discussão sobre a maior ou menor unidade nacional. Para uns, Portugal é um país uno, sem profundos contrastes regionais, que, a regionalizar, poderia descambar em vícios separatistas exacerbados. Os que assim opinam, lembrando o caso do país vizinho, são contra aquela reforma. Para outros, a unidade nacional e a falta de tradição regionalista no nosso país são argumentos falaciosos, não consonantes com um Estado democrático que pretendem descentralizado e mais próximo dos cidadãos. Para estes, a regionalização é fundamental e inadiável. Para nós, a regionalização do país, com aquilo que ela possa ter de positivo ou de negativo, é uma questão, ainda assim, secundária. Entendê-mo-la assim, porque num país de fortes assimetrias regionais económicas e sociais, de onde sobressai o contraste litoral-interior continental, interessa-nos, particularmente, o direccionamento da política nacional para a minimização daquelas assimetrias. Com ou sem regionalização, o cerne da questão regional reside, na nossa opinião, nos fins e não nos meios. E, se neste caso, para alguns, os fins justificam os meios, diremos que nem os primeiros podem ser confundidos com os segundos, nem os segundos devem perpetuar o adiamento dos primeiros. Os esforços deverão centrar-se, antes de mais, no delineamento de uma política nacional de desenvolvimento regional, com opção pela clara discriminação positiva das regiões menos desenvolvidas. 0 equilíbrio dos hiatos economicosociais do território nacional, contrastantes com a sua homogeneidade etnicocultural, deverá constituir-se no propósito essencial de uma política que, muito teorizada, está por praticar. Paradoxalmente, a opção política aqui explicitada em prol do desenvolvimento das regiões mais carenciadas, afigura-se-nos como a única via que possibilitará a resolução efectiva dos problemas crescentes que alguns dos principais centros urbanos do país vêm defrontando. No essencial, problemas ambientais induzidos pelo congestionamento urbano e problemas sociais de habitação, desemprego, marginalidade e exclusão social. Não faz sentido, a nosso ver, canalizar cada vez mais e mais investimentos para estes centros na tentativa de se solucionar (ou remediar) aqueles problemas, já que é a reprodução deste investimento que, ao torná-los mais atractivos, perpetua e acentua aqueles problemas. Mais cedo ou mais tarde, a falta de solidariedade para com os que foram sendo secularmente desprivilegiados, dará lugar a uma descoberta e usufruto da qualidade de vida ambiental que caracteriza, de uma forma geral, o interior do continente. E este é um fenómeno que, embora ainda pontualmente, já se vai verificando. Não sendo, no entanto, o resultado de uma opção política, este será um processo natural, espontâneo, mais demorado do que o exigível. Não falta, aliás, quem anteveja nesta demora o germe de possíveis conflitualidades regionais futuras, alimentadas pela frustração de ambições sucessivamente adiadas. Na concretização da profecia, o argumento da unidade nacional na boca dos que, hoje, recusam a regionalização não mais poderia ser usado. Neste sentido, o presente trabalho pretende contribuir para um maior conhecimento da realidade economico-social de uma região do continente português - o Alentejo - que, no contexto regional do país, se destaca por um estádio de desenvolvimento muito deficitário. Um conhecimento que, mediante a análise das realidades infra-regionais, sustente acções estratégicas de longo prazo, em detrimento da lógica imediatista, que articule intervenções sectorialmente abrangentes e ultrapasse a perspectiva meramente economicista, que permita apoiar exogenamente as potencialidades endógenas, que fomente, em suma, o desenvolvimento integrado daquela região. Este é um trabalho que, sob a forma de dissertação final do Primeiro Curso de Mestrado em Sociologia da Universidade de Évora, contou na sua realização com algumas facilidades e com algumas adversidades.
id RCAP_9ed360a9d086889228d50b0a2632d2a9
oai_identifier_str oai:dspace.uevora.pt:10174/13318
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling Zonas concelhias homogéneas no Alentejo: contributo para a definição de uma política de desenvolvimento regionalDesenvolvimento regionalAlentejo (Portugal)Introdução - O presente trabalho vem a lume num momento em que se discute, no nosso país, um eventual processo de regionalização. Da panóplia argumentativa pró e contra esta reforma administrativa, merece-nos destaque a discussão sobre a maior ou menor unidade nacional. Para uns, Portugal é um país uno, sem profundos contrastes regionais, que, a regionalizar, poderia descambar em vícios separatistas exacerbados. Os que assim opinam, lembrando o caso do país vizinho, são contra aquela reforma. Para outros, a unidade nacional e a falta de tradição regionalista no nosso país são argumentos falaciosos, não consonantes com um Estado democrático que pretendem descentralizado e mais próximo dos cidadãos. Para estes, a regionalização é fundamental e inadiável. Para nós, a regionalização do país, com aquilo que ela possa ter de positivo ou de negativo, é uma questão, ainda assim, secundária. Entendê-mo-la assim, porque num país de fortes assimetrias regionais económicas e sociais, de onde sobressai o contraste litoral-interior continental, interessa-nos, particularmente, o direccionamento da política nacional para a minimização daquelas assimetrias. Com ou sem regionalização, o cerne da questão regional reside, na nossa opinião, nos fins e não nos meios. E, se neste caso, para alguns, os fins justificam os meios, diremos que nem os primeiros podem ser confundidos com os segundos, nem os segundos devem perpetuar o adiamento dos primeiros. Os esforços deverão centrar-se, antes de mais, no delineamento de uma política nacional de desenvolvimento regional, com opção pela clara discriminação positiva das regiões menos desenvolvidas. 0 equilíbrio dos hiatos economicosociais do território nacional, contrastantes com a sua homogeneidade etnicocultural, deverá constituir-se no propósito essencial de uma política que, muito teorizada, está por praticar. Paradoxalmente, a opção política aqui explicitada em prol do desenvolvimento das regiões mais carenciadas, afigura-se-nos como a única via que possibilitará a resolução efectiva dos problemas crescentes que alguns dos principais centros urbanos do país vêm defrontando. No essencial, problemas ambientais induzidos pelo congestionamento urbano e problemas sociais de habitação, desemprego, marginalidade e exclusão social. Não faz sentido, a nosso ver, canalizar cada vez mais e mais investimentos para estes centros na tentativa de se solucionar (ou remediar) aqueles problemas, já que é a reprodução deste investimento que, ao torná-los mais atractivos, perpetua e acentua aqueles problemas. Mais cedo ou mais tarde, a falta de solidariedade para com os que foram sendo secularmente desprivilegiados, dará lugar a uma descoberta e usufruto da qualidade de vida ambiental que caracteriza, de uma forma geral, o interior do continente. E este é um fenómeno que, embora ainda pontualmente, já se vai verificando. Não sendo, no entanto, o resultado de uma opção política, este será um processo natural, espontâneo, mais demorado do que o exigível. Não falta, aliás, quem anteveja nesta demora o germe de possíveis conflitualidades regionais futuras, alimentadas pela frustração de ambições sucessivamente adiadas. Na concretização da profecia, o argumento da unidade nacional na boca dos que, hoje, recusam a regionalização não mais poderia ser usado. Neste sentido, o presente trabalho pretende contribuir para um maior conhecimento da realidade economico-social de uma região do continente português - o Alentejo - que, no contexto regional do país, se destaca por um estádio de desenvolvimento muito deficitário. Um conhecimento que, mediante a análise das realidades infra-regionais, sustente acções estratégicas de longo prazo, em detrimento da lógica imediatista, que articule intervenções sectorialmente abrangentes e ultrapasse a perspectiva meramente economicista, que permita apoiar exogenamente as potencialidades endógenas, que fomente, em suma, o desenvolvimento integrado daquela região. Este é um trabalho que, sob a forma de dissertação final do Primeiro Curso de Mestrado em Sociologia da Universidade de Évora, contou na sua realização com algumas facilidades e com algumas adversidades.Universidade de Évora2015-03-13T13:06:45Z2015-03-131998-03-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesishttp://hdl.handle.net/10174/13318http://hdl.handle.net/10174/13318pordep sociologiateses@bib.uevora.pt686Fonseca, Paulo Alexandre Lucas dainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-01-03T18:57:38Zoai:dspace.uevora.pt:10174/13318Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T01:06:18.154434Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv Zonas concelhias homogéneas no Alentejo: contributo para a definição de uma política de desenvolvimento regional
title Zonas concelhias homogéneas no Alentejo: contributo para a definição de uma política de desenvolvimento regional
spellingShingle Zonas concelhias homogéneas no Alentejo: contributo para a definição de uma política de desenvolvimento regional
Fonseca, Paulo Alexandre Lucas da
Desenvolvimento regional
Alentejo (Portugal)
title_short Zonas concelhias homogéneas no Alentejo: contributo para a definição de uma política de desenvolvimento regional
title_full Zonas concelhias homogéneas no Alentejo: contributo para a definição de uma política de desenvolvimento regional
title_fullStr Zonas concelhias homogéneas no Alentejo: contributo para a definição de uma política de desenvolvimento regional
title_full_unstemmed Zonas concelhias homogéneas no Alentejo: contributo para a definição de uma política de desenvolvimento regional
title_sort Zonas concelhias homogéneas no Alentejo: contributo para a definição de uma política de desenvolvimento regional
author Fonseca, Paulo Alexandre Lucas da
author_facet Fonseca, Paulo Alexandre Lucas da
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Fonseca, Paulo Alexandre Lucas da
dc.subject.por.fl_str_mv Desenvolvimento regional
Alentejo (Portugal)
topic Desenvolvimento regional
Alentejo (Portugal)
description Introdução - O presente trabalho vem a lume num momento em que se discute, no nosso país, um eventual processo de regionalização. Da panóplia argumentativa pró e contra esta reforma administrativa, merece-nos destaque a discussão sobre a maior ou menor unidade nacional. Para uns, Portugal é um país uno, sem profundos contrastes regionais, que, a regionalizar, poderia descambar em vícios separatistas exacerbados. Os que assim opinam, lembrando o caso do país vizinho, são contra aquela reforma. Para outros, a unidade nacional e a falta de tradição regionalista no nosso país são argumentos falaciosos, não consonantes com um Estado democrático que pretendem descentralizado e mais próximo dos cidadãos. Para estes, a regionalização é fundamental e inadiável. Para nós, a regionalização do país, com aquilo que ela possa ter de positivo ou de negativo, é uma questão, ainda assim, secundária. Entendê-mo-la assim, porque num país de fortes assimetrias regionais económicas e sociais, de onde sobressai o contraste litoral-interior continental, interessa-nos, particularmente, o direccionamento da política nacional para a minimização daquelas assimetrias. Com ou sem regionalização, o cerne da questão regional reside, na nossa opinião, nos fins e não nos meios. E, se neste caso, para alguns, os fins justificam os meios, diremos que nem os primeiros podem ser confundidos com os segundos, nem os segundos devem perpetuar o adiamento dos primeiros. Os esforços deverão centrar-se, antes de mais, no delineamento de uma política nacional de desenvolvimento regional, com opção pela clara discriminação positiva das regiões menos desenvolvidas. 0 equilíbrio dos hiatos economicosociais do território nacional, contrastantes com a sua homogeneidade etnicocultural, deverá constituir-se no propósito essencial de uma política que, muito teorizada, está por praticar. Paradoxalmente, a opção política aqui explicitada em prol do desenvolvimento das regiões mais carenciadas, afigura-se-nos como a única via que possibilitará a resolução efectiva dos problemas crescentes que alguns dos principais centros urbanos do país vêm defrontando. No essencial, problemas ambientais induzidos pelo congestionamento urbano e problemas sociais de habitação, desemprego, marginalidade e exclusão social. Não faz sentido, a nosso ver, canalizar cada vez mais e mais investimentos para estes centros na tentativa de se solucionar (ou remediar) aqueles problemas, já que é a reprodução deste investimento que, ao torná-los mais atractivos, perpetua e acentua aqueles problemas. Mais cedo ou mais tarde, a falta de solidariedade para com os que foram sendo secularmente desprivilegiados, dará lugar a uma descoberta e usufruto da qualidade de vida ambiental que caracteriza, de uma forma geral, o interior do continente. E este é um fenómeno que, embora ainda pontualmente, já se vai verificando. Não sendo, no entanto, o resultado de uma opção política, este será um processo natural, espontâneo, mais demorado do que o exigível. Não falta, aliás, quem anteveja nesta demora o germe de possíveis conflitualidades regionais futuras, alimentadas pela frustração de ambições sucessivamente adiadas. Na concretização da profecia, o argumento da unidade nacional na boca dos que, hoje, recusam a regionalização não mais poderia ser usado. Neste sentido, o presente trabalho pretende contribuir para um maior conhecimento da realidade economico-social de uma região do continente português - o Alentejo - que, no contexto regional do país, se destaca por um estádio de desenvolvimento muito deficitário. Um conhecimento que, mediante a análise das realidades infra-regionais, sustente acções estratégicas de longo prazo, em detrimento da lógica imediatista, que articule intervenções sectorialmente abrangentes e ultrapasse a perspectiva meramente economicista, que permita apoiar exogenamente as potencialidades endógenas, que fomente, em suma, o desenvolvimento integrado daquela região. Este é um trabalho que, sob a forma de dissertação final do Primeiro Curso de Mestrado em Sociologia da Universidade de Évora, contou na sua realização com algumas facilidades e com algumas adversidades.
publishDate 1998
dc.date.none.fl_str_mv 1998-03-01T00:00:00Z
2015-03-13T13:06:45Z
2015-03-13
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10174/13318
http://hdl.handle.net/10174/13318
url http://hdl.handle.net/10174/13318
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv dep sociologia
teses@bib.uevora.pt
686
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade de Évora
publisher.none.fl_str_mv Universidade de Évora
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799136547976511488