O processo de mediatização e a emergência do capitalismo de vigilância

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Figueiras, Rita
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.14/33574
Resumo: O artigo debate a relação entre a mediatização e o capitalismo, a partir do conceito de “capitalismo de vigilância” cunhado por Shoshana Zuboff. Este conceito descreve uma nova lógica económica ancorada na monetização de dados comportamentais, em que empresas vendem e compram o acesso em tempo real ao fluxo da vida quotidiana para influenciar e modificar o comportamento dos indivíduos em busca de lucro. Esta sub espécie emergente do capitalismo está relacionada com o processo de mediatização social, uma vez que as sociedades contemporâneas podem ser caracterizadas por um aumento geral da importância dos media em variadas dimensões da vida, com as rotinas diárias profundamente entrelaçadas nos media móveis – nomeadamente, smartphones, tablets, redes Wi-Fi e contas em redes sociais. Isto significa que os indivíduos produzem quantidades crescentes de informação sobre si e o seu comportamento, e à medida que mais áreas da vida social dependem de processos de mediação digital, mais sectores da sociedade se adaptam e são dependentes das tecnologias. Ou seja, a vigilância empresarial criou um sistema de extração de lucros constituído por recolha e análise sistemática de dados para capturar o consumidor digital. Este artigo parte do modelo abstrato sobre as dinâmicas do capitalismo, teorizado por Rosaetal (2017), para debater a indispensabilidade dos media para a estabilização dinâmica do capitalismo. Como a sua estabilidade é precária, o capitalismo precisa de aceleração permanente para atingir novos níveis de estabilidade e neste ensaio teórico defende-se que a mediatização desempenha um papel acelerador na escalada do capitalismo de vigilância, ao mesmo tempo que, deste modo, garante a sua estabilização social. Neste contexto, o termo “acelerador” deve ser entendido como uma condição prévia funcional para uma aceleração contínua.
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