Uma intervenção oitocentista no Convento do Carmo de Vidigueira: análise histórico-arquitectónica, bases para uma proposta de conservação do conjunto edificado

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Rosário, Cristina Isabel Ponce Alho Saúde
Data de Publicação: 1999
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10174/14586
Resumo: Introdução - Desde muito cedo que o homem se interessou pela preservação do seu património, desde a simples conservação de uma coluna da Antiguidade, até às grandes intervenções do século XIX., como as reconstruções e os restauros estilísticos. Actualmente, e apesar da diversidade de teorias da conservação do património edificado a nível nacional, iniciou-se no meio académico uma nova filosofia neste domínio, envolvendo alguns investigadores que assim contribuiram para a sensibilização dos que intervém, dentro do meio pluridisciplinar, nas complexas intervenções em edifícios e monumentos. A escolha do tema proposto no presente trabalho recai no estudo de um convento quinhentista pertencente aos carmelitas calçados (oriundos de Moura) e que foi alvo de profundas alterações nos finais do século passado. O motivo desta escolha justifica-se pelo interesse que este convento contém como objecto arquitectónico, seus valores iniciais, transformações funcionais e morfológicas. Tendo em conta a sistemática utilização de materiais de simulação para enriquecer esta estrutura conventual, o objecto de estudo, tal como se nos apresenta, é o produto de uma intervenção oitocentista. Por outro lado, mas abordando o assunto de modo secundário (não obstante a dificuldade encontrada devida á ocultação de quase toda a arquitectura inicial), seria interessante conhecer um pouco melhor o modo de organização funcional do espaço construido e envolvente. Em face das condicionantes históricas e físicas da época que a Ordem Carmelita teve de enfrentar, é importante o entendimento desta forma de arquitectura mendicante sobre a qual as "regras arquitectónicas" regeram este conjunto edificado. O convento do Carmo ou de N Sra. das Relíquias é a quarta construção implementada pela referida ordem em finais do século XV, situado aproximadamente dois quilómetros a nordeste da vila de Vidigueira. O conjunto edificado foi alvo de mais um caso de profunda intervenção no fim do século passado, fruto de uma materialização a bel-prazer do imaginário dos proprietários de então. A presente imagem suscita curiosidade e, simultaneamente, não deixa indiferente quem visita este local que chama a atenção, dada a cenografia criada na 7 envolvente. A presença de outras estruturas verdes, mais exóticas, e o próprio edificio apalaçado contrastara com a paisagem alentejana. Em suma, o objectivo deste trabalho é contribuir para um estudo mais aprofundado de ura conjunto edificado que foi, por parte de algumas personalidades, objecto da descrição do existente, acompanhado por relatos históricos. E pretendido identificar em primeiro lugar, as intervenções feitas ao longo do tempo ta delimitação temporal abrange os séculos XV a inícios do século XIX) e enquadrá-las nas correntes teóricas da época. Após isso, tendo em conta a observação dos aspectos físicos do imóvel, deverá ser elaborada uma crítica a essas mesmas intervenções. Esse reconhecimento tem como base a observação directa dos aspectos formais, técnicas e materiais construtivos que moldaram uma nova imagem. A abordagem que tenta encontrar a explicação para a aplicação de uma linha teórica nas obras praticadas no passado, é um ensaio de uma exposição de factos que chamam a atenção pelo seu artificialismo singular e enquadramento espaço-temporal. Em segundo lugar, ao encarar o objecto arquitectónico do presente, bem como o apuramento do seu estado de conservação, é possível ser definida uma proposta de recuperação. Assim, a metodologia delineada neste trabalho baseia-se numa estrutura lógico-sistemática e histórico-cronológica, ou seja, esta dissertação divide-se em duas partes, para além da introdução e conclusão. A primeira, incide sobre a análise histórica e arquitectónica, sem esquecer a sua situação geográfica, vista em dois períodos distintos - o de Quinhentos e o de Oitocentos. O período inicial incide sobre os acontecimentos que originaram e caracterizaram este convento. No período de Oitocentos, além de ser enquadrado o espirito da época, ressalta aqui o recurso ao tromp-d'-oeil executado através da utilização de materiais de simulação nos espaços mais importantes. Não deixa de ser notória a ênfase da riqueza de cor e texturas nos interiores, contrastante com a austeridade das linhas neogóticas patentes nos apontamentos dos elementos militares, sempre presentes nesta linguagem cenográfica. A segunda parte, correspondente à proposta de conservação do conjunto edificado, compreende dois pontos fundamentais: o primeiro consiste no levantamento do estado de conservação do edifício, condensando num registo esse mesmo estado. Porém, nesse apontamento apenas se conta com a observação visual dos elementos arquitectónicos afectados. Não foi possível, por parte da autora, a realização de medições com aparelhos específicos para a determinação dos teores de humidade nas paredes e na atmosfera, temperaturas, a recolha de amostras para análise laboratorial, etc., além de que, para haver rigor científico, o diagnóstico e solução para as patologias observadas devem ser realizados por uma equipa especializada na matéria. Após esse registo, expresso num quadro geral onde se localizam os vários elementos afectados, proceder-se-á a uma avaliação das alterações identificadas, subdividida em três grupos de materiais a analisar: o grupo das alvenarias (que aglutina os rebocos, estuques e pinturas), o das madeiras (embora seja o mais reduzido e menos desenvolvido) e o das pedras (apesar de estarem também presentes nas alvenarias, são tratadas de um ponto de vista distinto).
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A escolha do tema proposto no presente trabalho recai no estudo de um convento quinhentista pertencente aos carmelitas calçados (oriundos de Moura) e que foi alvo de profundas alterações nos finais do século passado. O motivo desta escolha justifica-se pelo interesse que este convento contém como objecto arquitectónico, seus valores iniciais, transformações funcionais e morfológicas. Tendo em conta a sistemática utilização de materiais de simulação para enriquecer esta estrutura conventual, o objecto de estudo, tal como se nos apresenta, é o produto de uma intervenção oitocentista. Por outro lado, mas abordando o assunto de modo secundário (não obstante a dificuldade encontrada devida á ocultação de quase toda a arquitectura inicial), seria interessante conhecer um pouco melhor o modo de organização funcional do espaço construido e envolvente. Em face das condicionantes históricas e físicas da época que a Ordem Carmelita teve de enfrentar, é importante o entendimento desta forma de arquitectura mendicante sobre a qual as "regras arquitectónicas" regeram este conjunto edificado. O convento do Carmo ou de N Sra. das Relíquias é a quarta construção implementada pela referida ordem em finais do século XV, situado aproximadamente dois quilómetros a nordeste da vila de Vidigueira. O conjunto edificado foi alvo de mais um caso de profunda intervenção no fim do século passado, fruto de uma materialização a bel-prazer do imaginário dos proprietários de então. A presente imagem suscita curiosidade e, simultaneamente, não deixa indiferente quem visita este local que chama a atenção, dada a cenografia criada na 7 envolvente. A presença de outras estruturas verdes, mais exóticas, e o próprio edificio apalaçado contrastara com a paisagem alentejana. Em suma, o objectivo deste trabalho é contribuir para um estudo mais aprofundado de ura conjunto edificado que foi, por parte de algumas personalidades, objecto da descrição do existente, acompanhado por relatos históricos. E pretendido identificar em primeiro lugar, as intervenções feitas ao longo do tempo ta delimitação temporal abrange os séculos XV a inícios do século XIX) e enquadrá-las nas correntes teóricas da época. Após isso, tendo em conta a observação dos aspectos físicos do imóvel, deverá ser elaborada uma crítica a essas mesmas intervenções. Esse reconhecimento tem como base a observação directa dos aspectos formais, técnicas e materiais construtivos que moldaram uma nova imagem. A abordagem que tenta encontrar a explicação para a aplicação de uma linha teórica nas obras praticadas no passado, é um ensaio de uma exposição de factos que chamam a atenção pelo seu artificialismo singular e enquadramento espaço-temporal. Em segundo lugar, ao encarar o objecto arquitectónico do presente, bem como o apuramento do seu estado de conservação, é possível ser definida uma proposta de recuperação. Assim, a metodologia delineada neste trabalho baseia-se numa estrutura lógico-sistemática e histórico-cronológica, ou seja, esta dissertação divide-se em duas partes, para além da introdução e conclusão. A primeira, incide sobre a análise histórica e arquitectónica, sem esquecer a sua situação geográfica, vista em dois períodos distintos - o de Quinhentos e o de Oitocentos. O período inicial incide sobre os acontecimentos que originaram e caracterizaram este convento. No período de Oitocentos, além de ser enquadrado o espirito da época, ressalta aqui o recurso ao tromp-d'-oeil executado através da utilização de materiais de simulação nos espaços mais importantes. Não deixa de ser notória a ênfase da riqueza de cor e texturas nos interiores, contrastante com a austeridade das linhas neogóticas patentes nos apontamentos dos elementos militares, sempre presentes nesta linguagem cenográfica. A segunda parte, correspondente à proposta de conservação do conjunto edificado, compreende dois pontos fundamentais: o primeiro consiste no levantamento do estado de conservação do edifício, condensando num registo esse mesmo estado. Porém, nesse apontamento apenas se conta com a observação visual dos elementos arquitectónicos afectados. Não foi possível, por parte da autora, a realização de medições com aparelhos específicos para a determinação dos teores de humidade nas paredes e na atmosfera, temperaturas, a recolha de amostras para análise laboratorial, etc., além de que, para haver rigor científico, o diagnóstico e solução para as patologias observadas devem ser realizados por uma equipa especializada na matéria. 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Tendo em conta a sistemática utilização de materiais de simulação para enriquecer esta estrutura conventual, o objecto de estudo, tal como se nos apresenta, é o produto de uma intervenção oitocentista. Por outro lado, mas abordando o assunto de modo secundário (não obstante a dificuldade encontrada devida á ocultação de quase toda a arquitectura inicial), seria interessante conhecer um pouco melhor o modo de organização funcional do espaço construido e envolvente. Em face das condicionantes históricas e físicas da época que a Ordem Carmelita teve de enfrentar, é importante o entendimento desta forma de arquitectura mendicante sobre a qual as "regras arquitectónicas" regeram este conjunto edificado. O convento do Carmo ou de N Sra. das Relíquias é a quarta construção implementada pela referida ordem em finais do século XV, situado aproximadamente dois quilómetros a nordeste da vila de Vidigueira. O conjunto edificado foi alvo de mais um caso de profunda intervenção no fim do século passado, fruto de uma materialização a bel-prazer do imaginário dos proprietários de então. A presente imagem suscita curiosidade e, simultaneamente, não deixa indiferente quem visita este local que chama a atenção, dada a cenografia criada na 7 envolvente. A presença de outras estruturas verdes, mais exóticas, e o próprio edificio apalaçado contrastara com a paisagem alentejana. Em suma, o objectivo deste trabalho é contribuir para um estudo mais aprofundado de ura conjunto edificado que foi, por parte de algumas personalidades, objecto da descrição do existente, acompanhado por relatos históricos. E pretendido identificar em primeiro lugar, as intervenções feitas ao longo do tempo ta delimitação temporal abrange os séculos XV a inícios do século XIX) e enquadrá-las nas correntes teóricas da época. Após isso, tendo em conta a observação dos aspectos físicos do imóvel, deverá ser elaborada uma crítica a essas mesmas intervenções. Esse reconhecimento tem como base a observação directa dos aspectos formais, técnicas e materiais construtivos que moldaram uma nova imagem. A abordagem que tenta encontrar a explicação para a aplicação de uma linha teórica nas obras praticadas no passado, é um ensaio de uma exposição de factos que chamam a atenção pelo seu artificialismo singular e enquadramento espaço-temporal. Em segundo lugar, ao encarar o objecto arquitectónico do presente, bem como o apuramento do seu estado de conservação, é possível ser definida uma proposta de recuperação. Assim, a metodologia delineada neste trabalho baseia-se numa estrutura lógico-sistemática e histórico-cronológica, ou seja, esta dissertação divide-se em duas partes, para além da introdução e conclusão. A primeira, incide sobre a análise histórica e arquitectónica, sem esquecer a sua situação geográfica, vista em dois períodos distintos - o de Quinhentos e o de Oitocentos. O período inicial incide sobre os acontecimentos que originaram e caracterizaram este convento. No período de Oitocentos, além de ser enquadrado o espirito da época, ressalta aqui o recurso ao tromp-d'-oeil executado através da utilização de materiais de simulação nos espaços mais importantes. Não deixa de ser notória a ênfase da riqueza de cor e texturas nos interiores, contrastante com a austeridade das linhas neogóticas patentes nos apontamentos dos elementos militares, sempre presentes nesta linguagem cenográfica. A segunda parte, correspondente à proposta de conservação do conjunto edificado, compreende dois pontos fundamentais: o primeiro consiste no levantamento do estado de conservação do edifício, condensando num registo esse mesmo estado. Porém, nesse apontamento apenas se conta com a observação visual dos elementos arquitectónicos afectados. Não foi possível, por parte da autora, a realização de medições com aparelhos específicos para a determinação dos teores de humidade nas paredes e na atmosfera, temperaturas, a recolha de amostras para análise laboratorial, etc., além de que, para haver rigor científico, o diagnóstico e solução para as patologias observadas devem ser realizados por uma equipa especializada na matéria. Após esse registo, expresso num quadro geral onde se localizam os vários elementos afectados, proceder-se-á a uma avaliação das alterações identificadas, subdividida em três grupos de materiais a analisar: o grupo das alvenarias (que aglutina os rebocos, estuques e pinturas), o das madeiras (embora seja o mais reduzido e menos desenvolvido) e o das pedras (apesar de estarem também presentes nas alvenarias, são tratadas de um ponto de vista distinto).
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