A insustentável leveza da culpa: a compensação de danos no exercício da medicina

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Raposo, Vera Lúcia
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10316/108897
https://doi.org/10.1590/S0104-12902016144195
Resumo: Diante das crescentes dificuldades apresentadas pela responsabilidade civil para lidar com a má-prática médica e com a compensação aos pacientes, muitos advogam a implementação do sistema no-fault, isto é, um mecanismo no qual o paciente é compensado por via de um fundo económico de socialização do risco, independentemente da demonstração de negligência por parte do médico. Neste estudo comparámos as principais notas do modelo no-fault com o clássico modelo fundado na culpa, com vista a determinar qual o mais adequado em termos de justiça, melhoria dos cuidados de saúde e segurança do paciente. Concluímos que, apesar de o modelo no-fault trazer muitas vantagens, também envolve sérias dificuldades, riscos e fragilidades. Nomeadamente, é duvidoso que promova a diligência na prestação de cuidados médicos, dado que em regra não se verifica qualquer sanção para o profissional de saúde. Além disso, só pode operar com sucesso em condições muito concretas, que não se encontram na maior parte das ordens jurídicas. Por conseguinte, não cremos que seja a solução mais adequada, pelo menos quando implementada como um mecanismo geral para lidar com danos causados por tratamentos médicos.
id RCAP_a08f471e89e1a930c31eecb808cd6674
oai_identifier_str oai:estudogeral.uc.pt:10316/108897
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling A insustentável leveza da culpa: a compensação de danos no exercício da medicinaThe unbearable lightness of culpability: The compensation for damages in the practice of medicineMá-prática MédicaNegligênciaNo-faultCompensaçãoResponsabilizaçãoMedical MalpracticeNegligenceNo-faultCompensationAccountabilityDiante das crescentes dificuldades apresentadas pela responsabilidade civil para lidar com a má-prática médica e com a compensação aos pacientes, muitos advogam a implementação do sistema no-fault, isto é, um mecanismo no qual o paciente é compensado por via de um fundo económico de socialização do risco, independentemente da demonstração de negligência por parte do médico. Neste estudo comparámos as principais notas do modelo no-fault com o clássico modelo fundado na culpa, com vista a determinar qual o mais adequado em termos de justiça, melhoria dos cuidados de saúde e segurança do paciente. Concluímos que, apesar de o modelo no-fault trazer muitas vantagens, também envolve sérias dificuldades, riscos e fragilidades. Nomeadamente, é duvidoso que promova a diligência na prestação de cuidados médicos, dado que em regra não se verifica qualquer sanção para o profissional de saúde. Além disso, só pode operar com sucesso em condições muito concretas, que não se encontram na maior parte das ordens jurídicas. Por conseguinte, não cremos que seja a solução mais adequada, pelo menos quando implementada como um mecanismo geral para lidar com danos causados por tratamentos médicos.In face of the growing difficulties presented by tort liability in dealing with medical malpractice and patient’s compensation, many advocate the implementation of a no-fault system, i.e., a mechanism in which the patient is compensated through an economic found of risk socialization, disregarding the demonstration of the doctor’s negligence. In this study we compared the main notes of the no-fault model with the classical model grounded in culpability, to determine which one is the most suitable in terms of justice, improvement of health care delivery and patient’s safety. We concluded that, despite the fact that the no-fault model carries many advantages, it also involves several difficulties, risks and fragilities. In particular, it is doubtful that it promotes diligence in health delivery, since usually the health care professional does not suffer any sanction. Furthermore, it can only operate successfully in light of very particular conditions, unable to be found in the majority of legal orders. Therefore, we do not consider it the most adequate solution, at least when implemented as a general mechanism to deal with injuries caused by medical treatments.Universidade de Sao Paulo2016info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articlehttp://hdl.handle.net/10316/108897http://hdl.handle.net/10316/108897https://doi.org/10.1590/S0104-12902016144195por0104-1290Raposo, Vera Lúciainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-09-22T11:01:26Zoai:estudogeral.uc.pt:10316/108897Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T21:25:08.118410Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv A insustentável leveza da culpa: a compensação de danos no exercício da medicina
The unbearable lightness of culpability: The compensation for damages in the practice of medicine
title A insustentável leveza da culpa: a compensação de danos no exercício da medicina
spellingShingle A insustentável leveza da culpa: a compensação de danos no exercício da medicina
Raposo, Vera Lúcia
Má-prática Médica
Negligência
No-fault
Compensação
Responsabilização
Medical Malpractice
Negligence
No-fault
Compensation
Accountability
title_short A insustentável leveza da culpa: a compensação de danos no exercício da medicina
title_full A insustentável leveza da culpa: a compensação de danos no exercício da medicina
title_fullStr A insustentável leveza da culpa: a compensação de danos no exercício da medicina
title_full_unstemmed A insustentável leveza da culpa: a compensação de danos no exercício da medicina
title_sort A insustentável leveza da culpa: a compensação de danos no exercício da medicina
author Raposo, Vera Lúcia
author_facet Raposo, Vera Lúcia
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Raposo, Vera Lúcia
dc.subject.por.fl_str_mv Má-prática Médica
Negligência
No-fault
Compensação
Responsabilização
Medical Malpractice
Negligence
No-fault
Compensation
Accountability
topic Má-prática Médica
Negligência
No-fault
Compensação
Responsabilização
Medical Malpractice
Negligence
No-fault
Compensation
Accountability
description Diante das crescentes dificuldades apresentadas pela responsabilidade civil para lidar com a má-prática médica e com a compensação aos pacientes, muitos advogam a implementação do sistema no-fault, isto é, um mecanismo no qual o paciente é compensado por via de um fundo económico de socialização do risco, independentemente da demonstração de negligência por parte do médico. Neste estudo comparámos as principais notas do modelo no-fault com o clássico modelo fundado na culpa, com vista a determinar qual o mais adequado em termos de justiça, melhoria dos cuidados de saúde e segurança do paciente. Concluímos que, apesar de o modelo no-fault trazer muitas vantagens, também envolve sérias dificuldades, riscos e fragilidades. Nomeadamente, é duvidoso que promova a diligência na prestação de cuidados médicos, dado que em regra não se verifica qualquer sanção para o profissional de saúde. Além disso, só pode operar com sucesso em condições muito concretas, que não se encontram na maior parte das ordens jurídicas. Por conseguinte, não cremos que seja a solução mais adequada, pelo menos quando implementada como um mecanismo geral para lidar com danos causados por tratamentos médicos.
publishDate 2016
dc.date.none.fl_str_mv 2016
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10316/108897
http://hdl.handle.net/10316/108897
https://doi.org/10.1590/S0104-12902016144195
url http://hdl.handle.net/10316/108897
https://doi.org/10.1590/S0104-12902016144195
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv 0104-1290
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade de Sao Paulo
publisher.none.fl_str_mv Universidade de Sao Paulo
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799134134430334976