As cheias no sul de Portugal em diferentes tipos de bacias hidrográficas
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2001 |
Outros Autores: | |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10451/36888 |
Resumo: | No século XX, as cheias foram o desastre natural mais mortífero em Portugal, seguidas pelos sismos: por cada morte devida aos sismos morreram sete pessoas devido às cheias. O tipo de cheias conhecidas como «cheias progressivas» afectam principalmente as grandes bacias hidrográficas, como a do rio Tejo, provocando a inundação de uma ampla área. Este tipo de cheias é causado por períodos de chuva abundante relacionada com a circulação zonal de oeste que se mantém durante semanas. O sistema de barragens da bacia reduz a frequência das cheias mas não consegue «domar» o rio, contribuindo mesmo, por vezes, para o aumento do pico de escoamento, tal como aconteceu em 1979. Apesar disso, estas cheias não constituem, geralmente, um perigo para a população. As cheias rápidas, pelo contrário, são perigosas e mortíferas, tais como as que ocorreram em 1967, 1983 e 1997. Afectam as pequenas bacias de drenagem e são causadas por chuvadas fortes e concentradas, devido a depressões convectivas (gotas frias extremamente activas ou depressões estacionárias causadas pela interacção entre as circulações polar e tropical), nomeadamente no Sul do País (região de Lisboa, Alentejo e Algarve). A desflorestação, a impermeabilização dos solos, a urbanização caótica, a construção em leitos de cheia, o entulhamento dos pequenos cursos de água, ou a sua canalização, a construção de muros e aterros transversais ao sentido de escoamento das linhas de água, que funcionam como diques, contribuem para a agravamento deste tipo de cheias. São aqui analisadas as cheias nos rios do Sul do País, desde as grandes bacias de drenagem (rio Tejo, 80 100 km2 ) até às mais pequenas (ribeira de Cobres, 700 km2 ; ribeira da Garganta, 1 km2 ). |
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As cheias no sul de Portugal em diferentes tipos de bacias hidrográficasThe floods in the south of Portugal in different kinds of drainage basinsRegime fluvialBacias de drenagemTipos de cheiasBarragensNo século XX, as cheias foram o desastre natural mais mortífero em Portugal, seguidas pelos sismos: por cada morte devida aos sismos morreram sete pessoas devido às cheias. O tipo de cheias conhecidas como «cheias progressivas» afectam principalmente as grandes bacias hidrográficas, como a do rio Tejo, provocando a inundação de uma ampla área. Este tipo de cheias é causado por períodos de chuva abundante relacionada com a circulação zonal de oeste que se mantém durante semanas. O sistema de barragens da bacia reduz a frequência das cheias mas não consegue «domar» o rio, contribuindo mesmo, por vezes, para o aumento do pico de escoamento, tal como aconteceu em 1979. Apesar disso, estas cheias não constituem, geralmente, um perigo para a população. As cheias rápidas, pelo contrário, são perigosas e mortíferas, tais como as que ocorreram em 1967, 1983 e 1997. Afectam as pequenas bacias de drenagem e são causadas por chuvadas fortes e concentradas, devido a depressões convectivas (gotas frias extremamente activas ou depressões estacionárias causadas pela interacção entre as circulações polar e tropical), nomeadamente no Sul do País (região de Lisboa, Alentejo e Algarve). A desflorestação, a impermeabilização dos solos, a urbanização caótica, a construção em leitos de cheia, o entulhamento dos pequenos cursos de água, ou a sua canalização, a construção de muros e aterros transversais ao sentido de escoamento das linhas de água, que funcionam como diques, contribuem para a agravamento deste tipo de cheias. São aqui analisadas as cheias nos rios do Sul do País, desde as grandes bacias de drenagem (rio Tejo, 80 100 km2 ) até às mais pequenas (ribeira de Cobres, 700 km2 ; ribeira da Garganta, 1 km2 ).The regime of the Portuguese rivers depends on the space and time variation of rainfall. Portugal has clear regional contrasts in the geographical distribution of rainfall. The NW and the Central Mountain Range (Cordilheira Central) are the regions with more rainfall. The NE and the south are the driest regions. The rainfall regime is very irregular. The monthly rainfall regime is clearly Mediterranean with autumn-winter rains (November-March) and an extremely dry summer. The river flows are also very irregular, with severe droughts and surprisingly high flood discharges. These characteristics tend to worsen from NW to SE. The southern rivers have specific discharges 6 to 7 times inferior to the ones of the NW, greater irregularity (the flow in years with more rainfall may surpass 100 to 240 times the flow in driest years), a more severe drought (6 months), almost all are temporary, and flood peaks (200-300 times the average flow) can reach extremely high values. In the twentieth century, floods were responsible for the highest rate of casualties in natural disasters in Portugal, followed by earthquakes: one death for every seven were due to floods. The type of floods known as «progressive floods» mainly affects the big hydrographic basins, such as the River Tagus basin, due to the large flooded area. This kind of flood is caused by heavy rainfall periods connected to the western zonal circulation, which usually lasts several weeks. The dams’ basin system reduces flood frequency, especially in autumn when reservoirs still manage to absorb the high flows after the summer dry period, but cannot «tame» the river. It has even contributed to an increase of the peak flow, as in the 1979 flood. Flashfloods are another kind of floods that occur in Portugal and, unlike the former, are dangerous and deadly, such as those in 1967, 1983 and 1997. They affect the small drainage basins and are caused by heavy and concentrated rainfalls, due to convective depressions (cold pools especially active or depressions caused by the interaction between polar and tropical circulations), namely in the south of the country (Lisbon region, Alentejo and Algarve). In the small drainage basins with a natural regime (uninfluenced by a dam), it is interesting to verify the existence of a trend in these extreme phenomena over the last decades. There has been a clear intensification of flood importance during autumn months, in contrast with an accentuated diminishing in winter and spring months. This trend concerns us mainly for two reasons. Firstly, the rainfall concentration in fewer months lessens its availability in the other months and requires a greater storage capacity. Secondly, this concentration means a bigger rainfall intensity in autumn, with the worsening of the number and intensity of floods and a greater soil loss. Deforestation, soil impermeability, chaotic urbanisation, building on floodplains, the blocking up of small creeks, or their canalisation, the building of walls and transverse embankments along the small creeks courses that work as dikes, contribute to the aggravation of this kind of floods. The floods in rivers of southern Portugal are here analysed, and range from the big drainage basins (River Tagus, 80 100km2 ), to the smaller ones (Cobres stream, 700 km2 ; Garganta stream, 1 km2 ). Also discussed are the human causes that have contributed to increasing the consequences of the floods in small catchments.Universidade de Lisboa, Centro de Estudos GeográficosRepositório da Universidade de LisboaRamos, CatarinaReis, Eusébio2019-02-07T15:40:19Z20012001-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/36888porRamos, C., Reis, E. (2001). The floods in the south of Portugal in different kinds of drainage basins . Finisterra, XXXVI, 71, pp. 61-82. https://doi.org/10.18055/Finis1648.10.18055/Finis1648info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-11-20T17:47:45Zoai:repositorio.ul.pt:10451/36888Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openairemluisa.alvim@gmail.comopendoar:71602024-11-20T17:47:45Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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No século XX, as cheias foram o desastre natural mais mortífero em Portugal, seguidas pelos sismos: por cada morte devida aos sismos morreram sete pessoas devido às cheias. O tipo de cheias conhecidas como «cheias progressivas» afectam principalmente as grandes bacias hidrográficas, como a do rio Tejo, provocando a inundação de uma ampla área. Este tipo de cheias é causado por períodos de chuva abundante relacionada com a circulação zonal de oeste que se mantém durante semanas. O sistema de barragens da bacia reduz a frequência das cheias mas não consegue «domar» o rio, contribuindo mesmo, por vezes, para o aumento do pico de escoamento, tal como aconteceu em 1979. Apesar disso, estas cheias não constituem, geralmente, um perigo para a população. As cheias rápidas, pelo contrário, são perigosas e mortíferas, tais como as que ocorreram em 1967, 1983 e 1997. Afectam as pequenas bacias de drenagem e são causadas por chuvadas fortes e concentradas, devido a depressões convectivas (gotas frias extremamente activas ou depressões estacionárias causadas pela interacção entre as circulações polar e tropical), nomeadamente no Sul do País (região de Lisboa, Alentejo e Algarve). A desflorestação, a impermeabilização dos solos, a urbanização caótica, a construção em leitos de cheia, o entulhamento dos pequenos cursos de água, ou a sua canalização, a construção de muros e aterros transversais ao sentido de escoamento das linhas de água, que funcionam como diques, contribuem para a agravamento deste tipo de cheias. São aqui analisadas as cheias nos rios do Sul do País, desde as grandes bacias de drenagem (rio Tejo, 80 100 km2 ) até às mais pequenas (ribeira de Cobres, 700 km2 ; ribeira da Garganta, 1 km2 ). |
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