A Esperança e o sofrimento no doente oncológico paliativo

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ramos, Carla Sofia de Azevedo
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/20.500.11960/1183
Resumo: A doença incurável confronta a pessoa com mudanças radicais que resultam em sofrimento humano e sentimentos de desesperança. O cancro, em particular, tornou-se numa doença temível que ameaça a integridade humana, levando a pessoa a questionar-se sobre o sentido da vida. A esperança constitui uma componente essencial do cuidar, com comprovado poder terapêutico, que promove o alívio do sofrimento, a recuperação do significado e sentido da vida e ajuda a lidar com a doença e incertezas do futuro de uma forma mais eficaz. A sua importância assume especial relevo no âmbito dos cuidados paliativos, cujos objetivos residem na promoção do conforto, e no alívio do sofrimento, tendo em vista a preservação da dignidade da pessoa. Reside aqui, e nas nossas preocupações pessoais e profissionais, o interesse em desenvolver este estudo com a finalidade de conhecer como o doente oncológico paliativo vivencia a esperança e o sofrimento, e se existe relação entre estas duas dimensões numa situação de doença grave e sem perspetiva de cura, no sentido de o inspirar a reencontrar a esperança no seio do sofrimento. Desenvolvemos um estudo de natureza quantitativa, do tipo exploratório, descritivo-correlacional. Como estratégia de recolha dos dados utilizou-se o Herth Hope Index-PT (Viana, 2010), o Inventário de Experiências Subjetivas de Sofrimento na Doença (Gameiro & McIntyre, 1997) e um questionário por nós elaborado, composto por questões sociodemográficas e clínicas. A amostra, do tipo não probabilística por conveniência, foi constituída por 70 doentes sob quimioterapia paliativa atendidos num serviço de ambulatório de uma unidade hospitalar do grande Porto. Os resultados permitem-nos perceber que os inquiridos apresentam médias de esperança elevadas e índices de sofrimento baixos, estando estes dois constructos relacionados. A dimensão de sofrimento físico apresenta os índices mais baixos, sendo que o sofrimento socio relacional apresenta os índices mais elevados, a par da vivência de elevados índices de experiências positivas de sofrimento. Os resultados sugerem, ainda, que quanto maior a esperança menor o sofrimento experienciado. A esperança e o sofrimento estão, portanto, relacionados, sendo duas características inerentes ao Homem, que o acompanham no seu processo de viver e de morrer e condicionam o ajuste aos momentos de crise, na recuperação do significado e sentido da vida, tendo em vista a preservação da dignidade da pessoa. Estes resultados reforçam a importância que o alívio do sofrimento tem para o doente, ajudando-o a encontrar sentido e propósito na vida, mediante o planeamento de metas exequíveis e fomentando a vivência de uma esperança realista, integrando a esperança como uma atitude terapêutica. Neste sentido, é importante um maior investimento nestas áreas na prática de cuidados e na formação em enfermagem.
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Reside aqui, e nas nossas preocupações pessoais e profissionais, o interesse em desenvolver este estudo com a finalidade de conhecer como o doente oncológico paliativo vivencia a esperança e o sofrimento, e se existe relação entre estas duas dimensões numa situação de doença grave e sem perspetiva de cura, no sentido de o inspirar a reencontrar a esperança no seio do sofrimento. Desenvolvemos um estudo de natureza quantitativa, do tipo exploratório, descritivo-correlacional. Como estratégia de recolha dos dados utilizou-se o Herth Hope Index-PT (Viana, 2010), o Inventário de Experiências Subjetivas de Sofrimento na Doença (Gameiro & McIntyre, 1997) e um questionário por nós elaborado, composto por questões sociodemográficas e clínicas. A amostra, do tipo não probabilística por conveniência, foi constituída por 70 doentes sob quimioterapia paliativa atendidos num serviço de ambulatório de uma unidade hospitalar do grande Porto. Os resultados permitem-nos perceber que os inquiridos apresentam médias de esperança elevadas e índices de sofrimento baixos, estando estes dois constructos relacionados. A dimensão de sofrimento físico apresenta os índices mais baixos, sendo que o sofrimento socio relacional apresenta os índices mais elevados, a par da vivência de elevados índices de experiências positivas de sofrimento. Os resultados sugerem, ainda, que quanto maior a esperança menor o sofrimento experienciado. A esperança e o sofrimento estão, portanto, relacionados, sendo duas características inerentes ao Homem, que o acompanham no seu processo de viver e de morrer e condicionam o ajuste aos momentos de crise, na recuperação do significado e sentido da vida, tendo em vista a preservação da dignidade da pessoa. Estes resultados reforçam a importância que o alívio do sofrimento tem para o doente, ajudando-o a encontrar sentido e propósito na vida, mediante o planeamento de metas exequíveis e fomentando a vivência de uma esperança realista, integrando a esperança como uma atitude terapêutica. Neste sentido, é importante um maior investimento nestas áreas na prática de cuidados e na formação em enfermagem.The incurable disease confronts the person with radical changes that result in human suffering and feelings of hopelessness. Cancer, in particular, has become a dreaded disease that threatens human integrity, leading one to wonder about the meaning of life. Hope is an essential component of care, with proven therapeutic power, promotes the relief of suffering, the recovery of the meaning and purpose of life and helps to deal with illness and uncertainties of the future in an effective way. Its importance becomes even more relevant in the context of palliative care, which aims to promote comfort, and relief of suffering, in order to preserve the dignity of the person. Resides here, and in our personal and professional concerns, the interest in developing this study in order to know how palliative cancer patients experience hope and suffering, and if there is a relationship between these two dimensions in a situation of severe disease without perspective of cure, to inspire them to rediscover hope in the midst of suffering. We developed a study of quantitative nature, exploratory, descriptive-correlational type. As a strategy for data collection we used the Herth Hope Index-PT (Viana, 2010), the Inventory of Subjective Experiences of Suffering in Sickness (Gameiro & McIntyre, 1997) and a questionnaire developed by us, consisting of sociodemographic and clinical questions. The sample, non-probabilistic for convenience type, consisted of 70 patients receiving palliative chemotherapy attended at an ambulatory service from a hospital unit of Oporto city. The results allow us to realize that the respondents have high averages of hope and low levels of suffering, and these two constructs are related. The dimension of physical suffering features the lowest rates, and the socio relational suffering features the highest rates, alongside the experience of high levels of positive experiences of suffering. The results also suggest that higher hope leads to less suffering experienced. Hope and suffering are, therefore related as two characteristics inherent to Human, accompanying him in the process of living and dying andfavour the adjustment to moments of crisis, in the recovery of the meaning and purpose of life, in order to preserve the dignity. These results emphasize the importance that the relief of suffering has in helping the patient to find meaning and purpose in life by planning achievable goals and enhancing the experience of a realistic hope, hope that is integrated as a therapeutic approach. Therefore, it is important more investment in these areas in the practice of care and nursing education. 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