O léxico mental como uma rede ou arquitetura de redes

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Rodrigues, Alexandra Soares
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10198/14028
Resumo: Ao longo da história da linguística, o léxico tem sido conceptualizado de diferentes e divergentes modos. No âmbito da gramática generativa standard (e.g. Chomsky 1957, 1965), o léxico surge como uma lista de palavras que resultam da associação entre uma forma fonológica e um conteúdo semântico. Essa lista contém as formas imprevisíveis ou idiossincráticas da língua. O seu carácter idiossincrático advém do facto de essas formas não serem explicáveis através de regras de funcionamento que se possam inferir através da análise de um conjunto de objetos linguísticos. Esta visão do léxico como o domínio da idiossincrasia tem sido refutada por outros modelos de linguagem, alguns situados sob o escopo do próprio generativismo. Assim, teorias que se debruçam sobre a formação de palavras, considerando este domínio como pertencente ao léxico e não à sintaxe (morfologia lexicalista desde Halle (1973) até Booij (2010), entre outros), têm contribuído para a refutação do léxico como uma lista de idiossincrasias e para o seu entendimento como um domínio dinâmico, estruturado paradigmaticamente segundo o funcionamento de regras ou esquemas mentais. No entanto, essas regras e esquemas, pelo seu carácter estanque, não permitem a descrição e a explicação de muitos dados empíricos. Em resposta a esses problemas, propomos um modelo de formação de palavras em rede, que designamos por Regras de Formação de Palavras em Interface (Rodrigues 2008, 2012). É o próprio carácter estruturado do léxico que permite a sua conceptualização como uma rede ou, melhor, como uma macro-rede em que se articulam micro-redes. Esta visão está também disponível em estudos psicolinguísticos (e.g. Aitchison 2012) baseados em dados empíricos que advêm do processamento da linguagem e encontra-se suportada teoricamente por um modelo de linguagem que define esta como uma arquitetura com três estruturas – fonologia, semântica e sintaxe – cujo principal domínio de interface é o léxico (Jackendoff 2002). A mesma imagem de rede é, assim, utilizada para conceptualizar o domínio de formação de palavras, tomando este como uma rede de interfaces entre esquemas ou regras mentais (Rodrigues 2008; 2012). Baseando-nos nestes marcos principais da história da conceptualização do léxico, propomo-nos com este trabalho tecer uma panorâmica pelos diferentes modelos linguísticos sobre o léxico, com a intenção de perceber a metáfora da rede utilizada para defini-lo e o seu alcance para a compreensão do seu funcionamento.
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