A visão do Outro nas Cartas de Itália de Lopo d’Almeida
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2011 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10362/19427 |
Resumo: | Em Novembro de 1451 partia de Portugal com destino a Itália a comitiva de acompanhamento da infanta D. Leonor, segunda filha de D. Duarte e irmã de D. Afonso V, para confirmação do seu casamento com o imperador Habsburgo Frederico III. Notável iniciativa diplomática e ocasião única de afirmação e de internacionalização da monarquia portuguesa, este matrimónio resulta de um ambicioso projecto de D. Afonso V que visa legitimar aos olhos das grandes potências internacionais uma dinastia que nascera pouco conforme com o direito sucessório. Dirigiam a comitiva de acompanhamento João Fernandes da Silveira e Lopo de Almeida (primeiro conde de Abrantes), tendo este último enviado a D. Afonso V quatro cartas em que dá notícia dos acontecimentos que marcaram a viagem, bem como da forma como a comitiva foi recebida. O facto de o embaixador concentrar toda a sua atenção na acção, bem como na descrição das cerimónias e do comportamento dos intervenientes, faz de tais registos epistolares uma fonte de inegável valor histórico-antropológico. A visão e avaliação do Outro europeu é constante nas Cartas e opera-se sempre através de uma análise comparativa com os portugueses. Por outras palavras, os referentes culturais de Lopo de Almeida constituem-se como um código com base no qual o mesmo realiza a sua avaliação antropológica. Sempre perspicaz, e não raras vezes irónico e satírico, Lopo de Almeida fornece retratos ora colectivos, como o dos alemães, ora individuais, como o do imperador Frederico III. De reter é que em caso algum estamos perante retratos frios. Ao contrário, são sempre representações extremamente ricas do ponto de vista do sentimento, da emoção e do elemento humano, inequivocamente aquele que mais entusiasma o autor da narrativa. Em síntese, pelo seu conteúdo, mas também pelo contexto em que foram produzidas, as quatro cartas enviadas de Itália por Lopo de Almeida ao rei D. Afonso V constituem um testemunho privilegiado, por um lado, da forma como os portugueses olhavam o Outro europeu e, por outro lado, da forma como se olhavam a si próprios por reacção a esse mesmo Outro europeu, em meados do século XV. |
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A visão do Outro nas Cartas de Itália de Lopo d’AlmeidaVisão do OutroEncontro civilizacionalImperador Habsburgo Frederico IIIPolítica de casamentosReferentes culturaisCostumes cortesãosModelos de comportamento socialEm Novembro de 1451 partia de Portugal com destino a Itália a comitiva de acompanhamento da infanta D. Leonor, segunda filha de D. Duarte e irmã de D. Afonso V, para confirmação do seu casamento com o imperador Habsburgo Frederico III. Notável iniciativa diplomática e ocasião única de afirmação e de internacionalização da monarquia portuguesa, este matrimónio resulta de um ambicioso projecto de D. Afonso V que visa legitimar aos olhos das grandes potências internacionais uma dinastia que nascera pouco conforme com o direito sucessório. Dirigiam a comitiva de acompanhamento João Fernandes da Silveira e Lopo de Almeida (primeiro conde de Abrantes), tendo este último enviado a D. Afonso V quatro cartas em que dá notícia dos acontecimentos que marcaram a viagem, bem como da forma como a comitiva foi recebida. O facto de o embaixador concentrar toda a sua atenção na acção, bem como na descrição das cerimónias e do comportamento dos intervenientes, faz de tais registos epistolares uma fonte de inegável valor histórico-antropológico. A visão e avaliação do Outro europeu é constante nas Cartas e opera-se sempre através de uma análise comparativa com os portugueses. Por outras palavras, os referentes culturais de Lopo de Almeida constituem-se como um código com base no qual o mesmo realiza a sua avaliação antropológica. Sempre perspicaz, e não raras vezes irónico e satírico, Lopo de Almeida fornece retratos ora colectivos, como o dos alemães, ora individuais, como o do imperador Frederico III. De reter é que em caso algum estamos perante retratos frios. Ao contrário, são sempre representações extremamente ricas do ponto de vista do sentimento, da emoção e do elemento humano, inequivocamente aquele que mais entusiasma o autor da narrativa. Em síntese, pelo seu conteúdo, mas também pelo contexto em que foram produzidas, as quatro cartas enviadas de Itália por Lopo de Almeida ao rei D. Afonso V constituem um testemunho privilegiado, por um lado, da forma como os portugueses olhavam o Outro europeu e, por outro lado, da forma como se olhavam a si próprios por reacção a esse mesmo Outro europeu, em meados do século XV.In November 1451 departed from Portugal to Italy the accompaniment entourage of Eleanor, second daughter of King Duarte and sister of Afonso V, for confirmation of her marriage to the Habsburg Emperor Frederick III. Notable diplomatic initiative and unique opportunity for affirmation and internationalization of the Portuguese monarchy, this marriage is the result of an ambitious project of King Afonso V which aims to legitimize in the eyes of the great international powers a dynasty that was born slightly according to the law of succession. Headed the delegation Fernandes da Silveira and Lopo de Almeida (first count of Abrantes), the latter having sent to Afonso V four letters giving news of events that marked the journey as well as how the group was welcomed. The fact that the ambassador focus all their attention on the action and the description of the ceremonies and the players' behavior, makes such epistolary records a source of undeniable historical and anthropological value. The vision and evaluation of the european Other is constant in the Letters and operates always through a comparative analysis with the Portuguese. In other words, the cultural references of Lopo de Almeida up as a code under which he performs his anthropological assessment. Always insightful, and quite often ironic and satirical, Lopo de Almeida provides pictures sometimes collective, like the Germans, sometimes individual, such as the Emperor Frederick III. Of note is that in any case we are dealing with cool pictures. Instead, representations are always extremely rich in terms of feeling, emotion and the human element, one that most clearly excites the author of the narrative. In summary, by its content but also by the context in which they were produced, the four letters sent from Italy by Lopo de Almeida to King Afonso V are a privileged witness, on one hand, of the portuguese way of looking at the european Other and, on the other hand, the way they looked at themselves by reaction to that same european Other in the mid-fifteenth century.Centro de História da Sociedade e da Cultura (CHSC) / Faculdade de Letras da Universidade de CoimbraRUNLopes, Paulo Catarino2016-11-21T18:05:28Z20112011-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10362/19427por«A visão do Outro nas Cartas de Itália de Lopo d’Almeida» in Revista de História da Sociedade e da Cultura, Centro de História da Sociedade e da Cultura (CHSC), Coimbra, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, 11 (2011), pp. 117-140. ISSN: 1645-2259.1645-2259http://dx.doi.org/10.14195/1645-2259_11_5info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-03-11T04:00:54Zoai:run.unl.pt:10362/19427Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T03:25:27.931520Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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