Entre a marginalização e a securitização: jovens e violências em Cabo Verde e na Guiné-Bissau

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Roque, Sílvia
Data de Publicação: 2013
Outros Autores: Cardoso, Katia
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10316/43574
Resumo: A progressiva crença na obsolescência da guerra no contexto pós Guerra Fria tem contribuído para a ocultação dos processos estruturais que se perpetuam e que reproduzem as desigualdades e a marginalização ao nível global e que se constituem como e provocam violência. Ignora-se frequentemente que, perante a ausência de guerra, os meios e instrumentos de promoção e materialização da violência se trasladam para outras expressões, escalas ou actores. A partir dos casos da Guiné-Bissau e de Cabo Verde, este artigo pretende colocar em causa a separação estanque entre a guerra e a paz e sugerir que esta última pode ser um projecto igualmente violento, que se manifesta nomeadamente através do controlo dos jovens, quer através do poder exercido pelas elites em Estados periféricos, quer pelo mercado da pobreza e da insegurança à escala global. Defendemos que o grau de aceitação ou rejeição da marginalização e dependência como destino social, pelos jovens, é um factor essencial para a contenção ou promoção da violência colectiva. Ora, num contexto de consolidação de um conjunto de políticas e instituições internacionais destinadas a manter a segurança das elites globais, parecem cada vez mais reduzidas as possibilidades não violentas de reivindicação de um estatuto valorizado pelos jovens.
id RCAP_b31519d83bb7d77e8e3c515ceb638da0
oai_identifier_str oai:estudogeral.uc.pt:10316/43574
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling Entre a marginalização e a securitização: jovens e violências em Cabo Verde e na Guiné-BissauJovensViolênciasMarginalizaçãoSecuritizaçãoYouthViolencesMarginalisationSecuritisationA progressiva crença na obsolescência da guerra no contexto pós Guerra Fria tem contribuído para a ocultação dos processos estruturais que se perpetuam e que reproduzem as desigualdades e a marginalização ao nível global e que se constituem como e provocam violência. Ignora-se frequentemente que, perante a ausência de guerra, os meios e instrumentos de promoção e materialização da violência se trasladam para outras expressões, escalas ou actores. A partir dos casos da Guiné-Bissau e de Cabo Verde, este artigo pretende colocar em causa a separação estanque entre a guerra e a paz e sugerir que esta última pode ser um projecto igualmente violento, que se manifesta nomeadamente através do controlo dos jovens, quer através do poder exercido pelas elites em Estados periféricos, quer pelo mercado da pobreza e da insegurança à escala global. Defendemos que o grau de aceitação ou rejeição da marginalização e dependência como destino social, pelos jovens, é um factor essencial para a contenção ou promoção da violência colectiva. Ora, num contexto de consolidação de um conjunto de políticas e instituições internacionais destinadas a manter a segurança das elites globais, parecem cada vez mais reduzidas as possibilidades não violentas de reivindicação de um estatuto valorizado pelos jovens.The growing belief in war’s obsolescence in the post Cold War context favoured the occultation of remaining structural processes that reproduce inequalities and marginalisation at the global level. These processes constitute themselves as violence as they also produce violence. It is though frequently ignored that in the absence of war, the means and instruments that promote and consubstantiate violence are transferred to other manifestations, scales, and actors. Taking in to consideration the cases of Guinea Bissau and Cape Verde, this article intends to question the strict distinction between war and peace, suggesting that peace can also be an equally violent project, expressed through the control of youth, be that through the power exercised by elites in peripheral states, or through the poverty and insecurity market at a global scale. We argue that the degree in which marginalisation and dependency are accepted or contested by the youth as social destiny is a crucial determinant in containing or promoting collective violence. In the context of consolidation of a bulk of international policies and institutions aimed at keeping global elite’s security, it seems that the possibilities for non violent forms of youth’s vindication for a valued social status are less and less reduced.Universidade de Santiago2013info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articlehttp://hdl.handle.net/10316/43574http://hdl.handle.net/10316/43574por2309-9712Roque, SílviaCardoso, Katiainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2020-05-25T05:46:52Zoai:estudogeral.uc.pt:10316/43574Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T20:50:36.309609Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv Entre a marginalização e a securitização: jovens e violências em Cabo Verde e na Guiné-Bissau
title Entre a marginalização e a securitização: jovens e violências em Cabo Verde e na Guiné-Bissau
spellingShingle Entre a marginalização e a securitização: jovens e violências em Cabo Verde e na Guiné-Bissau
Roque, Sílvia
Jovens
Violências
Marginalização
Securitização
Youth
Violences
Marginalisation
Securitisation
title_short Entre a marginalização e a securitização: jovens e violências em Cabo Verde e na Guiné-Bissau
title_full Entre a marginalização e a securitização: jovens e violências em Cabo Verde e na Guiné-Bissau
title_fullStr Entre a marginalização e a securitização: jovens e violências em Cabo Verde e na Guiné-Bissau
title_full_unstemmed Entre a marginalização e a securitização: jovens e violências em Cabo Verde e na Guiné-Bissau
title_sort Entre a marginalização e a securitização: jovens e violências em Cabo Verde e na Guiné-Bissau
author Roque, Sílvia
author_facet Roque, Sílvia
Cardoso, Katia
author_role author
author2 Cardoso, Katia
author2_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Roque, Sílvia
Cardoso, Katia
dc.subject.por.fl_str_mv Jovens
Violências
Marginalização
Securitização
Youth
Violences
Marginalisation
Securitisation
topic Jovens
Violências
Marginalização
Securitização
Youth
Violences
Marginalisation
Securitisation
description A progressiva crença na obsolescência da guerra no contexto pós Guerra Fria tem contribuído para a ocultação dos processos estruturais que se perpetuam e que reproduzem as desigualdades e a marginalização ao nível global e que se constituem como e provocam violência. Ignora-se frequentemente que, perante a ausência de guerra, os meios e instrumentos de promoção e materialização da violência se trasladam para outras expressões, escalas ou actores. A partir dos casos da Guiné-Bissau e de Cabo Verde, este artigo pretende colocar em causa a separação estanque entre a guerra e a paz e sugerir que esta última pode ser um projecto igualmente violento, que se manifesta nomeadamente através do controlo dos jovens, quer através do poder exercido pelas elites em Estados periféricos, quer pelo mercado da pobreza e da insegurança à escala global. Defendemos que o grau de aceitação ou rejeição da marginalização e dependência como destino social, pelos jovens, é um factor essencial para a contenção ou promoção da violência colectiva. Ora, num contexto de consolidação de um conjunto de políticas e instituições internacionais destinadas a manter a segurança das elites globais, parecem cada vez mais reduzidas as possibilidades não violentas de reivindicação de um estatuto valorizado pelos jovens.
publishDate 2013
dc.date.none.fl_str_mv 2013
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10316/43574
http://hdl.handle.net/10316/43574
url http://hdl.handle.net/10316/43574
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv 2309-9712
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade de Santiago
publisher.none.fl_str_mv Universidade de Santiago
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799133787196489728