Ingestão nutricional em prevenção cardiovascular

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Gonçalves, S
Data de Publicação: 2017
Outros Autores: Oliveira, A
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10216/111627
Resumo: Em Portugal e noutros países economicamente mais desenvolvidos, as doenças cardiovasculares representam a principal causa de mortalidade por doenças não transmissíveis. A sua etiologia é multifatorial mas pensa‑se que os estilos de vida, nomeadamente uma alimentação saudável seja fundamental para a prevenção primária e secundária das doenças cardiovasculares. Neste trabalho foi realizada uma revisão da literatura científica sobre o efeito da ingestão nutricional na saúde cardiovascular e realçam‑se as atuais recomendações nutricionais para a prevenção cardiovascular primária e secundária. Foi feita uma revisão bibliográfica da literatura a partir das bases de dados da PubMed e da ScienceDirect, complementada por pesquisa manual, e também por pesquisas em revistas científicas e sites da internet de entidades oficiais. No contexto de prevenção cardiovascular, o consumo de sal deve ser inferior a 5g/dia. Preconiza‑se também que o consumo de gorduras totais não ultrapasse os 30% do valor energético diário assim como deve ser feita uma redução no consumo de ácidos gordos trans. A evidência para os ácidos gordos saturados é ainda controversa, com base em resultados de uma meta‑análise de estudos de coorte prospetivos. Deve ser dada preferência ao consumo de ácidos gordos insaturados tais como os monoinsaturados e os polinsaturados, nomeadamente os ácidos gordos ómega 3 dado os seus efeitos anti‑inflamatórios e anti‑trombóticos. Os indivíduos saudáveis deverão consumir 500mg/dia de ácidos gordos ómega 3 e os indivíduos com história de doença cardiovascular devem consumir 800mg/dia, pelo que as recomendações diferem em prevenção primária e secundária. Destaca‑se ainda, que a relação ómega 6 versus ómega 3 deve ser equilibrada, sendo o equilíbrio ideal de 3:1. O papel do colesterol alimentar na doença cardiovascular não está totalmente esclarecido, facto que levou a que recomendações alimentares recentes não imponham um limite de consumo. Anteriormente, as recomendações preconizavam que o consumo de colesterol não devia ser superior a 300mg/dia para indivíduos saudáveis e a 200mg/dia para indivíduos com história de doença cardiovascular. O consumo de 200 a 400mg/dia de fitoesteróis apresenta efeitos benéficos nas concentrações de colesterol total. O consumo moderado de álcool, isto é, 10g/dia para as mulheres e 20g/dia para os homens, apresenta benefícios na prevenção cardiovascular e este efeito pode ser independente do tipo de bebida alcoólica. O consumo de proteínas também deve de ser moderado, dando preferência ao consumo de proteínas de origem vegetal, como por exemplo as proteínas da soja. Deve‑se privilegiar uma alimentação rica em produtos hortofrutícolas, grãos integrais e soja para a manutenção dos níveis ideais de fibras. A suplementação em antioxidantes não está recomendada em prevenção cardiovascular, sendo que é de privilegiar uma alimentação rica em fruta e hortícolas como fontes de grandes quantidades de antioxidantes tais como a vitamina E, a vitamina C, os carotenóides e flavonóides, devido ao seu efeito protetor na prevenção cardiovascular. É de salientar ainda que a Dieta Mediterrânica e a Dieta DASH são atualmente reconhecidas pela evidência científica como padrões alimentares a seguir para a prevenção primária e secundária da doença cardiovascular. Assim, uma alimentação saudável que garanta o consumo adequado de macronutrientes e micronutrientes é a base fundamental para a prevenção das doenças cardiovasculares.
id RCAP_b4bdd6655cb93b3cb0d275c1654a3e18
oai_identifier_str oai:repositorio-aberto.up.pt:10216/111627
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling Ingestão nutricional em prevenção cardiovascularDoenças Cardiovasculares - PrevençãoEm Portugal e noutros países economicamente mais desenvolvidos, as doenças cardiovasculares representam a principal causa de mortalidade por doenças não transmissíveis. A sua etiologia é multifatorial mas pensa‑se que os estilos de vida, nomeadamente uma alimentação saudável seja fundamental para a prevenção primária e secundária das doenças cardiovasculares. Neste trabalho foi realizada uma revisão da literatura científica sobre o efeito da ingestão nutricional na saúde cardiovascular e realçam‑se as atuais recomendações nutricionais para a prevenção cardiovascular primária e secundária. Foi feita uma revisão bibliográfica da literatura a partir das bases de dados da PubMed e da ScienceDirect, complementada por pesquisa manual, e também por pesquisas em revistas científicas e sites da internet de entidades oficiais. No contexto de prevenção cardiovascular, o consumo de sal deve ser inferior a 5g/dia. Preconiza‑se também que o consumo de gorduras totais não ultrapasse os 30% do valor energético diário assim como deve ser feita uma redução no consumo de ácidos gordos trans. A evidência para os ácidos gordos saturados é ainda controversa, com base em resultados de uma meta‑análise de estudos de coorte prospetivos. Deve ser dada preferência ao consumo de ácidos gordos insaturados tais como os monoinsaturados e os polinsaturados, nomeadamente os ácidos gordos ómega 3 dado os seus efeitos anti‑inflamatórios e anti‑trombóticos. Os indivíduos saudáveis deverão consumir 500mg/dia de ácidos gordos ómega 3 e os indivíduos com história de doença cardiovascular devem consumir 800mg/dia, pelo que as recomendações diferem em prevenção primária e secundária. Destaca‑se ainda, que a relação ómega 6 versus ómega 3 deve ser equilibrada, sendo o equilíbrio ideal de 3:1. O papel do colesterol alimentar na doença cardiovascular não está totalmente esclarecido, facto que levou a que recomendações alimentares recentes não imponham um limite de consumo. Anteriormente, as recomendações preconizavam que o consumo de colesterol não devia ser superior a 300mg/dia para indivíduos saudáveis e a 200mg/dia para indivíduos com história de doença cardiovascular. O consumo de 200 a 400mg/dia de fitoesteróis apresenta efeitos benéficos nas concentrações de colesterol total. O consumo moderado de álcool, isto é, 10g/dia para as mulheres e 20g/dia para os homens, apresenta benefícios na prevenção cardiovascular e este efeito pode ser independente do tipo de bebida alcoólica. O consumo de proteínas também deve de ser moderado, dando preferência ao consumo de proteínas de origem vegetal, como por exemplo as proteínas da soja. Deve‑se privilegiar uma alimentação rica em produtos hortofrutícolas, grãos integrais e soja para a manutenção dos níveis ideais de fibras. A suplementação em antioxidantes não está recomendada em prevenção cardiovascular, sendo que é de privilegiar uma alimentação rica em fruta e hortícolas como fontes de grandes quantidades de antioxidantes tais como a vitamina E, a vitamina C, os carotenóides e flavonóides, devido ao seu efeito protetor na prevenção cardiovascular. É de salientar ainda que a Dieta Mediterrânica e a Dieta DASH são atualmente reconhecidas pela evidência científica como padrões alimentares a seguir para a prevenção primária e secundária da doença cardiovascular. Assim, uma alimentação saudável que garanta o consumo adequado de macronutrientes e micronutrientes é a base fundamental para a prevenção das doenças cardiovasculares.Sociedade Portuguesa de Pneumologia20172017-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10216/111627porGonçalves, SOliveira, Ainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-29T13:50:11Zoai:repositorio-aberto.up.pt:10216/111627Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T23:48:54.861755Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv Ingestão nutricional em prevenção cardiovascular
title Ingestão nutricional em prevenção cardiovascular
spellingShingle Ingestão nutricional em prevenção cardiovascular
Gonçalves, S
Doenças Cardiovasculares - Prevenção
title_short Ingestão nutricional em prevenção cardiovascular
title_full Ingestão nutricional em prevenção cardiovascular
title_fullStr Ingestão nutricional em prevenção cardiovascular
title_full_unstemmed Ingestão nutricional em prevenção cardiovascular
title_sort Ingestão nutricional em prevenção cardiovascular
author Gonçalves, S
author_facet Gonçalves, S
Oliveira, A
author_role author
author2 Oliveira, A
author2_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Gonçalves, S
Oliveira, A
dc.subject.por.fl_str_mv Doenças Cardiovasculares - Prevenção
topic Doenças Cardiovasculares - Prevenção
description Em Portugal e noutros países economicamente mais desenvolvidos, as doenças cardiovasculares representam a principal causa de mortalidade por doenças não transmissíveis. A sua etiologia é multifatorial mas pensa‑se que os estilos de vida, nomeadamente uma alimentação saudável seja fundamental para a prevenção primária e secundária das doenças cardiovasculares. Neste trabalho foi realizada uma revisão da literatura científica sobre o efeito da ingestão nutricional na saúde cardiovascular e realçam‑se as atuais recomendações nutricionais para a prevenção cardiovascular primária e secundária. Foi feita uma revisão bibliográfica da literatura a partir das bases de dados da PubMed e da ScienceDirect, complementada por pesquisa manual, e também por pesquisas em revistas científicas e sites da internet de entidades oficiais. No contexto de prevenção cardiovascular, o consumo de sal deve ser inferior a 5g/dia. Preconiza‑se também que o consumo de gorduras totais não ultrapasse os 30% do valor energético diário assim como deve ser feita uma redução no consumo de ácidos gordos trans. A evidência para os ácidos gordos saturados é ainda controversa, com base em resultados de uma meta‑análise de estudos de coorte prospetivos. Deve ser dada preferência ao consumo de ácidos gordos insaturados tais como os monoinsaturados e os polinsaturados, nomeadamente os ácidos gordos ómega 3 dado os seus efeitos anti‑inflamatórios e anti‑trombóticos. Os indivíduos saudáveis deverão consumir 500mg/dia de ácidos gordos ómega 3 e os indivíduos com história de doença cardiovascular devem consumir 800mg/dia, pelo que as recomendações diferem em prevenção primária e secundária. Destaca‑se ainda, que a relação ómega 6 versus ómega 3 deve ser equilibrada, sendo o equilíbrio ideal de 3:1. O papel do colesterol alimentar na doença cardiovascular não está totalmente esclarecido, facto que levou a que recomendações alimentares recentes não imponham um limite de consumo. Anteriormente, as recomendações preconizavam que o consumo de colesterol não devia ser superior a 300mg/dia para indivíduos saudáveis e a 200mg/dia para indivíduos com história de doença cardiovascular. O consumo de 200 a 400mg/dia de fitoesteróis apresenta efeitos benéficos nas concentrações de colesterol total. O consumo moderado de álcool, isto é, 10g/dia para as mulheres e 20g/dia para os homens, apresenta benefícios na prevenção cardiovascular e este efeito pode ser independente do tipo de bebida alcoólica. O consumo de proteínas também deve de ser moderado, dando preferência ao consumo de proteínas de origem vegetal, como por exemplo as proteínas da soja. Deve‑se privilegiar uma alimentação rica em produtos hortofrutícolas, grãos integrais e soja para a manutenção dos níveis ideais de fibras. A suplementação em antioxidantes não está recomendada em prevenção cardiovascular, sendo que é de privilegiar uma alimentação rica em fruta e hortícolas como fontes de grandes quantidades de antioxidantes tais como a vitamina E, a vitamina C, os carotenóides e flavonóides, devido ao seu efeito protetor na prevenção cardiovascular. É de salientar ainda que a Dieta Mediterrânica e a Dieta DASH são atualmente reconhecidas pela evidência científica como padrões alimentares a seguir para a prevenção primária e secundária da doença cardiovascular. Assim, uma alimentação saudável que garanta o consumo adequado de macronutrientes e micronutrientes é a base fundamental para a prevenção das doenças cardiovasculares.
publishDate 2017
dc.date.none.fl_str_mv 2017
2017-01-01T00:00:00Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10216/111627
url http://hdl.handle.net/10216/111627
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Sociedade Portuguesa de Pneumologia
publisher.none.fl_str_mv Sociedade Portuguesa de Pneumologia
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799135807908347905