A sobrevivência da paragem cardiorespiratória e o investimento em iniciativas de intervenção na população

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Caldeira, Pedro Dinis Esteves
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10884/1113
Resumo: Na Europa, a doença cardiovascular representa cerca de 40% de todas as mortes antes dos 75 anos, sendo a morte súbita responsável por 60% das mortes do adulto por doença coronária (INEM, 2010). Segundo Maconochie (2007), a maioria destas mortes ocorre fora do ambiente hospitalar. Em Portugal foram registadas 23347 paragens cardiorespiratórias fora do hospital (PCRFH) entre 2013 e 2014, resultando numa taxa de sobrevivência à entrada do hospital de 4,43%, que comparando com Inglaterra com 8,6%, ou até mesmo com Holanda com 21% e com a Noruega com 25% (NHS, 2015) demonstram que há muito ainda a fazer. A cadeia de sobrevivência é internacionalmente aceite como um conjunto de medidas e ações que influenciam o outcome da paragem cardiorespiratória, pretendeu-se assim neste estudo compreender a relação entre a implementação deste tipo de medidas e as respetivas taxas de sobrevivência, mensurando de forma objetiva a variação das taxas de sobrevivência nas PCRFH em função do investimento em medidas de caráter nacional, que aumentem a taxa de sobrevivência das PCRFH. Criou-se um modelo matemático com as medidas da cadeia de sobrevivência e optimizou-se o mesmo em forma de modelo de regressão linear. Para tal, foi desenvolvido um estudo coorte retrospectivo observacional, através de uma meta-análise, com o objetivo de estudo dos dados obtidos de locais onde as taxas de sobrevivência da PCRFH antes da implementação de diferentes medidas eram de 0%: ü Ilha de São Miguel, Açores, Portugal; ü Ilha de Bornholm, Dinamarca. Através da análise das variações das taxas de sobrevivência das PCRFH nas duas amostras, aplicou-se um modelo de regressão linear, onde o número de PCRFH assistidas por leigos com suporte básico de vida (SBV), o número de PCRFH assistidas por leigos com desfibrilhadores automáticos externos (DAE) se apresentavam como variáveis explicativas do número de recuperação de circulação espontânea. Foi considerado como estatisticamente significativo um p-value inferior a 0,05. Sendo aplicado o critério de Utstein na análise dos dados e definidas como variavéis dummy, no caso de São Miguel a integração de meios diferenciados na abordagem pré-hospitalar da PCRFH (último elo da cadeia de sobrevivência), e no caso de Bornholm às medidas de massificação do ensino de SBV (primeiros 3 elos da Cadeia de Sobrevivência). Os resultados finais demonstraram então que as taxas de sobrevivência de Bornholm e São Miguel após a aplicação das devidas medidas subiram de 0% para 21,03% e 12,80% respectivamente (p<0,001). Concluímos que a implementação de medidas que constituem a actual cadeia de sobrevivência aumentam a taxa de sobrevivência da PCRFH, curiosamente o modelo desenvolvido mostrou ainda que as variáveis utilizadas, que constituem a actual cadeia de sobrevivência, detêm um peso de cerca de 50% na determinação da taxa de sobrevivência da PCRFH, ou seja mesmo com a cadeia de sobrevivência perfeita com todos os seus elos presentes a probabilidade de uma vítima de PCRFH sobreviver é de 50%, o que demonstra a importância de um estudo mais aprofundado de outros factores que influenciam o outcome da PCRFH. As medidas de implementação que visam o aumento do número de PCRFH com manobras de SBV e acesso a DAE revelam-se mais eficazes, quando comparadas com a implementação de um sistema de emergência médica com capacidade de intervenção ao nível de SAV (p<0,001). Constatou-se ainda que a criação das equipas diferenciadas apresenta-se como uma medida mais eficiente, quando comparada com as medidas de aumento da taxa de PCRFH com SBV e DAE (p<0,001).
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