Modelos explicativos e paradigmas, investigação e intervenção em Turismo

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Mira, Maria do Rosário
Data de Publicação: 2013
Outros Autores: Ramos, Adília Rita Cabral de Carvalho Viana
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.26/47672
Resumo: O artigo apresentado tem como objectivo apresentar uma nova, mas necessária e exigente, reflexão sobre algumas questões de natureza epistemológica e metodológica, e suas implicações na investigação turística. São ainda delineados princípios orientadores para a produção de conhecimento em turismo, sendo aí realçada a contraposição frequentemente sugerida entre teoria e prática, ciência e eficácia, análise crítica e investigação rigorosa, obtida através de processos considerados neutros e objetivos, porque enquadrados numa lógica positivista submetida à hegemonia do discurso da ciência “moderna” e da sua carga argumentativa. Grande parte dos fenómenos analisados no contexto das ciências sociais encontra-se vinculada à existência física do homem e visa a procura da satisfação das suas necessidades. Tais fenómenos, entre os quais se consideram os turísticos, defrontam-se com limitações de recursos. O seu estudo obriga a uma tomada de consciência das suas potencialidades e limitações, assim como a uma planificação das metodologias de trabalho e a uma clarificação das questões de investigação, tendo em vista a produção de um conhecimento científico inovador, rigoroso e socialmente relevante. O nosso entendimento do trabalho científico neste domínio leva-nos a enfatizar a necessidade de ultrapassar os limites de um conhecimento parcelar e a procurar uma perspetiva mais abrangente e complexa do social. Neste sentido, queremos acentuar a necessidade de superar uma certa visão do social, já que a sua abordagem parece padecer da grande limitação de que o ponto de vista do “social” apenas se revela interessante e fecundo, para o trabalho de natureza científica, se o mesmo conduzir a resultados que justifiquem o investimento efetuado e for portador de significado ou for relevante para o futuro. Conscientes de que o trabalho científico não se reduz a conexões objetivas entre “coisas”, incluindo igualmente interacções e conexões conceptuais, partimos para esta marcha tendo em vista descobrir relações/conjeturas/hipóteses/perspetivas. Só quando se problematiza e se aborda uma nova questão de investigação com o auxílio de um método novo, de ferramentas e objetivos inovadores, é que se abre o caminho para a descoberta de outras “verdades” e de outros “sentidos”, do mesmo modo que se poderão abrir novas orientações que poderão traduzir-se em mais um passo em direção a novos conhecimentos num domínio científico emergente. O Turismo insere-se numa área pré-paradigmática, não tendo ainda conseguido gerar um consenso em torno do seu objeto de estudo, uma vez que não dispõe de um corpo de conhecimentos independente e autónomo, animado por uma dinâmica própria. Assim contextualizado, o Turismo tende a constituir-se como uma ciência leve (soft) e com fronteiras pouco delimitadas, para onde confluem vários saberes e onde diferentes disciplinas se entrecruzam. Importa, por isso, acrescentar valor ao conhecimento disponível, reunir contribuições e progredir no sentido de proporcionar a esta área a constituição de um corpo de conhecimentos interdisciplinares que permitam o seu desenvolvimento e a sua afirmação no contexto científico.
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