Índice de Massa Corporal e Cefaleia Pós-punção da Dura na População Obstétrica: existe relação?

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Vaz Antunes, Maria
Data de Publicação: 2017
Outros Autores: Moreira, Adriano, Faria, Aida
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: https://doi.org/10.25751/rspa.8340
Resumo: Introdução A cefaleia pós-punção da dura-máter (CPPD) é uma das complicações mais comuns do bloqueio do neuroeixo. Em grávidas obesas, a abordagem do espaço epidural é tecnicamente mais difícil, associando-se a maior taxa de bloqueio falhado e risco de punção acidental da dura-máter (PAD). O objetivo do nosso estudo foi avaliar a relação entre o índice de massa corporal (IMC) e o desenvolvimento de CPPD.   Material e Métodos Realizámos um estudo retrospetivo, entre janeiro de 2007 e dezembro de 2014. Revimos as folhas de registo das doentes em que ocorreu PAD/CPPD. As parturientes foram divididas em dois grupos de acordo com o IMC, não obesas (IMC < 30 kg/m2, G < 30) e obesas (IMC ≥ 30 kg/m2, G ≥ 30). Utilizámos o SPSS 22.0 no tratamento estatístico dos dados.   Resultados Ocorreram 58 PAD (0,3%) e 45 (77,6%) mulheres desenvolveram CPPD. Comparando o G < 30 (n = 35) e o G ≥ 30 (n = 23), a incidência de CPPD foi semelhante (80,0% vs 73,9%, p > 0,05). A CPPD grave ocorreu em 4 (11,4%) mulheres no G < 30 e não ocorreu no G ≥ 30 (p > 0,05). O tratamento conservador foi efetuado em todas as doentes. O blood patch epidural (BPE) foi realizado em 42,9% no G < 30 e 17,4% no G ≥ 30 (p = 0,043, OR 3,563 IC 95% 1,00-12,67). Após redefinição dos grupos em mulheres com IMC < 40 kg/m2 e IMC ≥ 40 kg/m2, não houve diferença na incidência e intensidade de CPPD, nem na necessidade de realização de BPE. Discussão                                                                                                         O baixo nível de evidência sugere que o risco de CPPD diminui à medida que o IMC aumenta. No nosso estudo, a incidência e as características da CPPD foram similares em gestantes obesas e não obesas, mas a realização de BPE foi inferior nas parturientes obesas, sugerindo que IMC superior pode ser protetor. Conclusão Não foi encontrada evidência de que as doentes obesas estejam menos predispostas ao desenvolvimento de CPPD. Contudo, a obesidade esteve associada a menor realização de BPE.  
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