PME’s em “clusters”: Desenvolvimento de vantagens competitivas em indústrias maduras, em mudança lenta. O caso da indústria Portuguesa de calçado

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Cardeal, Nuno César de Jesus Guerra
Data de Publicação: 2010
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10071/2840
Resumo: Como é que as empresas desenvolvem as capacidades que lhes permitem ter vantagens competitivas em envolventes em mudança? A teoria baseada nos recursos (Resource-Based Theory), embora tendo atingido uma posição de proeminência entre as teorias da área da estratégia, não conseguiu dar resposta a esta questão, tendo todavia assinalado que é através da organização de pacotes de recursos críticos que as empresas conseguem obter vantagens competitivas. Por oposição à teoria baseada nos recursos, que tem um enfoque essencial no contexto interno à empresa, a teoria das capacidades dinâmicas (Dynamic Capabilities) introduziu a dimensão externa à empresa: a envolvente. Capacidades Dinâmicas podem ser definidas como a capacidade da empresa integrar, construir e reconfigurar competências internas e externas para rapidamente fazer face a mudanças na envolvente. Mas, e se estivermos interessados particularmente no desenvolvimento de capacidades, em empresas localizadas em “clusters”? A teoria baseada nos recursos coloca uma ênfase especial na importância da posse dos recursos críticos e nos mecanismos para o seu isolamento, o que por sua vez parece constituir uma contradição com a situação dos “clusters”, na qual o conhecimento “paira no ar”. Para além disso, existe um forte efeito de complementaridade no contexto dos “clusters”. Com frequência diferentes empresas especializam-se em áreas específicas e diferentes da cadeia de valor. Por oposição à lógica de integração vertical significativa, na qual a origem da vantagem competitiva decorre do desenvolvimento e utilização de recursos internos à empresa, nos “clusters” as empresas são frequentemente de pequena dimensão, familiares, resultando a vantagem competitiva da forma como se organizam entre si, numa lógica de articulação especializada. Ou seja, com frequência nos “clusters” as vantagens competitivas das empresas decorrem da forma como utilizam recursos externos (às próprias empresas), algo que está em desacordo com os fundamentos da Teoria Baseada nos Recursos. O problema de investigação associado a este projecto reside na forma como pequenas e médias empresas (PME’s), localizadas em “clusters”, e que operam em indústrias maduras em mudança lenta, criam novas capacidades potencialmente geradoras de vantagem competitiva, no novo contexto da envolvente. A pergunta de investigação associada é: Como é que as capacidades que estão na origem da vantagem competitiva da empresa foram criadas ao longo do tempo? Ao introduzirmos as condicionantes “PME’s” e indústrias maduras em mudança lenta, às questões com que iniciámos este resumo, cremos poder dar um importante contributo para a gestão, num contexto que ainda é relativamente pouco conhecido e que, por isso, carece de mais investigação. Para respondermos à pergunta de investigação, adoptámos uma metodologia de múltiplos estudos de caso. Após identificarmos um total de 5 capacidades nos 3 estudos de caso efectuados a empresas portuguesas fabricantes de calçado, testámos até que ponto é que cada uma delas passa o teste VRIO e, seguidamente, numa abordagem de análise cruzada das referidas 5 capacidades, propomos um modelo para o desenvolvimento de capacidades geradoras de vantagem competitiva, por PME’s, localizadas em “clusters”, que operam em indústrias maduras, em mudança lenta.
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Capacidades Dinâmicas podem ser definidas como a capacidade da empresa integrar, construir e reconfigurar competências internas e externas para rapidamente fazer face a mudanças na envolvente. Mas, e se estivermos interessados particularmente no desenvolvimento de capacidades, em empresas localizadas em “clusters”? A teoria baseada nos recursos coloca uma ênfase especial na importância da posse dos recursos críticos e nos mecanismos para o seu isolamento, o que por sua vez parece constituir uma contradição com a situação dos “clusters”, na qual o conhecimento “paira no ar”. Para além disso, existe um forte efeito de complementaridade no contexto dos “clusters”. Com frequência diferentes empresas especializam-se em áreas específicas e diferentes da cadeia de valor. Por oposição à lógica de integração vertical significativa, na qual a origem da vantagem competitiva decorre do desenvolvimento e utilização de recursos internos à empresa, nos “clusters” as empresas são frequentemente de pequena dimensão, familiares, resultando a vantagem competitiva da forma como se organizam entre si, numa lógica de articulação especializada. Ou seja, com frequência nos “clusters” as vantagens competitivas das empresas decorrem da forma como utilizam recursos externos (às próprias empresas), algo que está em desacordo com os fundamentos da Teoria Baseada nos Recursos. O problema de investigação associado a este projecto reside na forma como pequenas e médias empresas (PME’s), localizadas em “clusters”, e que operam em indústrias maduras em mudança lenta, criam novas capacidades potencialmente geradoras de vantagem competitiva, no novo contexto da envolvente. A pergunta de investigação associada é: Como é que as capacidades que estão na origem da vantagem competitiva da empresa foram criadas ao longo do tempo? Ao introduzirmos as condicionantes “PME’s” e indústrias maduras em mudança lenta, às questões com que iniciámos este resumo, cremos poder dar um importante contributo para a gestão, num contexto que ainda é relativamente pouco conhecido e que, por isso, carece de mais investigação. Para respondermos à pergunta de investigação, adoptámos uma metodologia de múltiplos estudos de caso. Após identificarmos um total de 5 capacidades nos 3 estudos de caso efectuados a empresas portuguesas fabricantes de calçado, testámos até que ponto é que cada uma delas passa o teste VRIO e, seguidamente, numa abordagem de análise cruzada das referidas 5 capacidades, propomos um modelo para o desenvolvimento de capacidades geradoras de vantagem competitiva, por PME’s, localizadas em “clusters”, que operam em indústrias maduras, em mudança lenta.How do companies develop capabilities that allow them to have competitive advantages in changing environments? The Resource-Based View (RBV) although having reached a position of prominence among the theories in the field of strategy, failed to answer this question. Nevertheless RBV has highlighted that by organizing packages of critical resources, companies can gain competitive advantages. As opposed to RBV, which has an essential focus in internal context of the firm, the theory of Dynamic Capabilities introduced the external dimension to the company: the environment. Dynamic Capabilities can be defined as a company's ability to integrate, build and reconfigure internal and external competences to quickly cope with changes in the environment. But what if we are particularly interested in capabilities development in companies located in clusters? The RBV places special emphasis on the importance of ownership of critical resources and in the mechanisms for its isolation, which in turn seems to be a contradiction to the reality of clusters in which the knowledge “is in the air ". In addition, there is a strong complementary effect in the context of clusters. Often different companies specialize in different areas and different parts of the value chain. As opposed to the logic of strong vertical integration, in which the source of competitive advantage lies in the development and use of internal resources (to the firm), in clusters companies are often small, family owned. The competitive advantage stem from the way they organize themselves on a way of specialized articulation. In another words, the competitive advantage of firms in clusters often stem from how they use external resources (to the firm), something that is at odds with the fundamentals of the RBV. The research problem involved in this project lies in how small and medium enterprises (SMEs) located in clusters, and operating in mature industries changing slowly, create new capabilities that allows them to develop competitive advantage in the new environmental reality. The associated research question is: How were the capabilities that underlie the company's competitive advantage created over time? By adding the constraints "SMEs" and mature industries changing slowly, to the issues with which we started this abstract, we believe we may give an important contribution to management in a context that is still relatively unknown and therefore needs more research. To answer the research question, we adopted a methodology of multiple case studies. After identifying a total of five capabilities in three case studies of Portuguese shoes manufacturers,we tested to what extent each capability passes the test VRIO and then in an approach of cross-case analysis of these five capabilities, we propose a model to develop capabilities that generate competitive advantage for SMEs located in clusters, operating in mature industries, changing slowly.2011-08-08T11:38:04Z2010-01-01T00:00:00Z20102010-12doctoral thesisinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10071/2840TID:101368143por978-989-732-121-4Cardeal, Nuno César de Jesus Guerrainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-07-07T02:43:45Zoai:repositorio.iscte-iul.pt:10071/2840Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openairemluisa.alvim@gmail.comopendoar:71602024-07-07T02:43:45Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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