Os militares portugueses na Guiné- Bissau: da contestação à descolonização

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Duarte, Rui Filipe de Brito Camacho
Data de Publicação: 2010
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10071/7179
Resumo: A 25 de Abril de 1974, Portugal despertava com um golpe militar, depois de um longo período de regime ditatorial, iniciado a 28 de Maio de 1926 e fossilizado sob a forma do Estado Novo. Os militares revoltosos decidiram tomar o poder com vista à mudança do paradigma governativo vigente, que persistia no arrastamento de uma guerra no Ultramar dividida em três frente distintas – Guiné, Angola e Moçambique – e sem fim aparente. Com efeito, a ruptura que se verificou em Portugal proporcionou o começo da etapa final do processo de Descolonização, que conhecera o seu princípio, em 1961, com o despontar das lutas nacionalistas armadas nas colónias portuguesas. A transferência de poderes e de soberania, nas colónias, para os movimentos nacionalistas foi um desígnio assumido pela elite governativa que se estabeleceu após o 25 de Abril de 1974, dando origem ao processo mais marcante da história contemporânea portuguesa, que culminou no fim do domínio português sobre vastos territórios africanos. O presente trabalho é fruto de uma investigação que procurou averiguar como se desenvolveu, numa dessas colónias – a Guiné -, um núcleo de militares contestatários e, posteriormente, conspirativos, cuja acção viria a derrubar governo, e a forma como, consumado esse derrube, foi conduzido o respectivo processo de transferência de poder para uma entidade política previamente existente e internacionalmente reconhecida – a República da Guiné-Bissau. Assim, ficou claro quando é que o processo conspirativo se iniciou na Guiné, que os processos negociais se deram à escala local entre militares do MFA e do movimento nacionalista PAIGC, que originaram um processo de retirada das forças portuguesas bastante célere, sem interferências do poder político português e que, como consequências mais visíveis, acabaram por impedir a pluralidade partidária na Guiné-Bissau e não salvaguardaram muitos dos que, combatendo por Portugal, permaneceram aquele território.
id RCAP_bc69783dac8d30e897d93d051a7a6c2b
oai_identifier_str oai:repositorio.iscte-iul.pt:10071/7179
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling Os militares portugueses na Guiné- Bissau: da contestação à descolonizaçãoDescolonização -- DecolonizationGuiné-Bissau25 de Abril -- April 25 thMovimentos das forças armadasCarnation revolutionArmed forces movementA 25 de Abril de 1974, Portugal despertava com um golpe militar, depois de um longo período de regime ditatorial, iniciado a 28 de Maio de 1926 e fossilizado sob a forma do Estado Novo. Os militares revoltosos decidiram tomar o poder com vista à mudança do paradigma governativo vigente, que persistia no arrastamento de uma guerra no Ultramar dividida em três frente distintas – Guiné, Angola e Moçambique – e sem fim aparente. Com efeito, a ruptura que se verificou em Portugal proporcionou o começo da etapa final do processo de Descolonização, que conhecera o seu princípio, em 1961, com o despontar das lutas nacionalistas armadas nas colónias portuguesas. A transferência de poderes e de soberania, nas colónias, para os movimentos nacionalistas foi um desígnio assumido pela elite governativa que se estabeleceu após o 25 de Abril de 1974, dando origem ao processo mais marcante da história contemporânea portuguesa, que culminou no fim do domínio português sobre vastos territórios africanos. O presente trabalho é fruto de uma investigação que procurou averiguar como se desenvolveu, numa dessas colónias – a Guiné -, um núcleo de militares contestatários e, posteriormente, conspirativos, cuja acção viria a derrubar governo, e a forma como, consumado esse derrube, foi conduzido o respectivo processo de transferência de poder para uma entidade política previamente existente e internacionalmente reconhecida – a República da Guiné-Bissau. Assim, ficou claro quando é que o processo conspirativo se iniciou na Guiné, que os processos negociais se deram à escala local entre militares do MFA e do movimento nacionalista PAIGC, que originaram um processo de retirada das forças portuguesas bastante célere, sem interferências do poder político português e que, como consequências mais visíveis, acabaram por impedir a pluralidade partidária na Guiné-Bissau e não salvaguardaram muitos dos que, combatendo por Portugal, permaneceram aquele território.On April the 25th, 1974, Portugal awoke in a military coup after a long period of dictatorship which began in May the 28th, 1926, and fossilized in the form of Estado Novo (New State). The military insurgents decided to seize power in order to change the existing government frame that persisted in dragging a war overseas in three different fronts - Guinea, Angola and Mozambique - with no end in sight. Indeed, the coup d’état that occurred in Portugal began the final stage of the decolonization process which had started in 1961 with the beginning of the armed nationalist struggle in the Portuguese colonies. The transfer of powers and sovereignty in the colonies for the nationalist movements was a plan made by the governing elite established after April 25, 1974, giving rise to the most significant process of the contemporary Portuguese history – the end of the Portuguese ruling over vast territories in Africa. This work is the result of an investigation that sought to ascertain how a core of disaffected military developed in a particular colony - Guinea –, overthrowing the government and how the new portuguese military and political elite led the process of transferring power to a political entity that already existed and was internationally recognized - the Republic of Guinea-Bissau. It became clear when the Portuguese military began plotting against the regime, how the negotiating process was conducted at a local dimension almost without Lisbon’s interference and how it originated a quick withdraw of the Portuguese forces that did not provide protection neither to political parties other than PAIGC nor to those who fought by the portuguese side and remained in Guinea-Bissau after the portuguese retreat.2014-05-14T10:44:05Z2010-01-01T00:00:00Z20102010-10info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfapplication/octet-streamhttp://hdl.handle.net/10071/7179porDuarte, Rui Filipe de Brito Camachoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-09T18:02:43Zoai:repositorio.iscte-iul.pt:10071/7179Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T22:33:55.418815Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv Os militares portugueses na Guiné- Bissau: da contestação à descolonização
title Os militares portugueses na Guiné- Bissau: da contestação à descolonização
spellingShingle Os militares portugueses na Guiné- Bissau: da contestação à descolonização
Duarte, Rui Filipe de Brito Camacho
Descolonização -- Decolonization
Guiné-Bissau
25 de Abril -- April 25 th
Movimentos das forças armadas
Carnation revolution
Armed forces movement
title_short Os militares portugueses na Guiné- Bissau: da contestação à descolonização
title_full Os militares portugueses na Guiné- Bissau: da contestação à descolonização
title_fullStr Os militares portugueses na Guiné- Bissau: da contestação à descolonização
title_full_unstemmed Os militares portugueses na Guiné- Bissau: da contestação à descolonização
title_sort Os militares portugueses na Guiné- Bissau: da contestação à descolonização
author Duarte, Rui Filipe de Brito Camacho
author_facet Duarte, Rui Filipe de Brito Camacho
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Duarte, Rui Filipe de Brito Camacho
dc.subject.por.fl_str_mv Descolonização -- Decolonization
Guiné-Bissau
25 de Abril -- April 25 th
Movimentos das forças armadas
Carnation revolution
Armed forces movement
topic Descolonização -- Decolonization
Guiné-Bissau
25 de Abril -- April 25 th
Movimentos das forças armadas
Carnation revolution
Armed forces movement
description A 25 de Abril de 1974, Portugal despertava com um golpe militar, depois de um longo período de regime ditatorial, iniciado a 28 de Maio de 1926 e fossilizado sob a forma do Estado Novo. Os militares revoltosos decidiram tomar o poder com vista à mudança do paradigma governativo vigente, que persistia no arrastamento de uma guerra no Ultramar dividida em três frente distintas – Guiné, Angola e Moçambique – e sem fim aparente. Com efeito, a ruptura que se verificou em Portugal proporcionou o começo da etapa final do processo de Descolonização, que conhecera o seu princípio, em 1961, com o despontar das lutas nacionalistas armadas nas colónias portuguesas. A transferência de poderes e de soberania, nas colónias, para os movimentos nacionalistas foi um desígnio assumido pela elite governativa que se estabeleceu após o 25 de Abril de 1974, dando origem ao processo mais marcante da história contemporânea portuguesa, que culminou no fim do domínio português sobre vastos territórios africanos. O presente trabalho é fruto de uma investigação que procurou averiguar como se desenvolveu, numa dessas colónias – a Guiné -, um núcleo de militares contestatários e, posteriormente, conspirativos, cuja acção viria a derrubar governo, e a forma como, consumado esse derrube, foi conduzido o respectivo processo de transferência de poder para uma entidade política previamente existente e internacionalmente reconhecida – a República da Guiné-Bissau. Assim, ficou claro quando é que o processo conspirativo se iniciou na Guiné, que os processos negociais se deram à escala local entre militares do MFA e do movimento nacionalista PAIGC, que originaram um processo de retirada das forças portuguesas bastante célere, sem interferências do poder político português e que, como consequências mais visíveis, acabaram por impedir a pluralidade partidária na Guiné-Bissau e não salvaguardaram muitos dos que, combatendo por Portugal, permaneceram aquele território.
publishDate 2010
dc.date.none.fl_str_mv 2010-01-01T00:00:00Z
2010
2010-10
2014-05-14T10:44:05Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10071/7179
url http://hdl.handle.net/10071/7179
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
application/octet-stream
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799134900904787968