Contributos para uma hermenêutica da compreensão textual da filosofia da linguagem às práticas de leitura dos alunos do 1º ciclo do ensino básico
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2010 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10400.6/1965 |
Resumo: | A escolha do tema Contributos para uma Hermenêutica da Compreensão Textual. Da Filosofia da Linguagem às Práticas de Leitura dos Alunos do 1º Ciclo do Ensino Básico para Dissertação de Mestrado foi ditada por motivos de natureza pessoal e profissional. Acreditamos que qualquer trabalho só pode ser levado a bom termo se resultar de um investimento pessoal com uma forte componente afectiva. Na génese deste projecto está presente esse investimento. A concepção de compreensão textual tem sofrido uma evolução significativa ao longo dos tempos, nomeadamente na última década. O leitor deixou de ser considerado como um mero receptor passivo, cuja função era limitada a decifrar a mensagem do autor e do texto, tornando-se num agente activo, envolvido num processo também ele activo, cognitivo e afectivo. Deste modo, chegamos à perspectiva actual de leitura, sendo esta indissociável da compreensão, pois ler é compreender. Tendo em conta que saber ler é indispensável para o sucesso individual, quer no que se refere ao ser humano enquanto indivíduo como enquanto pessoa e cidadão, parece inegável a importância do desenvolvimento da capacidade de Compreensão Textual logo a partir do 1º Ciclo do Ensino Básico, associado à prática da leitura. Actualmente, considera-se que é imprescindível saber ler, no sentido de compreender o que se lê. O desenvolvimento individual, o relacionamento social, o acesso e alargamento do conhecimento, o sucesso escolar ou profissional, o exercício pleno da cidadania, ou simplesmente, a realização de tarefas diárias simples implica a necessidade da Compreensão Textual. Lamentavelmente, parece que grande parte da população sabe decifrar mas não sabe ler, revelando imensas dificuldades neste domínio. Esta problemática verifica-se quer no domínio das crianças como no dos adultos, talvez fruto da Escola que frequentaram, na qual este aspecto era ainda pouco trabalhado, no passado. É no 1º Ciclo que a criança adquire e desenvolve competências de leitura que lhe permitirão relacionar os textos lidos com as suas experiências. Devemos lutar para que a leitura seja fonte de prazer nos jovens leitores, criando nestes um estado de dependência que lhes traga efeitos positivos no aspecto emotivo, cognitivo e imaginário e que lhes facilite a compreensão textual do que é lido. Actualmente, pretende-se que haja um envolvimento da criança com a aprendizagem, que faça com que esta potencie as aprendizagens que traz do núcleo familiar. Neste sentido, podemos afirmar que toda a criança quando chega à escola não é uma “tábua em branco”, pois já é portadora de um conjunto de saberes que a Escola deverá ter em conta e ampliar. O professor, como mediador deste processo, deverá estar atento para, a partir das aprendizagens que todos os alunos já fizeram, proporcionar a construção de novas e renovadas aprendizagens. O Plano Nacional de Leitura (PNL), um projecto de âmbito nacional, tem vindo a colocar ao nosso dispor uma panóplia de textos que podem ser levados a contexto pedagógico, no sentido de promover a leitura e a Compreensão Textual. O Programa Nacional do Ensino do Português (PNEP), um projecto também de âmbito nacional, tem vindo a proporcionar formação aos professores do 1º Ciclo, no sentido de os alertar e equipar pedagogicamente de mais meios para proporcionarem um melhor e mais eficaz ensino do Português, nomeadamente ao nível da Expressão oral, Compreensão do oral, Leitura, Escrita e Conhecimento Explícito da Língua. Os Programas de Português do Ensino Básico, homologados em Março de 2009, foram elaborados à luz da consciência de que esta disciplina tem um lugar capital na formação das crianças e dos jovens, condicionando a sua relação com os outros e com o mundo. Assim, e tendo em conta as dificuldades sentidas em compreender o que lemos, nomeadamente no universo infantil, e a importância que este aspecto terá ao longo de toda a vida das crianças, parece-nos importante a realização de um estudo relacionado com a Hermenêutica da Compreensão Textual, num percurso que vai desde a Filosofia da Linguagem e que irá culminar numa abordagem ao 1º Ciclo do Ensino Básico, onde o professor é reconhecido como o sujeito mais apto e competente para trabalhar esta temática, em ambiente de sala de aula. Interessa-nos encontrar respostas para esta problemática. Apresentado o objecto de estudo e as razões que, a nosso ver, justificam a escolha do tema e lhe conferem pertinência teórica, parece-nos ser agora fundamental apontar, de forma clara, os objectivos centrais que pretendemos atingir: - Especificar o que significa “Compreender”, analisando a Compreensão como processo Hermenêutico. - Reconhecer a Compreensão Textual enquanto processo cognitivo. - Determinar quais as condições da Compreensão. - Determinar quais os determinantes e as variáveis que entram em jogo na Compreensão Textual. - Reconhecer a importância do Ensino Básico e qual o seu papel no ensino da Compreensão Textual. - Desenvolver a capacidade de Compreensão Textual nos alunos do 1º Ciclo do Ensino Básico. - Proporcionar “ferramentas” que possibilitem a formação de leitores autónomos, críticos e proficientes. Exposto o objecto de estudo e os objectivos centrais do trabalho, importa esclarecer o modo como constituímos a Dissertação. A Parte I é dedicada à análise do tema da Compreensão Textual como um acto Hermenêutico, baseando o nosso estudo, essencialmente, nos princípios teóricos fundamentais defendidos por Hans George Gadamer e Paul Ricoeur. Serão considerados alguns aspectos essenciais tais como: a autonomia semântica do texto; a historicidade da compreensão; os preconceitos como condição da compreensão; a dialéctica distanciação/apropriação do texto; o carácter linguístico da compreensão, entre outros. Os fundamentos teóricos irão proporcionar uma visão enriquecida dos aspectos relevantes envolvidos no processo da Compreensão Textual. A Parte II do trabalho consiste numa análise das variáveis que entram em jogo no processo de Compreensão Textual, tendo em conta, essencialmente, as perspectivas de Azevedo e Inês Sim-Sim. Iremos particularizar o processo de Compreensão Textual no 1º Ciclo do Ensino Básico, fazendo a ponte entre o que sucede com as crianças deste Ciclo e os fundamentos teóricos defendidos por Gadamer e Ricoeur, em particular. Da Parte III da Dissertação constarão planificações, cujo principal objectivo será desenvolver a capacidade de compreensão/leitora em alunos do 3º e 4º anos do 1º Ciclo para cada tipo de texto – poético, narrativo, instrucional e informativo -, tendo em conta o papel do professor/mediador, as estratégias pedagógicas para a leitura e Compreensão Textual nas crianças neste Ciclo escolar e a especificidade da Literatura Infantil. Cremos, deste modo, que estas actividades são um exemplo de como se pode promover o desenvolvimento de competências literácitas, literárias e culturais. O conjunto de actividades que propomos permitirão ao aluno um saber alicerçado no saber já trazido do seu meio familiar e social onde está inserido. Para completar esta terceira parte do trabalho, irão constar algumas actividades exemplificativas em Anexos. |
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Deste modo, chegamos à perspectiva actual de leitura, sendo esta indissociável da compreensão, pois ler é compreender. Tendo em conta que saber ler é indispensável para o sucesso individual, quer no que se refere ao ser humano enquanto indivíduo como enquanto pessoa e cidadão, parece inegável a importância do desenvolvimento da capacidade de Compreensão Textual logo a partir do 1º Ciclo do Ensino Básico, associado à prática da leitura. Actualmente, considera-se que é imprescindível saber ler, no sentido de compreender o que se lê. O desenvolvimento individual, o relacionamento social, o acesso e alargamento do conhecimento, o sucesso escolar ou profissional, o exercício pleno da cidadania, ou simplesmente, a realização de tarefas diárias simples implica a necessidade da Compreensão Textual. Lamentavelmente, parece que grande parte da população sabe decifrar mas não sabe ler, revelando imensas dificuldades neste domínio. Esta problemática verifica-se quer no domínio das crianças como no dos adultos, talvez fruto da Escola que frequentaram, na qual este aspecto era ainda pouco trabalhado, no passado. É no 1º Ciclo que a criança adquire e desenvolve competências de leitura que lhe permitirão relacionar os textos lidos com as suas experiências. Devemos lutar para que a leitura seja fonte de prazer nos jovens leitores, criando nestes um estado de dependência que lhes traga efeitos positivos no aspecto emotivo, cognitivo e imaginário e que lhes facilite a compreensão textual do que é lido. Actualmente, pretende-se que haja um envolvimento da criança com a aprendizagem, que faça com que esta potencie as aprendizagens que traz do núcleo familiar. Neste sentido, podemos afirmar que toda a criança quando chega à escola não é uma “tábua em branco”, pois já é portadora de um conjunto de saberes que a Escola deverá ter em conta e ampliar. O professor, como mediador deste processo, deverá estar atento para, a partir das aprendizagens que todos os alunos já fizeram, proporcionar a construção de novas e renovadas aprendizagens. O Plano Nacional de Leitura (PNL), um projecto de âmbito nacional, tem vindo a colocar ao nosso dispor uma panóplia de textos que podem ser levados a contexto pedagógico, no sentido de promover a leitura e a Compreensão Textual. O Programa Nacional do Ensino do Português (PNEP), um projecto também de âmbito nacional, tem vindo a proporcionar formação aos professores do 1º Ciclo, no sentido de os alertar e equipar pedagogicamente de mais meios para proporcionarem um melhor e mais eficaz ensino do Português, nomeadamente ao nível da Expressão oral, Compreensão do oral, Leitura, Escrita e Conhecimento Explícito da Língua. Os Programas de Português do Ensino Básico, homologados em Março de 2009, foram elaborados à luz da consciência de que esta disciplina tem um lugar capital na formação das crianças e dos jovens, condicionando a sua relação com os outros e com o mundo. Assim, e tendo em conta as dificuldades sentidas em compreender o que lemos, nomeadamente no universo infantil, e a importância que este aspecto terá ao longo de toda a vida das crianças, parece-nos importante a realização de um estudo relacionado com a Hermenêutica da Compreensão Textual, num percurso que vai desde a Filosofia da Linguagem e que irá culminar numa abordagem ao 1º Ciclo do Ensino Básico, onde o professor é reconhecido como o sujeito mais apto e competente para trabalhar esta temática, em ambiente de sala de aula. Interessa-nos encontrar respostas para esta problemática. Apresentado o objecto de estudo e as razões que, a nosso ver, justificam a escolha do tema e lhe conferem pertinência teórica, parece-nos ser agora fundamental apontar, de forma clara, os objectivos centrais que pretendemos atingir: - Especificar o que significa “Compreender”, analisando a Compreensão como processo Hermenêutico. - Reconhecer a Compreensão Textual enquanto processo cognitivo. - Determinar quais as condições da Compreensão. - Determinar quais os determinantes e as variáveis que entram em jogo na Compreensão Textual. - Reconhecer a importância do Ensino Básico e qual o seu papel no ensino da Compreensão Textual. - Desenvolver a capacidade de Compreensão Textual nos alunos do 1º Ciclo do Ensino Básico. - Proporcionar “ferramentas” que possibilitem a formação de leitores autónomos, críticos e proficientes. Exposto o objecto de estudo e os objectivos centrais do trabalho, importa esclarecer o modo como constituímos a Dissertação. A Parte I é dedicada à análise do tema da Compreensão Textual como um acto Hermenêutico, baseando o nosso estudo, essencialmente, nos princípios teóricos fundamentais defendidos por Hans George Gadamer e Paul Ricoeur. Serão considerados alguns aspectos essenciais tais como: a autonomia semântica do texto; a historicidade da compreensão; os preconceitos como condição da compreensão; a dialéctica distanciação/apropriação do texto; o carácter linguístico da compreensão, entre outros. Os fundamentos teóricos irão proporcionar uma visão enriquecida dos aspectos relevantes envolvidos no processo da Compreensão Textual. A Parte II do trabalho consiste numa análise das variáveis que entram em jogo no processo de Compreensão Textual, tendo em conta, essencialmente, as perspectivas de Azevedo e Inês Sim-Sim. Iremos particularizar o processo de Compreensão Textual no 1º Ciclo do Ensino Básico, fazendo a ponte entre o que sucede com as crianças deste Ciclo e os fundamentos teóricos defendidos por Gadamer e Ricoeur, em particular. Da Parte III da Dissertação constarão planificações, cujo principal objectivo será desenvolver a capacidade de compreensão/leitora em alunos do 3º e 4º anos do 1º Ciclo para cada tipo de texto – poético, narrativo, instrucional e informativo -, tendo em conta o papel do professor/mediador, as estratégias pedagógicas para a leitura e Compreensão Textual nas crianças neste Ciclo escolar e a especificidade da Literatura Infantil. Cremos, deste modo, que estas actividades são um exemplo de como se pode promover o desenvolvimento de competências literácitas, literárias e culturais. O conjunto de actividades que propomos permitirão ao aluno um saber alicerçado no saber já trazido do seu meio familiar e social onde está inserido. Para completar esta terceira parte do trabalho, irão constar algumas actividades exemplificativas em Anexos.Universidade da Beira InteriorOsório, Paulo José Tente da Rocha SantosuBibliorumFestas, Deolinda Maria Canêlo Carrilho2014-07-01T14:19:55Z2010-052010-05-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.6/1965porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-12-15T09:37:45Zoai:ubibliorum.ubi.pt:10400.6/1965Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T00:43:42.492455Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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É no 1º Ciclo que a criança adquire e desenvolve competências de leitura que lhe permitirão relacionar os textos lidos com as suas experiências. Devemos lutar para que a leitura seja fonte de prazer nos jovens leitores, criando nestes um estado de dependência que lhes traga efeitos positivos no aspecto emotivo, cognitivo e imaginário e que lhes facilite a compreensão textual do que é lido. Actualmente, pretende-se que haja um envolvimento da criança com a aprendizagem, que faça com que esta potencie as aprendizagens que traz do núcleo familiar. Neste sentido, podemos afirmar que toda a criança quando chega à escola não é uma “tábua em branco”, pois já é portadora de um conjunto de saberes que a Escola deverá ter em conta e ampliar. O professor, como mediador deste processo, deverá estar atento para, a partir das aprendizagens que todos os alunos já fizeram, proporcionar a construção de novas e renovadas aprendizagens. O Plano Nacional de Leitura (PNL), um projecto de âmbito nacional, tem vindo a colocar ao nosso dispor uma panóplia de textos que podem ser levados a contexto pedagógico, no sentido de promover a leitura e a Compreensão Textual. O Programa Nacional do Ensino do Português (PNEP), um projecto também de âmbito nacional, tem vindo a proporcionar formação aos professores do 1º Ciclo, no sentido de os alertar e equipar pedagogicamente de mais meios para proporcionarem um melhor e mais eficaz ensino do Português, nomeadamente ao nível da Expressão oral, Compreensão do oral, Leitura, Escrita e Conhecimento Explícito da Língua. Os Programas de Português do Ensino Básico, homologados em Março de 2009, foram elaborados à luz da consciência de que esta disciplina tem um lugar capital na formação das crianças e dos jovens, condicionando a sua relação com os outros e com o mundo. Assim, e tendo em conta as dificuldades sentidas em compreender o que lemos, nomeadamente no universo infantil, e a importância que este aspecto terá ao longo de toda a vida das crianças, parece-nos importante a realização de um estudo relacionado com a Hermenêutica da Compreensão Textual, num percurso que vai desde a Filosofia da Linguagem e que irá culminar numa abordagem ao 1º Ciclo do Ensino Básico, onde o professor é reconhecido como o sujeito mais apto e competente para trabalhar esta temática, em ambiente de sala de aula. Interessa-nos encontrar respostas para esta problemática. Apresentado o objecto de estudo e as razões que, a nosso ver, justificam a escolha do tema e lhe conferem pertinência teórica, parece-nos ser agora fundamental apontar, de forma clara, os objectivos centrais que pretendemos atingir: - Especificar o que significa “Compreender”, analisando a Compreensão como processo Hermenêutico. - Reconhecer a Compreensão Textual enquanto processo cognitivo. - Determinar quais as condições da Compreensão. - Determinar quais os determinantes e as variáveis que entram em jogo na Compreensão Textual. - Reconhecer a importância do Ensino Básico e qual o seu papel no ensino da Compreensão Textual. - Desenvolver a capacidade de Compreensão Textual nos alunos do 1º Ciclo do Ensino Básico. - Proporcionar “ferramentas” que possibilitem a formação de leitores autónomos, críticos e proficientes. Exposto o objecto de estudo e os objectivos centrais do trabalho, importa esclarecer o modo como constituímos a Dissertação. A Parte I é dedicada à análise do tema da Compreensão Textual como um acto Hermenêutico, baseando o nosso estudo, essencialmente, nos princípios teóricos fundamentais defendidos por Hans George Gadamer e Paul Ricoeur. Serão considerados alguns aspectos essenciais tais como: a autonomia semântica do texto; a historicidade da compreensão; os preconceitos como condição da compreensão; a dialéctica distanciação/apropriação do texto; o carácter linguístico da compreensão, entre outros. Os fundamentos teóricos irão proporcionar uma visão enriquecida dos aspectos relevantes envolvidos no processo da Compreensão Textual. A Parte II do trabalho consiste numa análise das variáveis que entram em jogo no processo de Compreensão Textual, tendo em conta, essencialmente, as perspectivas de Azevedo e Inês Sim-Sim. Iremos particularizar o processo de Compreensão Textual no 1º Ciclo do Ensino Básico, fazendo a ponte entre o que sucede com as crianças deste Ciclo e os fundamentos teóricos defendidos por Gadamer e Ricoeur, em particular. Da Parte III da Dissertação constarão planificações, cujo principal objectivo será desenvolver a capacidade de compreensão/leitora em alunos do 3º e 4º anos do 1º Ciclo para cada tipo de texto – poético, narrativo, instrucional e informativo -, tendo em conta o papel do professor/mediador, as estratégias pedagógicas para a leitura e Compreensão Textual nas crianças neste Ciclo escolar e a especificidade da Literatura Infantil. Cremos, deste modo, que estas actividades são um exemplo de como se pode promover o desenvolvimento de competências literácitas, literárias e culturais. O conjunto de actividades que propomos permitirão ao aluno um saber alicerçado no saber já trazido do seu meio familiar e social onde está inserido. 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