Um caso clínico de Encefalite Paraneoplásica
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Data de Publicação: | 2020 |
Outros Autores: | , |
Tipo de documento: | Relatório |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732020000200012 |
Resumo: | Introdução: A encefalite é uma condição inflamatória cerebral com múltiplas etiologias. Na maioria dos casos, os agentes virais são os principais responsáveis, mas raramente a etiologia pode ser autoimune/paraneoplásica. A incidência de encefalite paraneoplásica é desconhecida. As neoplasias mais frequentemente associadas a esta síndroma são o carcinoma pulmonar, tumor testicular, neoplasia da mama, timoma e linfoma de Hodgkin. Pensa-se que o mecanismo etiopatogénico se relaciona com a produção de autoanticorpos contra a superfície neuronal e/ou proteínas sinápticas. Dependendo do local do sistema nervoso afetado, a sintomatologia varia, sendo que a encefalite límbica é caracterizada pelo início agudo de alterações do comportamento, humor, memória a curto-prazo e disfunção cognitiva. A deteção e tratamento precoces melhoram o prognóstico, a rapidez da recuperação e reduzem o risco de recaída. A ausência de tratamento pode evoluir para um quadro neurológico debilitante, culminando em coma e morte em alguns doentes. Descrição do caso: Mulher de 50 anos, avaliada na Unidade de Saúde Familiar (USF) em 2017, por alterações mnésicas súbitas e alterações do comportamento. À avaliação apresentava apatia, anedonia e escassez de discurso, esboçando, por vezes, um riso inapropriado. Desorientação espacial, temporal e em relação a si própria, que evoluiu para um quadro de agressividade e não reconhecimento dos seus familiares. A investigação etiológica concluiu tratar-se de encefalite autoimune/paraneoplásica, tendo a doente sido internada em neurologia. O estudo investigacional mostrou massa no mediastino anterior, compatível com timoma. Em 2018, a doente foi submetida a exérese da neoplasia com recuperação do quadro neurológico. Comentário: A baixa prevalência desta patologia e o seu diagnóstico diferencial com doença psiquiátrica tornam difícil o diagnóstico desta síndroma. O médico de família, conhecendo os seus pacientes ao longo do tempo, está numa posição privilegiada para a deteção de sinais de alarme que carecem de investigação e tratamento diferenciados. |
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