O caso do teatro inexistente, ou do teatro como imagem de nós
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2014 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10174/12431 |
Resumo: | Quando analisamos o significativo conjunto de textos que sobre o teatro português se escreveram, entre o século xix e xx, de Almeida Garrett a Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão ou Fialho de Almeida, por exemplo, deparamos com uma situação paradoxal. Por um lado, como se sabe, o século XIX é o século da afirmação do teatro enquanto veículo identitário privilegiado das nações, na esteira das posições de Schiller e das teses doutrinárias do romantismo; é o século em que verificamos um aumento das casa de espectáculos em Lisboa, o reforço episódico do apoio do Estado ao Teatro Nacional, a instituição do Conservatório e dos Concursos de incentivo à produção dramática nacional. Por outro lado, porém, este é também o tempo da construção do imagema estereotipado pelo qual se rejeita a existência do teatro português. O teatro português existe?, perguntava em 1912, no título da «tese de concurso à terceira cadeira da Escola de Arte de Representar (Filosofia Geral das Artes)» Luís Barreto, antecedido por um século de insistentes referências à ausência de qualidade da produção dramática nacional. Neste breve ensiao, procuro analisar os termos desta polaridade, numa ambivalência que foi sendo retomada nos escritos sobre identidade e cultura (e.g. A. J. Saraiva, Crabée Rocha, Jorge Dias, Vítor Santos) e pelas histórias do teatro português e só começa a ser expressamente posta em causa quando a renovação da historiografia do teatro convoca novos paradigmas e se evidenciam as polaridades ideológicas dos discursos implicados. Se o projecto de Garrett, como disse Eduardo Lourenço, visava «fundamentalmente a teatralização de Portugal como povo que só já tem ser imaginário» (1978: 83), o seu discurso de juventude contra Gil Vicente (na História Filosófica do Teatro Português) e depois celebrando a sua herança (em Um auto de Gil Vicente) lança ao mesmo tempo os fundamentos de um projecto nacional de teatro e o seu imagema mais dramático. |
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