As pinturas do Abrigo do Tchitundu-Hulu Mucai: um contributo para o conhecimento da arte rupestre da região

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Fernandes, José Benjamim Caema
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10348/6267
Resumo: Os estudos ligados à Arqueologia angolana, levados a cabo por vários estudiosos ao longo dos últimos sessenta anos, em várias regiões do território angolano, revelaram o grande potencial arqueológico que o país possui. A província do Namibe revelou e ainda tem estado a revelar uma grande riqueza no campo arqueológico, com várias estações de indústria lítica e arte rupestre espalhadas em quase toda a extensão da província, desde o limite norte ao limite sul, facto que comprova a antropização deste território, desde tempos muito recuados. Importa realçar que, na actual fase de estudos da arte rupestre, o Namibe é das províncias de Angola que maior número de sítios revelou. A estação do Tchitundu-hulu compreende 4 sítios: Tchitundu-hulu Mulume (gravuras expostas ao longo da superfície rochosa, bem como um abrigo com pinturas no alto do morro), Tchitundu-hulu Mucai (pinturas no interior do abrigo e gravuras no cimo do morro), Pedra da Zebra e Pedra da Lagoa (ambas com gravuras). As dificuldades impostas pelo rigor do clima desértico, nomeadamente a escassez de água em grande parte da extensão do território e a existência (de forma temporária) desse recurso, assim como de uma rica fauna e flora na região teriam sido, provavelmente, algumas das razões que atraíam para o local diversos grupos humanos que terão interagido culturalmente durante séculos ou mesmo milénios. Mas esta possibilidade apenas poderia ser comprovada mediante rigorosos estudos arqueológicos com recurso, de entre outros, à estudos polínicos. Por outro lado a geomorfologia da região, caracterizada pela existência de várias formações rochosas e abrigos sob rocha terá sido, provavelmente, outro dos factores que contribuiu para que os gravadores e pintores deixassem suas marcas naquela paisagem. Ao longo de vários séculos este território terá sido, provavelmente, palco de vários eventos de natureza política, social e cultural, resultantes da mobilidade de grupos humanos que aí confluíram. Assim sendo, as pinturas do Tchitundu-hulu Mucai podem reflectir, de certa forma, manifestações culturais de determinada comunidade humana ou resultado da interacção entre grupos culturalmente distintos que teriam usado o abrigo em diferentes períodos de tempo, tendo deixado marcas que hoje podem reflectir aspectos ligados à vida, história e à aspectos etnológicos destas mesmas comunidades. O clima desértico, caracterizado pelas variações extremas de temperatura, a exposição ao sol e às demais intempéries, infiltrações das águas da chuva, assim como a acção humana, têm sido apontados como prováveis factores na base da degradação que se assiste nas pinturas e gravuras. É necessário que medidas de protecção e conservação sejam implementadas no sentido de retardar cada vez mais, ou mesmo eliminar os factores de degradação da arte rupestre, de modos que este bem seja usufruído, não apenas pela actual geração, mas também pelas gerações vindouras. Por outro lado, é necessária a definição de acções que tornem a arte rupestre rentável sob ponto de vista económico, através da exploração do turismo cultural, tendo em consideração os benefícios económicos e sociais para as comunidades locais.
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A estação do Tchitundu-hulu compreende 4 sítios: Tchitundu-hulu Mulume (gravuras expostas ao longo da superfície rochosa, bem como um abrigo com pinturas no alto do morro), Tchitundu-hulu Mucai (pinturas no interior do abrigo e gravuras no cimo do morro), Pedra da Zebra e Pedra da Lagoa (ambas com gravuras). As dificuldades impostas pelo rigor do clima desértico, nomeadamente a escassez de água em grande parte da extensão do território e a existência (de forma temporária) desse recurso, assim como de uma rica fauna e flora na região teriam sido, provavelmente, algumas das razões que atraíam para o local diversos grupos humanos que terão interagido culturalmente durante séculos ou mesmo milénios. Mas esta possibilidade apenas poderia ser comprovada mediante rigorosos estudos arqueológicos com recurso, de entre outros, à estudos polínicos. Por outro lado a geomorfologia da região, caracterizada pela existência de várias formações rochosas e abrigos sob rocha terá sido, provavelmente, outro dos factores que contribuiu para que os gravadores e pintores deixassem suas marcas naquela paisagem. Ao longo de vários séculos este território terá sido, provavelmente, palco de vários eventos de natureza política, social e cultural, resultantes da mobilidade de grupos humanos que aí confluíram. Assim sendo, as pinturas do Tchitundu-hulu Mucai podem reflectir, de certa forma, manifestações culturais de determinada comunidade humana ou resultado da interacção entre grupos culturalmente distintos que teriam usado o abrigo em diferentes períodos de tempo, tendo deixado marcas que hoje podem reflectir aspectos ligados à vida, história e à aspectos etnológicos destas mesmas comunidades. O clima desértico, caracterizado pelas variações extremas de temperatura, a exposição ao sol e às demais intempéries, infiltrações das águas da chuva, assim como a acção humana, têm sido apontados como prováveis factores na base da degradação que se assiste nas pinturas e gravuras. É necessário que medidas de protecção e conservação sejam implementadas no sentido de retardar cada vez mais, ou mesmo eliminar os factores de degradação da arte rupestre, de modos que este bem seja usufruído, não apenas pela actual geração, mas também pelas gerações vindouras. Por outro lado, é necessária a definição de acções que tornem a arte rupestre rentável sob ponto de vista económico, através da exploração do turismo cultural, tendo em consideração os benefícios económicos e sociais para as comunidades locais.The studies linked to the Angolan Archaeology carried out by various scholars over the past sixty years, in various regions of Angola, revealed the great archaeological potential the country has. The Namibe province revealed and still has been revealing a great richness in archaeological remains, with several sites (lithic industry and rock art) spread over almost all extension of the province, from the northern boundary to the southern boundary, which proves the anthropization of this territory, since very ancient times. At this stage of rock art studies, Namibe province is the region in Angola which has showed the largest number of sites. Tchitundu-hulu comprises four sites: Tchitundu-hulu Mulume (engravings exposed along the rocky surface, as well as a shelter with paintings on the hill), Tchitundu-hulu Mucai (paintings inside the shelter and engravings on the top of hill), Pedra da Zebra and Pedra da Lagoa (both with engravings). The difficulties imposed by the rigor of the desert climate, including water shortages and the (temporary) existence of water, as well as a rich fauna and flora in the region, would have probably been some of the reasons that attracted to the site several human groups that have interacted culturally for centuries or even millennia. On the other hand the geomorphology of the region, characterized by the existence of various rock formations and rock shelters, has been another factor that contributed for the engravers and painters to leave their marks in that landscape. Over several centuries this territory has probably been the stage of various events (political, social and cultural), resulting from of human groups that converged on the site. Thus, the paintings from Tchitundu-hulu Mucai may reflect, to some extent, cultural manifestations of specific human community or result from interactions between culturally distinct groups that have used the shelter in different periods of time, leaving marks that can now reflects aspects linked to the life, history and ethnological aspects of these same communities. The desert climate characterized by extreme variations in temperature, exposure to sunlight and other weathering, infiltration of rain water, as well as human action, have been identified as likely factors behind the deterioration we are seeing in paintings and engravings. It is necessary, for the protection and conservation, to implement measures to slow down, or even eliminate the degradation factors of rock art in the way that this well be enjoyed, not just by current generation but also by future generations. On the other hand, it is necessary to implement actions that make the rock art profitable economically, through the exploration of cultural tourism, taking into account economic and social benefits to local communities.2016-07-25T13:43:41Z2016-07-25T00:00:00Z2016-07-25info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10348/6267porFernandes, José Benjamim Caemainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-02-02T13:01:11Zoai:repositorio.utad.pt:10348/6267Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T02:07:20.136906Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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