Toxic masculinity and total war : Billy Prior and the Male role in Pat Baker's regeneration trilogy

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Fonseca, Margarida Cupido
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: eng
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/41438
Resumo: This dissertation aims to explore, characterise and debunk the myth of the masculine war hero through the analysis of Pat Barker’s Regeneration trilogy. It focuses on showcasing how the traditionally patriarchal society of late-Victorian and Edwardian Britain educated its youth to follow unrealistic models of masculinity which privileged the suppression of emotion and tenderness, while promoting violence. The imperial agenda during the nineteenth and early twentieth centuries created a generation of males who believed in the “Great Adventure” of war and imagined it as a glorious event, where men were supposed to show their virility and honour in defence of western values. By focusing on the character of Billy Prior, a working-class, bisexual and shell-shocked soldier, this dissertation will demonstrate how his class, gender and sexual identity represent an exception to the patriarchal system of the time. Billy’s behaviour makes him an outcast of society, highlighting the problems and fragility of institutionalised masculinity. Furthermore, it will show how these characteristics are used by Billy as a weapon of survival, and how his late adherence to societal expectations ultimately led to his demise. The analysis of shell-shock will make clear how war went from being seen as a showcase of heroes to an event of indiscriminate violence which dehumanised its victims. Through Billy’s story, we can see that war erodes one’s humanity, turning a once lively and rebellious twenty-two-year-old man into a ghost, incapable of fitting in with regular human behaviour.
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spelling Toxic masculinity and total war : Billy Prior and the Male role in Pat Baker's regeneration trilogyBarker, Pat, 1943-..... RegenerationRomance inglês - séc. 20 - História e críticaGuerra mundial (1914-1918) - Literatura e guerraViolência - Na literaturaSofrimento - Na literaturaMasculinidade - Na literaturaNevroses de guerra - Na literaturaTraumatismos psíquicos - Na literaturaLiteratura e sociedade - Grã-Bretanha - séc.20Teses de mestrado - 2019Domínio/Área Científica::Humanidades::Línguas e LiteraturasThis dissertation aims to explore, characterise and debunk the myth of the masculine war hero through the analysis of Pat Barker’s Regeneration trilogy. It focuses on showcasing how the traditionally patriarchal society of late-Victorian and Edwardian Britain educated its youth to follow unrealistic models of masculinity which privileged the suppression of emotion and tenderness, while promoting violence. The imperial agenda during the nineteenth and early twentieth centuries created a generation of males who believed in the “Great Adventure” of war and imagined it as a glorious event, where men were supposed to show their virility and honour in defence of western values. By focusing on the character of Billy Prior, a working-class, bisexual and shell-shocked soldier, this dissertation will demonstrate how his class, gender and sexual identity represent an exception to the patriarchal system of the time. Billy’s behaviour makes him an outcast of society, highlighting the problems and fragility of institutionalised masculinity. Furthermore, it will show how these characteristics are used by Billy as a weapon of survival, and how his late adherence to societal expectations ultimately led to his demise. The analysis of shell-shock will make clear how war went from being seen as a showcase of heroes to an event of indiscriminate violence which dehumanised its victims. Through Billy’s story, we can see that war erodes one’s humanity, turning a once lively and rebellious twenty-two-year-old man into a ghost, incapable of fitting in with regular human behaviour.Esta dissertação ocupa-se com a análise da trilogia Regeneration de Pat Barker, uma obra que junta ficção com realidade para nos apresentar uma história da Primeira Guerra Mundial de uma forma mais humana. Um dos principais focos desta dissertação é a exploração do conceito de masculinidade tóxica e a descrição da sociedade patriarcal, de modo a tornar claro como este contexto ideológico e histórico foi utilizado pela escritora para tecer considerações sobre o papel do homem na sociedade, e sobretudo numa sociedade em guerra. Esta dissertação demonstra especialmente que a personagem Billy Prior é o elemento da trilogia que melhor reúne as características desta sociedade repressiva, mas procura ainda mais provar de que modos a personagem vai contra tais caraterísticas. A sociedade patriarcal do período vitoriano tardio e da época eduardiana serve como pano de fundo para os acontecimentos de Regeneration. Uma sociedade patriarcal pode ser definida como uma sociedade cujas estruturas e leis estão edificadas para beneficiar o género masculino, enquanto que ao mesmo tempo marginaliza não apenas as mulheres, mas também pessoas transgénero e crianças. O sexo masculino era dominante, mas isso nem sempre tinha boas consequências. O conceito atual de masculinidade tóxica é aplicado como um conjunto de comportamentos nocivos atribuídos aos homens, e que na época em análise passam pela promoção da violência e a supressão de emoções. A sociedade patriarcal da época levou à difusão de expectativas irrealistas para os jovens, ao educar os membros das classes mais altas para serem os futuros líderes do Império. Através do ensino dos colégios privados, estes rapazes estavam a ser doutrinados acerca da importância da disciplina, da cooperação entre estudantes, e do uso do desporto para fortalecer a moral e o corpo masculino. Por estas razões, era esperado (e exigido) que os jovens fossem capazes de lidar com os desafios colocados diante de si da maneira mais corajosa possível, sem temer o elevado risco de lesão ou de morte. Por outro lado, os homens que demonstrassem sofrer de traumas de guerra eram vistos como cobardes e fracos, incapazes de cumprir as suas obrigações de agir como um cavalheiro valente, disposto a ultrapassar todos os obstáculos para defender a sua honra, e mais importante, a honra da Pátria. Deste modo, Pat Barker demonstra como a sociedade patriarcal pode ser prejudicial para os homens, numa sociedade que foi edificada por homens, a pensar em outros homens. A pressão que estes jovens sofriam para agir e pensar de determinada maneira tornava ainda mais difícil o tratamento dos seus transtornos, porque os especialistas de psiquiatria recusavam-se, inicialmente, a reconhecer que estas reações não demonstravam a fraqueza dos soldados, mas sim a crueldade da guerra. Esta dissertação demonstra que a trilogia pode ser considerada uma obra feminista, apesar do seu foco ser em personagens do género masculino. O feminismo centra-se em promover a emancipação das mulheres, eliminando as normas e instituições que socialmente estabelecem a superioridade dos homens sobre as mulheres. Na sociedade britânica no início do século XX, a mulher era vista como um ser delicado, sensível, fraco e cujo principal dever era cuidar da casa e dos seus filhos. A mulher era, geralmente, dependente de um homem para a sua subsistência, que podia ser o seu marido/irmão/pai. Por esta razão tinha muito pouca autonomia. De acordo com a escritora, ao demonstrar que durante a guerra os homens sofriam de distúrbios mentais, dado a sua falta de autonomia e dependência, isto indica que o papel da mulher e do homem se torna mais semelhante. Supor que o homem que lutava era fraco era reduzi-lo à condição feminina, e por isso a sua virilidade era posta em causa. A guerra era considerada como a oportunidade suprema para o homem demonstrar as qualidades esperadas do seu sexo, mas Regeneration demonstra que a guerra de trincheiras teve frequentemente o efeito contrário. Um dos grandes temas de Regeneration é a compaixão da guerra. A compaixão para com os soldados que, com uma idade muito jovem, foram atirados para o meio de um conflito armado altamente destrutivo, com pouca ou nenhuma preparação adequada. Aliado a esta noção de compaixão estava a necessidade de desmistificar a ideia de que a guerra era um evento glorioso, em que o homem enalteceria a sua masculinidade. No início do conflito, a grande maioria dos jovens que se alistou tinha em mente o mito da “Grande Aventura.” Este mito espalhava a confiança desmesurada de que a guerra seria um conflito rápido, com poucas mortes e danos materiais. A guerra serviria, essencialmente, para defender o modo de vida europeu e para salvaguardar os interesses culturais e económicos do Império Britânico. No entanto, o passar dos anos tornou evidente que a guerra já não seria algo passageiro. O multiplicar dos falecimentos e dos soldados com lesões mentais contribuiu para tornar mais palpável que a Primeira Guerra Mundial, sendo a primeira verdadeira guerra da Era Industrial, estava a ter repercussões nunca antes vistas. Pat Barker usa Billy Prior para evidenciar estes aspetos, e é por isso que esta personagem foi escolhida como o principal foco de análise da dissertação. Prior é um oficial com origem na classe trabalhadora, o que complica o seu estatuto. Tendo acesso ao mundo da classe trabalhadora, assim como ao da elite dos colégios privados, Billy consegue adaptar os seus comportamentos aos contextos em que se insere. O seu estatuto de “cavalheiro temporário” atribui-lhe características únicas que tornam a personagem complexa, interessante e um tanto contraditória. Na verdade, a essência de Billy é sempre contraditória. Apesar de agir conforme a sua necessidade e vontade, tendo comportamentos que o colocam à margem daquilo que é esperado, sabemos através da narração subjetiva que Billy sente pressão para agir de maneira diferente. Mesmo tendo em conta que o oficial tem vários encontros sexuais com homens, o que na época seria reprovado, Billy desenvolve esses comportamentos em privado, apenas tornando as suas intenções claras perante aqueles em que confia. Billy é um doente que chega a Craiglockhart por ter lapsos de memória e não conseguir falar. Através dos seus protestos de silêncio, Billy Prior recusa a sua vulnerabilidade. Sendo assim, o soldado usa a sua enfermidade não só como modo de recalcar os seus traumas, mas porque o ato de os relembrar traria consequências que iriam contra o ideal do homem insensível, e por consequência, contra o sistema de sociedade patriarcal que Billy se esforça por integrar. A relação de Billy Prior com a sua namorada, Sarah Lumb, demonstra não só como o soldado era capaz de ver as mulheres como suas iguais, ignorando a ideia estabelecida de que o homem deve ter um papel dominante nas relações interpessoais, mas também como o soldado está alienado do quotidiano. Os momentos de romance que Billy passa com Sarah são os únicos que o afastam dos terrores da guerra, mas estar longe dos campos de batalha não apaga as suas memórias traumáticas. Depois de enfrentar os horrores de que foi testemunha, Billy é incapaz de se distanciar da sua vertente de soldado. Por isso vemos várias vezes Billy a ser comparado a um “fantasma” que vagueia pelas ruas citadinas, e que tem dificuldade em lidar com os risos e os barulhos dos cidadãos, felizes porque não têm noção das atrocidades inerentes a uma guerra de tal calibre. A noção de ignorância feliz ganha foco neste sentido. Uma vez “curado” dos seus transtornos, Billy volta à guerra voluntariamente, mas o seu ânimo nunca voltará ao mesmo. Este regresso não tem o intuito de demonstrar que as sessões com Rivers foram um sucesso, mas sim condenar a estrutura patriarcal que as motiva. O caso de Prior leva Rivers a reconhecer que era cúmplice no esforço de guerra, silenciando as vozes dos soldados, para que estes pudessem voltar a combater. Mesmo estando noivo de Sarah e com uma vida pela frente, Billy parece ter aceitado o seu destino. O oficial reconhece a perda da sua humanidade, focando-se apenas no dever que tem de cumprir. A perda da humanidade de Billy reflete a perda da humanidade de uma geração inteira de jovens que viram a sua vida tomar contornos assustadores, com muitos a não terem sequer a oportunidade de regressar a casa. Mesmo com a vitória dos aliados, Pat Barker demonstra que a Primeira Guerra não pode ter sido ganha quando tanto se perdeu. O sofrimento de milhões de jovens derruba o mito da guerra como um evento em que reina a heroicidade, o patriotismo e a masculinidade. O homem que lutava deixou de ser visto como um herói para passar a ser uma vítima de circunstâncias alheias à sua inocência juvenil. Por outro lado, a inclusão de Billy ajuda-nos a perceber a narrativa de guerra de um modo subjetivo, humanizado, renovado, permitindo uma leitura inovadora do conflito. O tom sarcástico com que Billy narra os acontecimentos contribui para a desconstrução da sociedade patriarcal, assim como da imagem romantizada do soldado heroico. Porque Billy não é uma personagem modelo – é de classe trabalhadora, bissexual e que padece de trauma de guerra – Pat Barker usa a sua voz para demonstrar que o comportamento ideal masculino não é inerente ao sexo, mas sim o resultado de condicionamento e repressão social.Flora, Luísa MariaRepositório da Universidade de LisboaFonseca, Margarida Cupido2020-01-28T14:09:52Z2019-12-022019-09-092019-12-02T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/41438TID:202351076enginfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T16:40:53Zoai:repositorio.ul.pt:10451/41438Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T21:54:42.610438Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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