From Portugal to Russia: The Many Lives of the Eighteenth Century Physician Ribeiro Sanches

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Gomes, Maria
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: eng
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/56857
Resumo: Tese de mestrado, História e Filosofia das Ciências, 2022, Universidade de Lisboa, Faculdade de Ciências
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spelling From Portugal to Russia: The Many Lives of the Eighteenth Century Physician Ribeiro SanchesRibeiro SanchesRússiaAcademia das Ciências de São Petersburgocorrespondência científicamedicina setecentistaTeses de mestrado - 2022Departamento de História e Filosofia das CiênciasTese de mestrado, História e Filosofia das Ciências, 2022, Universidade de Lisboa, Faculdade de CiênciasRibeiro Sanches (Penamacor, 7 Março 1699 – Paris, 14 Outubro 1783) é uma das mais destacadas figuras do panorama intelectual português setecentista. É particularmente conhecido por ter servido como médico na corte russa (especialmente por ter salvado a vida da Imperatriz Catarina, a Grande), por ter inspirado reformas educativas em Portugal, por ter sido o primeiro a apresentar ao Ocidente os benefícios para a saúde dos tradicionais banhos russos, por ter sido discípulo de Hermann Boerhaave, pela sua entrada na Encyclopédie de Diderot e d’Alembert, e pelas suas ligações a academias científicas. Ficou conhecido como o “médico dos males de amor” devido aos estudos que conduziu sobre a origem e o tratamento da sífilis. Era consultado pelas mais altas patentes da Rússia e, depois de a abandonar, continuou a receber pedidos de ajuda médica de nobres e intelectuais russos e europeus. Para além da Medicina, Sanches desenvolveu um vasto trabalho pedagógico e sociopolítico. Vários são os tratados que dedicou à educação de jovens e ao desenvolvimento de instituições de ensino, bem como a aspectos vários da política, economia, saúde, gestão de recursos naturais e história portuguesas e russas. Alguns destes trabalhos foram encomendados por personalidades de grande renome, como o Marquês de Pombal ou D. Luís da Cunha, do lado português, e Ivan Betskoy ou o Conde Vorontsov, do lado russo. Escritas em português, francês e latim, as suas obras foram traduzidas para russo, alemão, inglês e italiano, mas grande parte dos seus escritos permanece em manuscritos por estudar. Pela extensa e variada correspondência que manteve e fomentou, é seguro afirmar que Ribeiro Sanches foi um ponto nodal no intercâmbio científico nos quarteis médios do século XVIII – não só dentro da Europa, onde se movia agilmente dentro da Respublica literaria, mas também com a Rússia (que dava então importantes passos para se europeizar), mobilizando nobres e intelectuais, e com a China, desenvolvendo uma valiosa correspondência com os Jesuítas portugueses em Pequim, passando ainda pelo Brasil e por Angola. A centralidade do papel que os livros desempenharam ao longo da sua vida só foi ainda parcialmente apreendida. As suas bibliotecas pessoais foram desde sempre reconhecidas como espólios valiosos e têm sido alvo de estudos. Mas abordámos nesta dissertação vários episódios que comprovarão que Sanches era reconhecido como um connoisseur do mercado livreiro, tendo sido neste âmbito consultado várias vezes, tanto por instituições como por particulares. A sua correspondência demonstra um olhar sempre atento às possibilidades para completar a sua colecção ou a dos seus próximos. Dada a importância que representa na história intelectual portuguesa, Sanches foi já objecto de dezenas de investigações, especialmente em Portugal. No entanto, dois aspectos lamentáveis caracterizam a historiografia que tem vindo a ser desenvolvida sobre a vida do médico. O primeiro é que a maioria, para além de oferecer pouco mais do que uma revisão da literatura existente, raramente a cruza com fontes primárias. A quantidade de informações erradas que circulam sobre a vida de Ribeiro Sanches tem contribuído para o estabelecimento de uma autoaprovisionada teia de falsidades, tão profundamente enraizadas que dispensam serem postas em causa ou a exigência da verificação em fontes primárias. Qualquer pessoa que procure informar-se sobre a vida de Ribeiro Sanches enfrenta uma rede aparentemente indestrinçável de contradições. Confrontados com a infiabilidade dos estudos existentes no que toca aos aspectos biográficos de Sanches, sujeitámos as nossas leituras a um método quasicartesiano, encetando um esforço meticuloso para rastrear todas as informações à sua fonte primária e sempre que possível referenciá-la. Acreditamos que esta estratégia deverá agilizar futuras investigações e melhorar a sua qualidade. O segundo aspecto é o cisma que se verifica entre as historiografias russa e ocidental, portuguesa, em particular. Praticamente não encontramos historiadores ocidentais a consultar fontes russas, e viceversa. Como consequência, os progressos feitos quer de um lado, quer do outro ficam restringidos às suas esferas linguísticas. Os documentos descobertos na Rússia nos anos 80 e já parcialmente publicados e estudados, por exemplo, ainda não tiveram a devida recepção na historiografia portuguesa. Nenhuma das publicações portuguesas exclusivamente consagradas a Ribeiro Sanches até hoje parece ter recorrido directamente a fontes russas. Nesta dissertação, tentámos reconciliar até certo ponto as investigações de historiadores russos e ocidentais, e resolver algumas ideias erróneas sobre a vida de Ribeiro Sanches que estão largamente disseminadas pela e enraizadas na historiografia. Navegando por fontes portuguesas, francesas, russas, alemãs e latinas, construímos a imagem mais completa à data da estadia e do percurso de Ribeiro Sanches na Rússia. Não almejámos dar ao leitor uma visão compreensiva da vida ou da produção intelectual do médico. Concentrámo-nos principalmente nos anos que passou na Rússia, pois este é o período sobre o qual menos se sabe e menos se tem investigado no Ocidente. Em menor grau, focámos também a juventude de Sanches, visto que ela é habitualmente abordada como um mero preâmbulo e não tem sido, por isso, sujeita a um escrutínio adequado. Os anos em Paris, onde Sanches viveu durante grande parte da sua vida, foram os mais produtivos do ponto de vista intelectual e são indispensáveis para a compreensão da sua rede de contactos, mas recaem fora do âmbito do nosso trabalho. Em compensação, têm sido alvo de mais investigações. Num primeiro momento, delineámos os primeiros anos de Sanches em Penamacor, na Guarda, em Coimbra, Salamanca, Benavente e Lisboa, bem como as figuras que o influenciaram nestes anos formativos. Acompanhámo-lo por Génova, Londres, Montpellier, Marselha, Bordéus, Livorno, Pisa, e de volta a Bordéus, traçando pari passu as inquietações religiosas que deixou escritas: a lenta mas plena conversão ao Judaísmo, seguida da profundamente arrependida reconversão ao Cristianismo. Daí partimos para Leiden, o principal ponto de viragem na vida profissional de Sanches, graças ao mestre Herman Boerhaave, que permanecerá a sua principal influência até ao final da vida. No segundo e mais central momento, seguimo-lo até à Rússia, onde desempenhou funções de médico do Estado e da cidade de Moscovo, membro da Chancelaria Médica em São Petersburgo como examinador de Medicina e Cirurgia, médico principal dos exércitos em campanhas da Guerra RussoTurca, tendo estado presente no cerco de Azov de 1736, médico do Corpo de Cadetes de São Petersburgo e médico da Imperatriz Anna Ioannovna, da Regente Anna Leopoldovna, do infante Imperador Ivan Antonovich e da Imperatriz Elizaveta Petrovna, tendo da última sido também conselheiro de Estado. Analisámos as circunstâncias da sua saída da Rússia e das suas ligações à Academia das Ciências de São Petersburgo, bem como a correspondência que durante estes anos estabeleceu com os Jesuítas em Pequim. Esboçámos assim o estado da arte sobre os primeiros 48 anos da vida de Ribeiro Sanches, incidindo também sobre os esforços que durante esses anos empreendeu para promover a circulação de conhecimento e estabelecer pontos de contactos entre intelectuais geograficamente dispersos. Num terceiro momento, procurámos clarificar alguns dos pontos mais problemáticos das narrativas que correm sobre a vida de Sanches. Por exemplo, será verdade que Sanches serviu na corte de Catarina, a Grande? Era Sanches maçon? Terá sido membro de tantas academias e sociedades científicas quantas tem sido dito? E, afinal, era Sanches um judeu nas sombras ou um católico convicto? Abordámos todas estas questões, resolvendo-as quando possível. No final, elencámos os suportes investigativos que consideramos que devem ser desenvolvidos para agilizar futuros estudos sobre a vida e a obra de Ribeiro Sanches, bem como alguns tópicos que merecem ainda ser investigados, e deixámos em anexo alguns elementos retirados de fontes russas que poderão ser empregues em investigações futuras.Ribeiro Sanches has been a subject of research time and again. However, there are two regrettable aspects about the historiographical work that has been developed. The first is that most publications offer a mere review of existing literature without cross-checking it with primary sources, which has contributed to establish a web of deeply rooted misinformation about Sanches’s life. The second aspect is the divide between Russian and western historiographies. Western historians seldom resort to Russian sources, and vice versa. Consequently, the progress made on either side remains confined to its own circles. In this dissertation we attempt to reconcile to some extent the investigations of Russian and western historians and to resolve some widespread misconceptions, or, where success is not met, at least to expose the need for further inquiries. Confronted with the unreliability of the existing literature, we delved into a painstaking effort to track every piece of information to its primary source and to reference it, so as to expedite future research. Our aim is not to provide the reader with a comprehensive view of the life or intellectual production of Ribeiro Sanches. We focus on the biographical aspects of the years he spent in Russia, for this is the subject regarding which less is known. To a lesser degree, we focus also on his youth, since it is usually addressed as a mere preamble and therefore not subject to critical scrutiny. The Paris years, his most productive from an intellectual point of view and crucial to understanding his network, fall outside of our scope for now. We navigated through Portuguese, French, Russian, German, and Latin sources to build the most accurate picture to date of Sanches’s path in Russia.Romeiras, Francisco Maria de Sousa de Macedo Malta, 1986-Repositório da Universidade de LisboaGomes, Maria2023-03-28T11:53:33Z202220222022-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/56857enginfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T17:04:52Zoai:repositorio.ul.pt:10451/56857Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T22:07:23.957596Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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