SUBEROSE- A DOENÇA PROFISSIONAL MAIS PORTUGUESA

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Santos,M
Data de Publicação: 2020
Outros Autores: Almeida,A, Lopes,C
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-84532020000200194
Resumo: RESUMO Introdução/ enquadramento/ objetivos Portugal é o maior produtor mundial de cortiça. A cortiça deriva do sobreiro (quercus suber) e é constituída por células mortas com celulose. As tarefas com mais carga geralmente são atribuídas ao sexo masculino e as mais minuciosas/ repetitivas ao feminino; tal implica uma diferente exposição ocupacional, ou seja, exposições de maior risco geralmente ocorrem quase exclusivamente em postos ocupados pelo sexo masculino. A primeira referência à Suberose (cortiça= suber) foi em 1947. No entanto, a generalidade dos estudos do setor foi efetuada em empresas com boas condições de trabalho, pelo que as conclusões poderão não ser facilmente extrapoladas para a generalidade dos trabalhadores da cortiça. Pretende-se com esta revisão bibliográfica resumir o que de mais relevante se publicou sobre o tema. Metodologia Trata-se de uma Revisão Bibliográfica, iniciada através de uma pesquisa realizada em outubro de 2020 nas bases de dados “CINALH plus with full text, Medline with full text, Database of Abstracts of Reviews of Effects, Cochrane Central Register of Controlled Trials, Cochrane Database of Systematic Reviews, Cochrane Methodology Register, Nursing and Allied Health Collection: comprehensive, MedicLatina e RCAAP”. Conteúdo Os primeiros artigos relativos ao setor da Cortiça destacam o papel que alguns microrganismos têm, nomeadamente a estirpe Penicillium glabrum (antigamente designado por frequentans); documentos mais recentes acrescentam a Chrysonilia Sitophila e Mucor. Em locais com menos humidade a concentração fúngica diminui. Trabalhadores com Suberose desenvolveram reações cutâneas aos fungos em causa e a inalação dos respetivos aerossóis originou a sintomatologia caraterística. Alguns autores também acreditam que alguns ácaros poderão ter alguma relevância na asma de corticeiros (como o P notatum, Cladosporium, A fumigatus, Alternaria alternata, Acarus siro e Tyrophagus putrescentiae). A suberina existente de forma abundante na cortiça, também poderá estar associada a alguns sintomas. Os trabalhadores ficam expostos ainda ao pó da cortiça, mas as poeiras são menos prevalentes nos ambientes de trabalho que os fungos. A suberose é então uma patologia do interstício pulmonar provocada pela exposição repetida ao pó e bolor da cortiça; aliás, é a doença do interstício pulmonar mais prevalente na zona norte do país. Também a asma pode estar associada com uma menor prevalência. Consoante a dimensão dos esporos fúngicos será mais provável surgir asma ou Pneumonite de Hipersensibilidade, ou seja, se mais pequenos (1 a 2 micrómeros) surgirá mais frequentemente uma resposta alveolar (alveolite); se maiores, provavelmente ocorrerá uma resposta brônquica, ou seja, asma. Conclusões A indústria da cortiça está razoavelmente desenvolvida em algumas zonas do país, mas nem sempre abundam os conhecimentos relativos à Suberose. Seria relevante que todos os profissionais nas Equipas de Saúde Ocupacional com clientes nesta área estivessem confortáveis em abordar o setor; para além disso, é muito relevante desenvolver investigação recente, divulgando a mesma internacionalmente, até porque Portugal é o país que mais investiu e inovou no setor da Cortiça, mundialmente.
id RCAP_c8f84cdad0c959c7a888eb6c5fe8d683
oai_identifier_str oai:scielo:S2183-84532020000200194
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling SUBEROSE- A DOENÇA PROFISSIONAL MAIS PORTUGUESAsuberosecortiçadoença profissionalsaúde ocupacional e medicina do trabalhoRESUMO Introdução/ enquadramento/ objetivos Portugal é o maior produtor mundial de cortiça. A cortiça deriva do sobreiro (quercus suber) e é constituída por células mortas com celulose. As tarefas com mais carga geralmente são atribuídas ao sexo masculino e as mais minuciosas/ repetitivas ao feminino; tal implica uma diferente exposição ocupacional, ou seja, exposições de maior risco geralmente ocorrem quase exclusivamente em postos ocupados pelo sexo masculino. A primeira referência à Suberose (cortiça= suber) foi em 1947. No entanto, a generalidade dos estudos do setor foi efetuada em empresas com boas condições de trabalho, pelo que as conclusões poderão não ser facilmente extrapoladas para a generalidade dos trabalhadores da cortiça. Pretende-se com esta revisão bibliográfica resumir o que de mais relevante se publicou sobre o tema. Metodologia Trata-se de uma Revisão Bibliográfica, iniciada através de uma pesquisa realizada em outubro de 2020 nas bases de dados “CINALH plus with full text, Medline with full text, Database of Abstracts of Reviews of Effects, Cochrane Central Register of Controlled Trials, Cochrane Database of Systematic Reviews, Cochrane Methodology Register, Nursing and Allied Health Collection: comprehensive, MedicLatina e RCAAP”. Conteúdo Os primeiros artigos relativos ao setor da Cortiça destacam o papel que alguns microrganismos têm, nomeadamente a estirpe Penicillium glabrum (antigamente designado por frequentans); documentos mais recentes acrescentam a Chrysonilia Sitophila e Mucor. Em locais com menos humidade a concentração fúngica diminui. Trabalhadores com Suberose desenvolveram reações cutâneas aos fungos em causa e a inalação dos respetivos aerossóis originou a sintomatologia caraterística. Alguns autores também acreditam que alguns ácaros poderão ter alguma relevância na asma de corticeiros (como o P notatum, Cladosporium, A fumigatus, Alternaria alternata, Acarus siro e Tyrophagus putrescentiae). A suberina existente de forma abundante na cortiça, também poderá estar associada a alguns sintomas. Os trabalhadores ficam expostos ainda ao pó da cortiça, mas as poeiras são menos prevalentes nos ambientes de trabalho que os fungos. A suberose é então uma patologia do interstício pulmonar provocada pela exposição repetida ao pó e bolor da cortiça; aliás, é a doença do interstício pulmonar mais prevalente na zona norte do país. Também a asma pode estar associada com uma menor prevalência. Consoante a dimensão dos esporos fúngicos será mais provável surgir asma ou Pneumonite de Hipersensibilidade, ou seja, se mais pequenos (1 a 2 micrómeros) surgirá mais frequentemente uma resposta alveolar (alveolite); se maiores, provavelmente ocorrerá uma resposta brônquica, ou seja, asma. Conclusões A indústria da cortiça está razoavelmente desenvolvida em algumas zonas do país, mas nem sempre abundam os conhecimentos relativos à Suberose. Seria relevante que todos os profissionais nas Equipas de Saúde Ocupacional com clientes nesta área estivessem confortáveis em abordar o setor; para além disso, é muito relevante desenvolver investigação recente, divulgando a mesma internacionalmente, até porque Portugal é o país que mais investiu e inovou no setor da Cortiça, mundialmente.Ajeogene Serviços Médicos Lda2020-12-01info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articletext/htmlhttp://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-84532020000200194Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional online v.10 2020reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAPporhttp://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-84532020000200194Santos,MAlmeida,ALopes,Cinfo:eu-repo/semantics/openAccess2024-02-06T17:31:25Zoai:scielo:S2183-84532020000200194Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T02:34:32.765463Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv SUBEROSE- A DOENÇA PROFISSIONAL MAIS PORTUGUESA
title SUBEROSE- A DOENÇA PROFISSIONAL MAIS PORTUGUESA
spellingShingle SUBEROSE- A DOENÇA PROFISSIONAL MAIS PORTUGUESA
Santos,M
suberose
cortiça
doença profissional
saúde ocupacional e medicina do trabalho
title_short SUBEROSE- A DOENÇA PROFISSIONAL MAIS PORTUGUESA
title_full SUBEROSE- A DOENÇA PROFISSIONAL MAIS PORTUGUESA
title_fullStr SUBEROSE- A DOENÇA PROFISSIONAL MAIS PORTUGUESA
title_full_unstemmed SUBEROSE- A DOENÇA PROFISSIONAL MAIS PORTUGUESA
title_sort SUBEROSE- A DOENÇA PROFISSIONAL MAIS PORTUGUESA
author Santos,M
author_facet Santos,M
Almeida,A
Lopes,C
author_role author
author2 Almeida,A
Lopes,C
author2_role author
author
dc.contributor.author.fl_str_mv Santos,M
Almeida,A
Lopes,C
dc.subject.por.fl_str_mv suberose
cortiça
doença profissional
saúde ocupacional e medicina do trabalho
topic suberose
cortiça
doença profissional
saúde ocupacional e medicina do trabalho
description RESUMO Introdução/ enquadramento/ objetivos Portugal é o maior produtor mundial de cortiça. A cortiça deriva do sobreiro (quercus suber) e é constituída por células mortas com celulose. As tarefas com mais carga geralmente são atribuídas ao sexo masculino e as mais minuciosas/ repetitivas ao feminino; tal implica uma diferente exposição ocupacional, ou seja, exposições de maior risco geralmente ocorrem quase exclusivamente em postos ocupados pelo sexo masculino. A primeira referência à Suberose (cortiça= suber) foi em 1947. No entanto, a generalidade dos estudos do setor foi efetuada em empresas com boas condições de trabalho, pelo que as conclusões poderão não ser facilmente extrapoladas para a generalidade dos trabalhadores da cortiça. Pretende-se com esta revisão bibliográfica resumir o que de mais relevante se publicou sobre o tema. Metodologia Trata-se de uma Revisão Bibliográfica, iniciada através de uma pesquisa realizada em outubro de 2020 nas bases de dados “CINALH plus with full text, Medline with full text, Database of Abstracts of Reviews of Effects, Cochrane Central Register of Controlled Trials, Cochrane Database of Systematic Reviews, Cochrane Methodology Register, Nursing and Allied Health Collection: comprehensive, MedicLatina e RCAAP”. Conteúdo Os primeiros artigos relativos ao setor da Cortiça destacam o papel que alguns microrganismos têm, nomeadamente a estirpe Penicillium glabrum (antigamente designado por frequentans); documentos mais recentes acrescentam a Chrysonilia Sitophila e Mucor. Em locais com menos humidade a concentração fúngica diminui. Trabalhadores com Suberose desenvolveram reações cutâneas aos fungos em causa e a inalação dos respetivos aerossóis originou a sintomatologia caraterística. Alguns autores também acreditam que alguns ácaros poderão ter alguma relevância na asma de corticeiros (como o P notatum, Cladosporium, A fumigatus, Alternaria alternata, Acarus siro e Tyrophagus putrescentiae). A suberina existente de forma abundante na cortiça, também poderá estar associada a alguns sintomas. Os trabalhadores ficam expostos ainda ao pó da cortiça, mas as poeiras são menos prevalentes nos ambientes de trabalho que os fungos. A suberose é então uma patologia do interstício pulmonar provocada pela exposição repetida ao pó e bolor da cortiça; aliás, é a doença do interstício pulmonar mais prevalente na zona norte do país. Também a asma pode estar associada com uma menor prevalência. Consoante a dimensão dos esporos fúngicos será mais provável surgir asma ou Pneumonite de Hipersensibilidade, ou seja, se mais pequenos (1 a 2 micrómeros) surgirá mais frequentemente uma resposta alveolar (alveolite); se maiores, provavelmente ocorrerá uma resposta brônquica, ou seja, asma. Conclusões A indústria da cortiça está razoavelmente desenvolvida em algumas zonas do país, mas nem sempre abundam os conhecimentos relativos à Suberose. Seria relevante que todos os profissionais nas Equipas de Saúde Ocupacional com clientes nesta área estivessem confortáveis em abordar o setor; para além disso, é muito relevante desenvolver investigação recente, divulgando a mesma internacionalmente, até porque Portugal é o país que mais investiu e inovou no setor da Cortiça, mundialmente.
publishDate 2020
dc.date.none.fl_str_mv 2020-12-01
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-84532020000200194
url http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-84532020000200194
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-84532020000200194
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv text/html
dc.publisher.none.fl_str_mv Ajeogene Serviços Médicos Lda
publisher.none.fl_str_mv Ajeogene Serviços Médicos Lda
dc.source.none.fl_str_mv Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional online v.10 2020
reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799137401545687040