Ficção e poder na Eneida de Virgílio

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Teixeira, Cláudia
Data de Publicação: 2009
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10174/5926
Resumo: A épica de Virgílio constitui uma das muitas obras nas quais é visível a relação da literatura com o poder. Essa ligação, visível desde logo no processo de formação do herói e na progressiva consciencialização de que a missão de que se encontra investido implica um acréscimo de capital simbólico relativamente ao passado Troiano, ganha uma evidente expressividade no final do livro VI, no momento em que Anquises enuncia os valores e as normas de regência do império. No entanto, apesar da evidente ligação à época de Augusto e à política imperial, a narrativa não deixa de apresentar fracturas ideológicas, que contrastam com os elementos da “matriz política” subjacente à Eneida, bem como episódios que parecem constituir-se como alternativa ao modelo apresentado por Anquises no livro VI. Neste sentido, o objectivo deste texto, que se centrará especialmente na análise de episódios dos livros VI, VIII e XII, será o de cotejar os elementos discursivos de natureza apologética presentes na narrativa com os elementos que derrogam essa apologia e, desta forma, apresentar conclusões relativamente à relação da épica virgiliana com a matriz política que lhe está associada. Fictional narrative and power in Virgil's Aeneid The Virgilian Epic constitutes one of the many works in which the relation between Literature and power is visible. This connection is immediately spotted in the hero’s formation process and in his gradual awareness that his mission implies an addition of symbolic capital to the Trojan past gains an unmistakable expressiveness at the end of book VI, the moment where Anchises enunciates the values and the norms of the Empire’s ruling. However, in spite of the evident linking to the time of Augustus and the imperial politics, the narrative presents ideological fractures, which contrast with the elements of the “political matrix” inherent to Aeneid, as well as episodes that seem to appear as an alternative to the model presented by Anchises in book VI. In this sense, the purpose of this paper - that will be centred especially in the analysis of episodes of books VI, VIII and XI - will be to speck the discursive elements of an apologetical nature present in the narrative with elements that retract this apology and, in such a way, to draw conclusions concerning the relation of the Virgilian Epic with the political matrix that is associated to it.
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