Os arsenais reais de Lisboa e Porto: 1800-1814.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Coelho, Sérgio Alexandre Soldá da Silva Veludo
Data de Publicação: 2009
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/11328/598
Resumo: Esta dissertação de doutoramento pretende analisar a indústria militar nacional, durante o período da Guerra Peninsular. Em termos mais específicos esta indústria estava concentrada em duas estruturas principais, o Arsenal Real do Exército, em Lisboa e o Arsenal Real do Porto. Para além destas, o fabrico do material de guerra passava por outras indústrias paralelas como o fabrico das pólvoras, as fundições ou os lanifícios, trabalhando sob o regime de contratações com o Exército. Neste trabalho são analisadas várias perspectivas relacionadas com o contexto da indústria portuguesa no início do século XIX, em que vários autores nos dão diversas versões para o atraso do arranque industrial neste período e de que forma é que tais condicionantes irão influenciar as próprias indústrias de defesa em Portugal. Perante um conturbado início de século, com a Guerra das Laranjas e os factores políticos e económicos que levarão Portugal para o turbilhão das Guerras Napoleónicas, com o infeliz desfecho das Invasões Francesas, pretendemos demonstrar as limitações de vária ordem que obstarão a uma eficaz capacidade de resposta dos arsenais nacionais, levando que fosse a Inglaterra a assumir um papel preponderante na reorganização do Exército Português, e neste caso específico a despender enormes verbas em ajuda financeira e material. Este apoio, renitente de início, viria a ser a base de todo o trabalho e compromissos assumidos por Sir Arthur Wellesley perante os governos britânico e português e levados a bom termo por William Carr Beresford e Miguel Pereira Forjaz. Apesar das reorganizações que os arsenais portugueses efectuaram em 1809, após o período de dominação francesa, de 1807 a 1808, estes não foram capazes de criar uma autonomia em termos do mais importante para um exército em campanha, o armamento, sobretudo no que respeita ao destinado à infantaria. Apesar do esforço em fabricar importantes quantidades de outros materiais, importantes em termos logísticos, chegou a ser necessário importar uniformes e tecidos da Inglaterra, o que demonstra até que ponto é que as indústrias de lanifícios portuguesas foram devastadas pela guerra e cuja recuperação foi lenta. Os arsenais defrontaram-se, também, com processos de fabrico obsoletos e com tentativas, falhadas, de introdução de novas maquinarias e sistemas de mecanização. Com a guerra a decorrer em pleno território nacional, de 1807 a 1811, não houve oportunidades que pudessem levar a uma eficaz modernização das industrias militares nacionais, chegando os arsenais a funcionarem como entrepostos das substanciais quantidades de material de guerra chegado da Inglaterra e enviado para as inúmeras unidades em campanha. Ainda assim, todos os que trabalharam horas a fio, em dias intermináveis, num sistema fabril antiquado e que padecia de inúmeros defeitos organizacionais e técnicos, merecem ser lembrados, agora que passam 200 anos da Guerra Peninsular. This Ph.D thesis analyses the Portuguese military industry during the period of the Peninsular War. This industry was mainly composed by two structures – the Army Royal Arsenal in Lisbon and Oporto’s Royal Arsenal. Besides these places, the war supplies was also made by other industries such as the gun powder’s factories, foundries and textiles, according to Army contracts. In this written work, several perspectives are analysed concerning the Portuguese industry in the beginning of the 19th century. Previous studies on this matter are referred to and reasons for the industrial delay in this period are presented, which strongly affected the defence industries in Portugal. Facing serious political and economical conflicts in the beginning of the century, such as the Guerra das Laranjas and the Napolonic Wars that led to the French invasion, the Portuguese military industries were not able to present an effective and efficient answer to the army needs. Therefore, it was England that took the leading role in the reorganisation of the Portuguese Army investing large amounts of money and material. This support was achieved thanks to Sir Arthur Wellesley’s efforts who persuaded both the British and the Portuguese governments and his plan was accordingly followed by William Carr Beresford and Miguel Pereira Forjaz. Despite the Portuguese arsenals’ reorganisation in 1809 (soon after the period of the French domination from 1807 to 1808), these industries were not able to fulfill the basic needs of an army in campaign as far as the infantry light weaponry are concerned. Despite the enormous effort to manufacture large quantities of other materials, which were also important for the logistics, it was necessary to import arms, uniforms and tissues from England. This situation proves us that the Portuguese wool industries which were tremendously affected by the war were recovering very slowly. The arsenals were also facing old manufacture processes and fruitless attemps of new machinery and different mecanization systems. Facing the campaigns from 1807 to 1811, there were not opportunities to create modern and effective national industries because the arsenals were actually a kind of an intermediate warehouse for the large quantities of war material arriving from England which was sent afterwards to the countless units in campaign. Yet, all the people who worked countless hours during endless days in these old factory systems with severe organizational and technical problems, deserve to be remembered after 200 years of the Pensinsular War have passed.
id RCAP_cbdf1e2d1acc49b36928f4374d4b585a
oai_identifier_str oai:repositorio.uportu.pt:11328/598
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str
spelling Os arsenais reais de Lisboa e Porto: 1800-1814.História de Portugal -- século 19História militarGuerra PenínsularArsenais reais -- Lisboa -- PortoEsta dissertação de doutoramento pretende analisar a indústria militar nacional, durante o período da Guerra Peninsular. Em termos mais específicos esta indústria estava concentrada em duas estruturas principais, o Arsenal Real do Exército, em Lisboa e o Arsenal Real do Porto. Para além destas, o fabrico do material de guerra passava por outras indústrias paralelas como o fabrico das pólvoras, as fundições ou os lanifícios, trabalhando sob o regime de contratações com o Exército. Neste trabalho são analisadas várias perspectivas relacionadas com o contexto da indústria portuguesa no início do século XIX, em que vários autores nos dão diversas versões para o atraso do arranque industrial neste período e de que forma é que tais condicionantes irão influenciar as próprias indústrias de defesa em Portugal. Perante um conturbado início de século, com a Guerra das Laranjas e os factores políticos e económicos que levarão Portugal para o turbilhão das Guerras Napoleónicas, com o infeliz desfecho das Invasões Francesas, pretendemos demonstrar as limitações de vária ordem que obstarão a uma eficaz capacidade de resposta dos arsenais nacionais, levando que fosse a Inglaterra a assumir um papel preponderante na reorganização do Exército Português, e neste caso específico a despender enormes verbas em ajuda financeira e material. Este apoio, renitente de início, viria a ser a base de todo o trabalho e compromissos assumidos por Sir Arthur Wellesley perante os governos britânico e português e levados a bom termo por William Carr Beresford e Miguel Pereira Forjaz. Apesar das reorganizações que os arsenais portugueses efectuaram em 1809, após o período de dominação francesa, de 1807 a 1808, estes não foram capazes de criar uma autonomia em termos do mais importante para um exército em campanha, o armamento, sobretudo no que respeita ao destinado à infantaria. Apesar do esforço em fabricar importantes quantidades de outros materiais, importantes em termos logísticos, chegou a ser necessário importar uniformes e tecidos da Inglaterra, o que demonstra até que ponto é que as indústrias de lanifícios portuguesas foram devastadas pela guerra e cuja recuperação foi lenta. Os arsenais defrontaram-se, também, com processos de fabrico obsoletos e com tentativas, falhadas, de introdução de novas maquinarias e sistemas de mecanização. Com a guerra a decorrer em pleno território nacional, de 1807 a 1811, não houve oportunidades que pudessem levar a uma eficaz modernização das industrias militares nacionais, chegando os arsenais a funcionarem como entrepostos das substanciais quantidades de material de guerra chegado da Inglaterra e enviado para as inúmeras unidades em campanha. Ainda assim, todos os que trabalharam horas a fio, em dias intermináveis, num sistema fabril antiquado e que padecia de inúmeros defeitos organizacionais e técnicos, merecem ser lembrados, agora que passam 200 anos da Guerra Peninsular. This Ph.D thesis analyses the Portuguese military industry during the period of the Peninsular War. This industry was mainly composed by two structures – the Army Royal Arsenal in Lisbon and Oporto’s Royal Arsenal. Besides these places, the war supplies was also made by other industries such as the gun powder’s factories, foundries and textiles, according to Army contracts. In this written work, several perspectives are analysed concerning the Portuguese industry in the beginning of the 19th century. Previous studies on this matter are referred to and reasons for the industrial delay in this period are presented, which strongly affected the defence industries in Portugal. Facing serious political and economical conflicts in the beginning of the century, such as the Guerra das Laranjas and the Napolonic Wars that led to the French invasion, the Portuguese military industries were not able to present an effective and efficient answer to the army needs. Therefore, it was England that took the leading role in the reorganisation of the Portuguese Army investing large amounts of money and material. This support was achieved thanks to Sir Arthur Wellesley’s efforts who persuaded both the British and the Portuguese governments and his plan was accordingly followed by William Carr Beresford and Miguel Pereira Forjaz. Despite the Portuguese arsenals’ reorganisation in 1809 (soon after the period of the French domination from 1807 to 1808), these industries were not able to fulfill the basic needs of an army in campaign as far as the infantry light weaponry are concerned. Despite the enormous effort to manufacture large quantities of other materials, which were also important for the logistics, it was necessary to import arms, uniforms and tissues from England. This situation proves us that the Portuguese wool industries which were tremendously affected by the war were recovering very slowly. The arsenals were also facing old manufacture processes and fruitless attemps of new machinery and different mecanization systems. Facing the campaigns from 1807 to 1811, there were not opportunities to create modern and effective national industries because the arsenals were actually a kind of an intermediate warehouse for the large quantities of war material arriving from England which was sent afterwards to the countless units in campaign. Yet, all the people who worked countless hours during endless days in these old factory systems with severe organizational and technical problems, deserve to be remembered after 200 years of the Pensinsular War have passed.2011-03-25T11:12:14Z2013-08-16T13:07:53Z2009-01-01T00:00:00Z2009info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfapplication/pdfapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/11328/598porCota: TDH 34Coelho, Sérgio Alexandre Soldá da Silva Veludoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-06-15T02:08:50ZPortal AgregadorONG
dc.title.none.fl_str_mv Os arsenais reais de Lisboa e Porto: 1800-1814.
title Os arsenais reais de Lisboa e Porto: 1800-1814.
spellingShingle Os arsenais reais de Lisboa e Porto: 1800-1814.
Coelho, Sérgio Alexandre Soldá da Silva Veludo
História de Portugal -- século 19
História militar
Guerra Penínsular
Arsenais reais -- Lisboa -- Porto
title_short Os arsenais reais de Lisboa e Porto: 1800-1814.
title_full Os arsenais reais de Lisboa e Porto: 1800-1814.
title_fullStr Os arsenais reais de Lisboa e Porto: 1800-1814.
title_full_unstemmed Os arsenais reais de Lisboa e Porto: 1800-1814.
title_sort Os arsenais reais de Lisboa e Porto: 1800-1814.
author Coelho, Sérgio Alexandre Soldá da Silva Veludo
author_facet Coelho, Sérgio Alexandre Soldá da Silva Veludo
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Coelho, Sérgio Alexandre Soldá da Silva Veludo
dc.subject.por.fl_str_mv História de Portugal -- século 19
História militar
Guerra Penínsular
Arsenais reais -- Lisboa -- Porto
topic História de Portugal -- século 19
História militar
Guerra Penínsular
Arsenais reais -- Lisboa -- Porto
description Esta dissertação de doutoramento pretende analisar a indústria militar nacional, durante o período da Guerra Peninsular. Em termos mais específicos esta indústria estava concentrada em duas estruturas principais, o Arsenal Real do Exército, em Lisboa e o Arsenal Real do Porto. Para além destas, o fabrico do material de guerra passava por outras indústrias paralelas como o fabrico das pólvoras, as fundições ou os lanifícios, trabalhando sob o regime de contratações com o Exército. Neste trabalho são analisadas várias perspectivas relacionadas com o contexto da indústria portuguesa no início do século XIX, em que vários autores nos dão diversas versões para o atraso do arranque industrial neste período e de que forma é que tais condicionantes irão influenciar as próprias indústrias de defesa em Portugal. Perante um conturbado início de século, com a Guerra das Laranjas e os factores políticos e económicos que levarão Portugal para o turbilhão das Guerras Napoleónicas, com o infeliz desfecho das Invasões Francesas, pretendemos demonstrar as limitações de vária ordem que obstarão a uma eficaz capacidade de resposta dos arsenais nacionais, levando que fosse a Inglaterra a assumir um papel preponderante na reorganização do Exército Português, e neste caso específico a despender enormes verbas em ajuda financeira e material. Este apoio, renitente de início, viria a ser a base de todo o trabalho e compromissos assumidos por Sir Arthur Wellesley perante os governos britânico e português e levados a bom termo por William Carr Beresford e Miguel Pereira Forjaz. Apesar das reorganizações que os arsenais portugueses efectuaram em 1809, após o período de dominação francesa, de 1807 a 1808, estes não foram capazes de criar uma autonomia em termos do mais importante para um exército em campanha, o armamento, sobretudo no que respeita ao destinado à infantaria. Apesar do esforço em fabricar importantes quantidades de outros materiais, importantes em termos logísticos, chegou a ser necessário importar uniformes e tecidos da Inglaterra, o que demonstra até que ponto é que as indústrias de lanifícios portuguesas foram devastadas pela guerra e cuja recuperação foi lenta. Os arsenais defrontaram-se, também, com processos de fabrico obsoletos e com tentativas, falhadas, de introdução de novas maquinarias e sistemas de mecanização. Com a guerra a decorrer em pleno território nacional, de 1807 a 1811, não houve oportunidades que pudessem levar a uma eficaz modernização das industrias militares nacionais, chegando os arsenais a funcionarem como entrepostos das substanciais quantidades de material de guerra chegado da Inglaterra e enviado para as inúmeras unidades em campanha. Ainda assim, todos os que trabalharam horas a fio, em dias intermináveis, num sistema fabril antiquado e que padecia de inúmeros defeitos organizacionais e técnicos, merecem ser lembrados, agora que passam 200 anos da Guerra Peninsular. This Ph.D thesis analyses the Portuguese military industry during the period of the Peninsular War. This industry was mainly composed by two structures – the Army Royal Arsenal in Lisbon and Oporto’s Royal Arsenal. Besides these places, the war supplies was also made by other industries such as the gun powder’s factories, foundries and textiles, according to Army contracts. In this written work, several perspectives are analysed concerning the Portuguese industry in the beginning of the 19th century. Previous studies on this matter are referred to and reasons for the industrial delay in this period are presented, which strongly affected the defence industries in Portugal. Facing serious political and economical conflicts in the beginning of the century, such as the Guerra das Laranjas and the Napolonic Wars that led to the French invasion, the Portuguese military industries were not able to present an effective and efficient answer to the army needs. Therefore, it was England that took the leading role in the reorganisation of the Portuguese Army investing large amounts of money and material. This support was achieved thanks to Sir Arthur Wellesley’s efforts who persuaded both the British and the Portuguese governments and his plan was accordingly followed by William Carr Beresford and Miguel Pereira Forjaz. Despite the Portuguese arsenals’ reorganisation in 1809 (soon after the period of the French domination from 1807 to 1808), these industries were not able to fulfill the basic needs of an army in campaign as far as the infantry light weaponry are concerned. Despite the enormous effort to manufacture large quantities of other materials, which were also important for the logistics, it was necessary to import arms, uniforms and tissues from England. This situation proves us that the Portuguese wool industries which were tremendously affected by the war were recovering very slowly. The arsenals were also facing old manufacture processes and fruitless attemps of new machinery and different mecanization systems. Facing the campaigns from 1807 to 1811, there were not opportunities to create modern and effective national industries because the arsenals were actually a kind of an intermediate warehouse for the large quantities of war material arriving from England which was sent afterwards to the countless units in campaign. Yet, all the people who worked countless hours during endless days in these old factory systems with severe organizational and technical problems, deserve to be remembered after 200 years of the Pensinsular War have passed.
publishDate 2009
dc.date.none.fl_str_mv 2009-01-01T00:00:00Z
2009
2011-03-25T11:12:14Z
2013-08-16T13:07:53Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/11328/598
url http://hdl.handle.net/11328/598
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv Cota: TDH 34
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
application/pdf
application/pdf
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1777302547509280768