Crime na Imprensa: representações sobre imigrantes e ciganos em Portugal
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2011 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/1822/13674 |
Resumo: | A partir da observação dos jornais diários portugueses em 2008 e 2009, pretende-se neste texto analisar os discursos e representações veiculados pela imprensa acerca da criminalidade praticada por grupos étnicos minoritários. O objectivo será perceber de que forma as narrativas construídas pelos media constroem e reproduzem as lógicas do poder instituído e discutir as possíveis implicações desses discursos na formação de estereótipos que associam a prática do crime a determinados grupos sociais. Os estudos sobre os efeitos dos media nas representações sobre a criminalidade permitem aferir que estes sugerem aos cidadãos sobre como pensar o crime, os “criminosos” e o papel das autoridades. Ou seja, a mediatização da criminalidade produz visões amplamente partilhadas e consensuais junto de diversas comunidades, ao mesmo tempo que alimenta, junto do público em geral, visões estereotipadas sobre os “criminosos”, podendo associar determinado tipo de criminalidade aos grupos socialmente excluídos e minorias étnicas, tais como ciganos e imigrantes. No âmbito deste trabalho encara-se a mediatização da criminalidade como um exemplo de um produto de uma indústria cultural que alimenta representações da ordem social, dos “criminosos” e das causas do crime que se subordinam às lógicas de mercado e às estruturas culturais, económicas e políticas prevalecentes. São assim veiculadas visões de ordem social destinadas a promover o consenso ideológico e o controlo sócio-político. Isso é feito pela ênfase exagerada nos riscos de vitimização e pela construção do chamado “pânico moral” assentes em construções narrativas mediáticas, cujo propósito é o de suscitar adesão emocional por parte do público. Estes discursos dos media resultam de uma lógica global de comodificação do espaço público, assente na criminalização da pobreza e no medo das populações “incómodas”. |
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Crime na Imprensa: representações sobre imigrantes e ciganos em PortugalCrimeImprensa portuguesaConsenso socialImigrantesGrupos étnicosPortuguese pressSocial consensusImmigrants and ethnic groupsA partir da observação dos jornais diários portugueses em 2008 e 2009, pretende-se neste texto analisar os discursos e representações veiculados pela imprensa acerca da criminalidade praticada por grupos étnicos minoritários. O objectivo será perceber de que forma as narrativas construídas pelos media constroem e reproduzem as lógicas do poder instituído e discutir as possíveis implicações desses discursos na formação de estereótipos que associam a prática do crime a determinados grupos sociais. Os estudos sobre os efeitos dos media nas representações sobre a criminalidade permitem aferir que estes sugerem aos cidadãos sobre como pensar o crime, os “criminosos” e o papel das autoridades. Ou seja, a mediatização da criminalidade produz visões amplamente partilhadas e consensuais junto de diversas comunidades, ao mesmo tempo que alimenta, junto do público em geral, visões estereotipadas sobre os “criminosos”, podendo associar determinado tipo de criminalidade aos grupos socialmente excluídos e minorias étnicas, tais como ciganos e imigrantes. No âmbito deste trabalho encara-se a mediatização da criminalidade como um exemplo de um produto de uma indústria cultural que alimenta representações da ordem social, dos “criminosos” e das causas do crime que se subordinam às lógicas de mercado e às estruturas culturais, económicas e políticas prevalecentes. São assim veiculadas visões de ordem social destinadas a promover o consenso ideológico e o controlo sócio-político. Isso é feito pela ênfase exagerada nos riscos de vitimização e pela construção do chamado “pânico moral” assentes em construções narrativas mediáticas, cujo propósito é o de suscitar adesão emocional por parte do público. Estes discursos dos media resultam de uma lógica global de comodificação do espaço público, assente na criminalização da pobreza e no medo das populações “incómodas”.This paper aims to analyze the discourses provided in the Portuguese daily newspapers when covering criminality perpetrated by immigrants and minority ethnic groups. We gathered and analyzed news published in the press during 2008 and 2009. Our purpose is to understand how media narratives, whether tabloid or reference, create and reproduce the representations of the established powers and, simultaneously, to discuss the possible implications of those discourses on the dissemination of stereotypes that associate criminality to specific social groups. Current studies about the effects of the media on the representations about criminality allow for the conclusion that citizens are influenced not only about what they think about but also how to think. That is, media dissemination of imagery about criminality tends to produce consensual and shared views, fostering the public construction of stereotyped notions about “criminals”, associating criminality with socially excluded groups and ethnic minorities, such as gypsies and immigrants. This paper discusses the media coverage of criminality as an example of a product of a cultural industry; an industry that promotes certain representations of criminals and of causes for criminality, all of which are subordinated to the market‟s logic and to prevailing cultural and political structures. Thus, these media narratives frame visions of social order and foster consensus and social control, through the exaggeration about victimization risks and by exploring public and social emotion, constituting what might be called a “moral panic”. These media narratives are nourished by global logics of commodification of the public sphere based on criminalization of poverty and the fear of “troublesome” populations.Universidade do Minho. Centro de Investigação em Ciências Sociais (CICS)Universidade do MinhoGomes, Sílvia Andreia da Mota2011-072011-07-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/1822/13674por2182-7672info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-07-21T12:10:26Zoai:repositorium.sdum.uminho.pt:1822/13674Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T19:02:01.673402Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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