A violência doméstica contra as mulheres no período de pandemia da Covid-19 em Portugal

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Martins, Heloisa Passos e
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10362/154514
Resumo: RESUMO - Introdução: A violência doméstica contra a mulher é um tema central nas discussões de saúde pública devido suas sérias consequências a nível de saúde física, mental e de direitos humanos. Com as medidas de confinamento consequentes da pandemia Covid-19, diferentes ambientes, necessidades e problemáticas surgiram. Por conseguinte, reflete-se sobre um maior risco da ocorrência de violência doméstica em momentos de crise. Na medida que se trata de um problema antigo, porém com uma temática atual, são necessárias evidências para melhor compreender a violência doméstica (VD) na pandemia Covid-19. Objetivo: Caraterizar a vitimação de violência contra as mulheres no espaço doméstico, seus fatores associados (características sociodemográficas, consumo de álcool e medicamentos, histórico de agressão), e procura de ajuda no período da crise Covid-19 em Portugal. Métodos: Realizou-se um inquérito online nos meses de abril e outubro de 2020 pela Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade NOVA de Lisboa através do projeto “Relacionamentos, Stress e Agressão em tempos de COVID-19 em Portugal”. Sob uma amostra de 826 mulheres foram feitas estatísticas descritivas, testes X², exato de Fisher (quando aplicável), e análises de regressão logística para o estudo. Resultados: Do total de mulheres 41,8% (n=345) reportou nunca ter vivenciado violência (não exclusivo à VD) enquanto 58,2% (n=481) afirmaram ter sofrido violência em algum momento da vida. Dessas mulheres que sofreram violência, 75,7% (n=364) vivenciou-a apenas antes da pandemia e 24,3% (n=117) durante a pandemia, com 8,3% (n=40) de novos casos. No geral, quanto menor a idade, maior é a violência doméstica relatada. As análises de regressão logística demostraram que a violência doméstica global relatada foi mais provável entre aquelas com até o ensino médio em comparação com o ensino superior. Percebeu-se também associação estatisticamente significativa entre o consumo de medicamentos e histórico de violência, em que a VD se demonstrou mais provável nas mulheres que sofreram violência anteriormente, assim como nas mulheres que consumiram medicamentos para dormir ou acalmar. Em relação à procura de ajuda, 71,0% (n=71) das mulheres reportaram não ter procurado ajuda, enquanto 29,0% (n=29) o fizeram. Os principais motivos para não procurar ajuda incluíram considerá-la desnecessária, o facto de não considerar a VD suficientemente grave e o sentimento de constrangimento em reportar ajuda. Conclusão: Percebeu-se uma parcela considerável de novos casos de violência doméstica contra as mulheres e reduzida busca por ajuda ou apoio. A se tratar de uma situação com peculiaridades como da crise da pandemia da Covid-19, são necessários ainda mais investimentos em sistema de suporte específicos para as vítimas de violência doméstica, em especial às mulheres em situações de maior vulnerabilidade.
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Objetivo: Caraterizar a vitimação de violência contra as mulheres no espaço doméstico, seus fatores associados (características sociodemográficas, consumo de álcool e medicamentos, histórico de agressão), e procura de ajuda no período da crise Covid-19 em Portugal. Métodos: Realizou-se um inquérito online nos meses de abril e outubro de 2020 pela Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade NOVA de Lisboa através do projeto “Relacionamentos, Stress e Agressão em tempos de COVID-19 em Portugal”. Sob uma amostra de 826 mulheres foram feitas estatísticas descritivas, testes X², exato de Fisher (quando aplicável), e análises de regressão logística para o estudo. Resultados: Do total de mulheres 41,8% (n=345) reportou nunca ter vivenciado violência (não exclusivo à VD) enquanto 58,2% (n=481) afirmaram ter sofrido violência em algum momento da vida. Dessas mulheres que sofreram violência, 75,7% (n=364) vivenciou-a apenas antes da pandemia e 24,3% (n=117) durante a pandemia, com 8,3% (n=40) de novos casos. No geral, quanto menor a idade, maior é a violência doméstica relatada. As análises de regressão logística demostraram que a violência doméstica global relatada foi mais provável entre aquelas com até o ensino médio em comparação com o ensino superior. Percebeu-se também associação estatisticamente significativa entre o consumo de medicamentos e histórico de violência, em que a VD se demonstrou mais provável nas mulheres que sofreram violência anteriormente, assim como nas mulheres que consumiram medicamentos para dormir ou acalmar. Em relação à procura de ajuda, 71,0% (n=71) das mulheres reportaram não ter procurado ajuda, enquanto 29,0% (n=29) o fizeram. Os principais motivos para não procurar ajuda incluíram considerá-la desnecessária, o facto de não considerar a VD suficientemente grave e o sentimento de constrangimento em reportar ajuda. Conclusão: Percebeu-se uma parcela considerável de novos casos de violência doméstica contra as mulheres e reduzida busca por ajuda ou apoio. A se tratar de uma situação com peculiaridades como da crise da pandemia da Covid-19, são necessários ainda mais investimentos em sistema de suporte específicos para as vítimas de violência doméstica, em especial às mulheres em situações de maior vulnerabilidade.ABSTRACT - Introduction: Domestic violence against women is a central topic in public health discussions due to its serious consequences in terms of physical and mental health, as well as human rights. With the COVID-19 containment measures, different environments, needs, and problems have emerged. Therefore, it reflects a greater risk of occurrence of domestic violence in times of crisis. Since this is an old problem, but a current issue, evidence is needed to better understand domestic violence (DV) in the COVID-19 pandemic. Objective: To characterize the victimization of violence against women in the domestic space, its associated factors (sociodemographic characteristics, alcohol consumption, use of medication, aggression past), and the search for help during the period of the COVID-19 crisis in Portugal. Methods: An online survey was carried out in April and October 2020 by NOVA National School of Public Health (NOVA NSPH) through the project “Relationships, Stress and Aggression in times of COVID-19 in Portugal”. From a sample of 826 women, descriptive statistics, X² tests, Fisher's exact test (when applicable), and logistic regression analyses were performed for the study. Results: Overall, 41.8% of participants (n= 345) reported never having experienced violence (not exclusive to DV) while 58.2% (n= 481) reported having suffered violence at some point in their lives. Of those women who experienced violence, 75.7% (n= 364) only experienced it before the pandemic and 24.3% (n= 117) during the pandemic, with 8.3% (n = 40) of new cases. In general, the younger the age, the greater the domestic violence was reported. Logistic regression analysis demonstrated that reported global domestic violence was more likely among those with levels up to high school compared with higher education. There was also a statistically significant association between drug use and past cases of violence with DV, in which DV becomes more likely in women who have previously experienced it, as well as in women who used medication to sleep or calm down. Regarding the search for help, 71.0% (n = 71) of the women reported not having sought help, while 29.0% (n= 29) did. The main reasons for not seeking help included considering it unnecessary, not considering DV seriously enough, and feeling embarrassed about seeking support. Conclusion: It was observed a considerable portion of new cases of domestic violence reduced the search for help or support. Since this is a situation with peculiarities such as the crisis of the COVID-19 pandemic, even more investments are needed in a specific support system for victims of domestic violence, especially women in more vulnerable situations.Dias, SóniaGama, AnaRUNMartins, Heloisa Passos e2023-06-28T15:26:53Z20212021-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10362/154514TID:202966119porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-03-11T05:36:56Zoai:run.unl.pt:10362/154514Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T03:55:39.015486Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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