Mulheres em morte-cor: os objetos que fazem e desfazem corpos e cancros metastáticos
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2013 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10316/43918 |
Resumo: | Este texto sintetiza o último capítulo da investigação de doutoramento – Objetos feitos de cancro: a cultura material como pedaço de doença em histórias de mulheres contadas pela arte1. Através de uma reflexão em torno dos objetos e materialidades que ganham forma e relevo em projeto artísticos referentes à experiência feminina do cancro, esta tese propõe conceitos alternativos de cultura material e de doença oncológica. Rejeita-se uma separação ou diferenciação entre dimensões materiais e intangíveis na doença, entendendo-se os objetos de cultura material como pedaços de cancro, ou seja, enquanto partes constitutivas das ideias, sensações, emoções e gestos que fazem a experiência do corpo doente. Objetos hospitalares, domésticos e pessoais, de uso coletivo ou individual, onde se incluem materialidades descartáveis, vestuário, mobiliário, equipamento e máquinas, compõem uma lista de realidades que se encastram nas experiências do corpo em diagnóstico, internamento, tratamento, reconstrução, remissão, recorrência, metastização e morte. Dando nome a esta continuidade indivisa, propus os conceitos “objeto nosoencastrável” e “doença modular”, pretendendo, na forma como defino as coisas, os mesmos encaixes que existem na realidade vivida. Para compreender a ação, os usos e os sentidos dos objetos que fazem e são pedaços de cancro(s), o campo de trabalho desta investigação abrangeu as imagens e os textos explicativos de cento e cinquenta projetos artísticos produzidos por ou com mulheres que viveram a experiência desta doença. Expostos na Internet, os exercícios criativos, amadores ou profissionais, de fotografia comercial e artística, pintura, desenho, colagem, modelagem, escultura, costura e tricô serviram de terreno narrativo e visual, permitindo-me encontrar a versão émica dos encaixes entre cultura material e doença. Tocar a continuidade entre objetos e cancros, juntando os saberes do corpo, da arte e da antropologia, assentou numa abordagem teórica e metodológica onde ensaiei o potencial heurístico daquilo a que chamo a “terceira metade das coisas e do conhecimento”. |
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Mulheres em morte-cor: os objetos que fazem e desfazem corpos e cancros metastáticosWomen in “morte-cor”: the objects that make and unmake a body with metastatic cancerObjetosCancro(s)MulheresMorteDoença modularObjeto nosoencastrávelA terceira metade das coisas e do conhecimentoObjectsCancer(s)WomenDeathModular-diseaseEste texto sintetiza o último capítulo da investigação de doutoramento – Objetos feitos de cancro: a cultura material como pedaço de doença em histórias de mulheres contadas pela arte1. Através de uma reflexão em torno dos objetos e materialidades que ganham forma e relevo em projeto artísticos referentes à experiência feminina do cancro, esta tese propõe conceitos alternativos de cultura material e de doença oncológica. Rejeita-se uma separação ou diferenciação entre dimensões materiais e intangíveis na doença, entendendo-se os objetos de cultura material como pedaços de cancro, ou seja, enquanto partes constitutivas das ideias, sensações, emoções e gestos que fazem a experiência do corpo doente. Objetos hospitalares, domésticos e pessoais, de uso coletivo ou individual, onde se incluem materialidades descartáveis, vestuário, mobiliário, equipamento e máquinas, compõem uma lista de realidades que se encastram nas experiências do corpo em diagnóstico, internamento, tratamento, reconstrução, remissão, recorrência, metastização e morte. Dando nome a esta continuidade indivisa, propus os conceitos “objeto nosoencastrável” e “doença modular”, pretendendo, na forma como defino as coisas, os mesmos encaixes que existem na realidade vivida. Para compreender a ação, os usos e os sentidos dos objetos que fazem e são pedaços de cancro(s), o campo de trabalho desta investigação abrangeu as imagens e os textos explicativos de cento e cinquenta projetos artísticos produzidos por ou com mulheres que viveram a experiência desta doença. Expostos na Internet, os exercícios criativos, amadores ou profissionais, de fotografia comercial e artística, pintura, desenho, colagem, modelagem, escultura, costura e tricô serviram de terreno narrativo e visual, permitindo-me encontrar a versão émica dos encaixes entre cultura material e doença. Tocar a continuidade entre objetos e cancros, juntando os saberes do corpo, da arte e da antropologia, assentou numa abordagem teórica e metodológica onde ensaiei o potencial heurístico daquilo a que chamo a “terceira metade das coisas e do conhecimento”.This paper presents a synopsis of the last chapter of my PhD Thesis – Objects Made of Cancer: material culture as a piece of disease on women’s art stories1. Bringing together objects and materialities that take form and gain relevance in artistic projects regarding the feminine experience of cancer, this research proposes alternative concepts of material culture and oncological disease. It rejects a separation or differentiation between material and intangible dimensions in disease, understanding objects of material culture as portions of cancer, that is, as constitutive parts of the ideas, sensations, emotions and gestures that make the experience of the diseased body. Medical, domestic and personal objects, of collective or individual use, that include disposable materialities, clothing, furniture, equipment and machines, compose a list of realities that are embedded in the experience of the body during diagnosis, treatment, reconstruction, remission, recurrence, metastization and death. Giving name to this continuity, my thesis proposes the concepts of “modular-disease” and “nosobuilt-in objects”, intending, in the way it defines things, the same connections that exist in lived reality. To understand the actions, uses and meanings given to the objects that are and make portions of cancer(s), the working field of this investigation assembled the images and written explanations of one hundred and fifty artistic projects made by or with women living the experience of this disease. Displayed on the Internet, professional or amateur, creative exercises of commercial and artistic photography, painting, drawing, collage, casting, sculpture, embroidery and knitting make the visual and narrative ground that allows us to find the emic version of the mixture between material culture and disease. Perceiving the continuity that exists between objects and cancer, gathering knowledge given by the body, by art and social science, rests on a theoretic and methodological approach with which I tested the heuristic potential of what I call the “third half of things and of knowledge”.Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa2013info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articlehttp://hdl.handle.net/10316/43918http://hdl.handle.net/10316/43918por1646‑9704https://web.estesl.ipl.pt/ojs/index.php/ST/article/view/874Noronha, Susana deinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2020-05-25T08:02:18Zoai:estudogeral.uc.pt:10316/43918Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T20:51:10.725482Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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