Fatores relevantes a considerar para a implementação de uma rede de recolha municipal de resíduos têxteis

• Autor(a) principal: Soares, Beatriz Moreira
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10362/146374
• topic: Resíduos têxteis; Comportamentos de consumo e descarte de roupas usadas; Recolha seletiva; Concelho de Cascais; Recolha seletiva; Concelho de Cascais; Domínio/Área Científica::Engenharia e Tecnologia::Engenharia do Ambiente

Os têxteis são um setor imprescindível para a sociedade e uma indústria de elevada relevância para a economia global. Esta é uma das maiores indústrias a nível mundial, a qual integra mais de 300 milhões de trabalhadores em toda a cadeia de valor e tem grande significado para a indústria de manufatura da Europa. Devido à sua vasta aplicação, a produção e consumo de têxteis têm impactes ambientais, climáticos e sociais significativos, os quais são promovidos pelo modelo linear “extrair, fabricar, utilizar e deitar fora”, característico da indústria, representando o consumo de cerca de 98 milhões de toneladas de recursos por ano e a produção de 92 milhões de toneladas de resíduos em 2015 (Ellen MacArthur Foundation, 2017; FST-CSC, 2020). Atualmente, a indústria têxtil representa uma das principais indústrias poluentes, sendo que na União Europeia (UE) se posiciona em 2º lugar para o maior uso de solo, em 4º lugar no consumo de matérias-primas e água, e em 5º lugar no que respeita a emissões de Gases com Efeito de Estufa (GEE) (ETC/WMGE, 2019). Por forma a prevenir e combater a produção de resíduos têxteis, a UE definiu, através das diretivas 2018/851 e 2018/850, a obrigação de os Estados-Membros implementarem um sistema de recolha seletiva de resíduos têxteis até 1 de janeiro de 2025, estabelecendo metas para a preparação para reutilização e reciclagem de 55, 60 e 65% dos resíduos urbanos (RU) até, respetivamente, 2025, 2030 e 2035 e o limite de deposição em aterro de apenas 10% dos RU produzidos. Estas diretivas foram transpostas para a ordem jurídica interna através do DL 102-D/2020, de 10 de dezembro, atribuindo a responsabilidade da disponibilização de uma rede de recolha seletiva de resíduos têxteis às entidades responsáveis pelo sistema municipal ou multimunicipal de gestão de RU, até 1 de janeiro de 2025. Face a este desafio, considerou-se importante analisar os fatores relevantes a considerar para a implementação de uma rede de recolha municipal de resíduos têxteis. Para o efeito, começou-se por fazer uma extensa pesquisa bibliográfica sobre o setor têxtil, os seus impactes ambientais, sociais e económicos, os princípios da economia circular aplicados à indústria têxtil, as políticas e legislação aplicáveis e os sistemas de recolha existentes a nível internacional e nacional. Para a componente prática do trabalho, selecionou-se como caso de estudo o concelho de Cascais e, através de inquéritos, por questionário e entrevista, realizados a diferentes atores com relevância para este tipo de recolha, designadamente aos munícipes de Cascais, aos técnicos da entidade responsável pela recolha dos RU produzidos no concelho (Cascais Ambiente), às IPSS e lojas localizadas no município que têm contentores para a deposição de roupa usada ou que compram e vendem roupa usada, procurou-se conhecer a realidade neste concelho em matéria de número e localização de contentores e lojas, as opiniões, atitudes e comportamentos destes diferentes atores. Em relação aos munícipes, procurou-se, igualmente, avaliar se o perfil dos que já costumam depositar as suas roupas usadas nos contentores destinados ao efeito é ou não diferente dos que não têm este hábito, pois essas diferenças poderão ser relevantes para o tipo de comunicação e sensibilização a fazer. Desta forma, foi possível recolher informação relativa à situação atual do município em termos de iniciativas de recolha de têxteis e de equipamentos utilizados para esta recolha, neste caso, contentores próprios para a recolha de têxteis, cujas localizações foram georreferenciadas em mapa e, com base na revisão da literatura e nos resultados obtidos por inquérito realizado aos diferentes atores, foi possível identificar os aspetos mais relevantes e as medidas necessárias para uma implementação bem-sucedida de uma rede de recolha seletiva de resíduos têxteis no concelho de Cascais.