Laceraçao iatrogénica do tronco braquiocefálico e artéria carótida comum direita: uma intervenção clássica

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Sousa,Joel
Data de Publicação: 2018
Outros Autores: Oliveira-Pinto,José, Almeida-Lopes,José, Ferreira,Joana, Barreto,Paulo, Brandão,Daniel, Mansilha,Armando
Tipo de documento: Relatório
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-706X2018000200012
Resumo: Introdução: Lesões vasculares iatrogénicas são complicações potenciais de qualquer intervenção cirúrgica a nível cervical e com consequências dramáticas quando não controladas eficazmente. Apesar da importância das estruturas vasculares localizadas a este nível, a literatura sobre este tipo de lesões é escassa, facto que reforça a sua raridade. Numa época em que o tratamento endovascular se tornou o método de eleição em numerosas patologias, um bom domí­nio da técnica cirúrgica clássica continua a ser essencial para a resolução de quadros deste tipo. Métodos: Os autores apresentam um case report de uma laceração iatrogénica do tronco braquiocefálico e artéria caró­tida comum direita durante um procedimento de linfadenectomia cervical, tratados com sucesso por via cirúrgica clássica. Resultados: Sexo feminino, 49 anos de idade, com antecedentes tiroidectomia total e linfadenectomia cervical direita em 2011 por carcinoma papilar da tiróide, e em acompanhamento regular em consulta de Cirurgia Geral. Pelo aparecimen­to de nódulos cervicais de novo aos 5 anos de follow-up, foi submetida a angioTC que confirmou a presença de metastiza­ção ganglionar profunda bilateral, e proposta para re-intervenção. Durante a dissecção cervical direita para excisão de gânglios metastizados, constatou-se hemorragia arterial abundante com origem no eixo carotideo. Por falta de acesso para controlo vascular e identificação do tipo de lesão, procedeu-se a esternotomia do manúbrio esternal e acesso ao mediastino superior. Observou-se laceração do tronco braquiocefálico e origem da artéria subclávia direita, assim como do segmento proximal da carótida comum ipsilateral. Dissecção, isolamento e controlo vascular foram rapidamente assegurados. Pela natureza da lesão e atendendo à história de radioterapia e cirurgia prévia, determinou-se que não existiam condições para rafia arterial directa, pelo que houve necessidade de reconstrução dos eixos arteriais lesados. Procedeu-se assim a enxerto de interposição entre o tronco braquiocefálico e artéria subclávia direita com prótese de PTFE, com realização de nova inter­posição entre esta e a artéria carótida comum. Findo o procedimento, foi efetuada a excisão do tecido ganglionar metastizado. No pós-operatório imediato a doente apresentou-se clinicamente bem, com pulso radial direito palpável e sem quaisquer défices neurológicos a reportar. A reavaliação ultrassonográfica ao 1º mês confirmou total integridade dos enxertos, sem evidência de estenoses anastomóticas. Conclusão: As lesões vasculares iatrogénicas constituem importantes desafios cirúrgicos, atendendo à sua gravidade, imprevisibilidade e necessidade de intervenção imediata. Na era endovascular, o domínio apropriado de técnicas cirúrgicas clássicas mantem-se assim essencial à pratica diária de qualquer cirurgião vascular.
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